O que este conteúdo fez por você?
- Analistas estimam Selic entre 9,50% e 10,75% ao ano em 2025, o que torna os CDBs prefixados atrativos no momento
- Economistas estimam que investidor deve escolher CDBs prefixados com vencimentos curtos, de 1 ou 2 anos
- Especialistas recomendam que investidor deve diversificar o portfólio e não só aplicar nos CDBs que pagam acima da Selic
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) divulgou sua ata, nesta terça-feira (6), explicando os motivos de ter mantido a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 10,50% ao ano. A equipe do BC defendeu que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante. Com a manutenção da taxa de juros, o Certificado de Depósito Interbancário (CDI) permanece inalterado, mas o investidor ainda pode encontrar oportunidades em Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) que pagam acima da Selic.
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Ainda assim, vale lembrar que se o juro cair mais em algum corte futuro do Banco Central, o rendimento desses CDBs permanecerá inalterado, uma vez que a rentabilidade dos produtos é prefixada e não flutua com o sobe e desce na taxa de juros. Segundo levantamento de Hulisses Dias, especialista em finanças e investimentos, existem oito CDBs prefixados que pagam rendimentos anuais entre 12,41% e 14,60%. Os vencimentos vão de julho de 2025 a julho de 2031, ou seja, o intervalo é de 1 a 7 anos (veja os CDBs na tabela a seguir).
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Analistas do mercado financeiro reforçam que essa modalidade de investimento também implica em riscos diretos. Na visão de Hulisses Dias, especialista em finanças e investimentos, o investidor deve lembrar que o CDB possui o risco de crédito, pois o segmento é um título de dívida emitido por instituições financeiras, logo, este é um motivo para a taxa ser superior ao que praticado pelos títulos públicos emitidos pelo governo, por exempllo. No entanto, ele explica que quanto maior o spread (ganho em juros) em relação a Selic, maior é o risco de crédito do emissor, sugerindo maior chance de inadimplência.
Outro fator a ser considerado é o risco de liquidez. Os CDBs possuem prazos de vencimento definidos e, caso o investidor necessite resgatar o investimento antes do prazo, pode enfrentar dificuldades em encontrar compradores no mercado secundário ou ser penalizado com uma menor rentabilidade. "Além disso, a antecipação do resgate pode acarretar a perda dos rendimentos esperados, impactando negativamente o retorno do investimento", explica Dias.
Segundo Roger Amarante, CFO da Salis Capital, essa perda pelo resgate antecipado na renda fixa representa um nível de risco menor do que a renda variável, já que no caso de baixas no mercado a implicação é deixar de ganhar mais em vez de ter perdas reais, como acontecem em títulos de mais risco. "O investidor que opta por um título prefixado tem que ter clara a ideia de que pode sim ter uma perda em relação a Selic, mas não um prejuízo em seus investimentos", comenta Amarante.
Para León Santiago, head da mesa de renda fixa da Ville Capital, o risco envolvido de investir em um ativo prefixado está relacionado à alta da inflação, que faz com que o investidor tenha seu ganho real reduzido (rentabilidade acima da inflação). Caso a inflação dispare e chegue a superar o rendimento do CDB escolhido pelo investidor, ele pode ter ganho negativo, se a inflação ficar no mesmo patamar do CDB, o ganho real será igual a zero.
Para onde vai a Selic e como isso impacta os CDBs prefixados?
Os especialistas comentam que ao investir em um título prefixado, isso significa que você está apostando na queda da Selic e do controle da inflação. Hulisses Dias argumenta que o início nos cortes de juros nos Estados Unidos também devem abrir espaço para mais reduções na taxa de juros no Brasil, mas a inflação também precisa convergir para dentro da meta para que haja espaço para reduzir a Selic. Caso isso não aconteça, o mercado deve ter a taxa básica de juros nos padrões atuais de 10,50% ao ano.
Já Roger Amarante, da Salis Capital, estima que a Selic deve encerrar o ano em 10,50% e em 2025 a taxa deve ir para 9,50%. Portanto, a recomendação do analista é que aportar em um CDB prefixado que paga acima da atual Selic pode ser um bom negócio. "Olhando friamente para as previsões, seria um ótimo negócio, mas as previsões podem não ser confirmadas. Além disso, nos próximos 2 anos estaremos entrando em um cenário de eleições, onde choques nas taxas de risco, inflação e consequentemente retornos reais não são incomuns" diz Amarante.
Beto Saadia, diretor de investimentos da Nomos, destaca que o grande risco para esses títulos é se a Selic subir 1,5 ponto porcentual nos próximos 12 meses e chegar ao patamar de 12% ao ano. No entanto, ele argumenta que isso é pouco provável. Ele até estima que a alta do dólar pode fazer com que tenhamos uma aceleração da inflação, mas não ao ponto de fazer o juro disparar. O especialista aponta que a taxa Selic deve encerrar 2024 em 10,75% ao ano, com uma alta de 0,25 ponto porcentual até o fim deste ano. Já em 2025, a taxa deve se manter no mesmo patamar.
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A recomendação de Saadia é nos títulos prefixados, visto que a curva de juros futuros está com muito prêmio embutido no momento, precificando um aumento de até 1,5 ponto porcentual na Selic, o que para ele não deve se concretizar. Entretanto, mesmo o CDBs prefixados sendo uma boa oportunidade do investidor ter rendimentos acima da Selic de 10,50%, ele recomenda essa modalidade para o investidor mais arrojado.
"O CDB prefixado é um investimento que, mesmo levando até o vencimento, pode causar uma rentabilidade abaixo do CDI. Quem investiu em prefixado ano passado, amargou uma rentabilidade ruim. Quem investiu em 2020 quando a Selic registrava por volta de 5% ao ano ficou com uma rentabilidade ainda pior", explica Saadia.
O que o investidor deve fazer nesse momento em relação aos CDBs prefixados?
Para garantir rendimentos equilibrados com o CDB, os especialistas recomendam que o investidor diversifique os ativos. Hulisses Dias comenta que dentro da carteira de todos os perfis há espaço para estes títulos, o que deve mudar é o peso de cada um deles. "Quanto mais conservador, maior deve ser a preferência por títulos públicos e pós-fixados. Já quanto maior a disposição de assumir riscos, mais o investidor pode se permitir alocar nos CDBs prefixados", afirma.
Embora Saadia, da Nomos, afirme que o investidor deve comprar esses títulos pelo fato de enxergar que há um exagero na atual curva de juros futuros, ele comenta que o porcentual desses títulos de dívidas do setor bancário prefixada não deve passar de 10% da carteira do investidor. Segundo ele, parte da carteira do investidor também deve ter títulos pós-fixados e atrelados à inflação.
Já Roger Amarante, da Salis Capital, argumenta que o investidor pode procurar títulos com retornos significativamente acima da Selic, mas com períodos curtos de vencimento. Essa estratégia é uma boa escolha pelo fato de o investidor conseguir diminuir os imprevistos. Alguns CDBs citados no levantamento, por exemplo, possuem vencimentos para os próximos 12 meses, uma janela muito mais fácil de previsão. Já os CDBs com vencimento em 5 anos ou mais, podem encarar muita volatilidade no mercado, visto que é muito difícil prever para onde a Selic vai em 2030.