- O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito, no domingo (30), presidente da República pela terceira vez
- Com Lula eleito, o mercado assume algumas premissas a partir das experiências dos mandatos passados e das falas e propostas divulgadas durante a campanha deste ano
- Pensando nisso, a Toro Investimentos montou uma estratégia para investir em ações, renda fixa e FIIs nesse cenário
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito, no domingo (30), presidente da República pela terceira vez. O petista não era o nome favorito do mercado, que via o atual presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) com viés mais liberal e próximo dos interesses dos investidores. Agora, a estratégia de investimentos pode sofrer alguns ajustes para navegar pelo cenário político e macroeconômico dos próximos quatro anos.
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Foi pensando nisso que a Toro Investimentos preparou um relatório explicando, na visão da casa, a melhor estratégia de alocação para 2023 e o próximo ciclo político do Brasil.
Com Lula eleito, o mercado assume algumas premissas a partir das experiências dos mandatos passados e das falas e propostas divulgadas durante a campanha deste ano. Entre elas, o fortalecimento do papel do Estado como indutor de crescimento, a volta de programas sociais, e novos gastos públicos.
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Este último ponto faz a Toro acreditar que, nos próximos anos, a taxa de juros precisará seguir elevada. “Com o Teto de Gastos mais flexível, ou extinto, é possível esperarmos que o panorama fiscal passe por algum nível de deterioração”, diz o relatório produzido pelos analistas Lucas Carvalho, João Freitas, Paloma Brum e Lucas Serra. Um cenário que deve manter os títulos de renda fixa atrativos.
Na visão da Toro, títulos com prazo entre 1 e 3 anos pós-fixados, que devem se beneficiar de um patamar mais elevado de CDI, saem com vantagem em relação aos prefixados e atrelados à inflação, que podem passar por um aumento nos spreads ao longo dos próximos meses. Para prazos maiores, entre 2 e 5 anos, os títulos atrelados ao IPCA ganham destaque, dada a perspectiva de que políticas expansionistas podem voltar a pressionar a inflação.
Oportunidades na Bolsa
Quando o assunto é ações, a percepção geral é de que a Bolsa brasileira está barata. Mas é preciso avaliar bem as oportunidades. O histórico dos programas sociais e de transferência de renda do PT fazem os analistas da Toro olharem principalmente para três setores: varejo, construção civil e educação.
A manutenção do auxílio às famílias de baixa renda, bem como a alteração na faixa de isenção de Imposto de Renda, pode abrir uma vantagem para as ações de empresas de consumo não-discricionário, pouco sensíveis ao cenário externo. A maior disponibilidade de renda também pode impactar as empresas de varejo. As recomendações: papéis como a Pague Menos (PGMN3), o Grupo Mateus (GMAT3) e Assaí Atacadista (ASAI3), além de Magazine Luiza (MGLU3), Lojas Renner (LREN3) e Americanas (AMER3), e empresas de shoppings como a Aliansce Sonae (ALSO3).
Outro setor em que há expectativa de melhora é o da construção civil, especialmente as construtoras focadas em imóveis direcionados ao segmento de baixa renda. “Há também uma agenda forte por parte do novo governo eleito quanto aos programas de incentivo ao setor, com o objetivo de estimular as famílias de baixa renda a adquirirem um imóvel, seja através do atual programa CVA (Casa Verde e Amarela), que pode ganhar mais relevância, seja através de uma possível volta do programa MCMV (Minha Casa Minha Vida)”, diz o relatório.
Por causa disso, a Toro vê um cenário positivo para as incorporadoras de imóveis que atendam aos critérios dos programas governamentais, como a Cury (CURY3), MRV (MRVE3) e Direcional (DIRR3).
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Por último, quem também pode ganhar destaque em um 3º mandato Lula é o setor educacional, com o fortalecimento de programas como o FIES e o ProUni. “Neste caso, entendemos que Yduqs (YDUQ3) e Ser Educacional (SEER3) podem se beneficiar, visto que possuem suas receitas mais concentradas nos cursos presenciais. Por outro lado, não é de se descartar a hipótese de que esses tipos de programas do governo sejam ampliados também para o EaD, o que poderia ser bastante benéfico para a Cogna (COGN3)”.
FIIs no radar
A equipe de analistas da Toro também vê oportunidades entre os Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs).
Na visão da casa, por mais que os juros possam seguir pressionados, muitos fundos de tijolo ainda estão se recuperando da pandemia e negociando a preços descontados. Um cenário que, junto a políticas de distribuição de renda e de estímulo ao crédito, pode beneficiar o segmento de shopping centers. “Nesse contexto, o Malls Brasil Plural (MALL11) é uma alternativa interessante para compor a carteira dos investidores”.
Na mesma linha de uma visão positiva para o consumo, os FIIs de logística também podem estar bem posicionados, diz a Toro. “Com o varejo digital também ganhando força e as empresas brigando por fretes cada vez mais velozes, entendemos que o FII Bresco Logística (BRCO11) é uma excelente oportunidade, pois é focado em galpões logísticos de alto padrão e preferencialmente no ‘last-mile’ (entregas próximas aos grandes centros urbanos)”.
Por outro lado, a perspectiva de um CDI mais alto por um período de tempo maior, que não é necessariamente positivo para os FIIs de shoppings e logística, deve significar a continuidade do bom momento para FIIs de papel. As recomendações desse segmento são o Kinea Rendimentos (KNCR11), um fundo que investe quase a totalidade do seu patrimônio em CRIs atrelados ao CDI; e o VBI CRI (CVBI11), que investe em uma carteira pulverizada de CRIs, grande parte atrelados à inflação.