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Mineradora MMX (MMXM3), de EIke Batista, salta 800% na semana: ‘barco furado’, diz analista

Papel da MMX (MMXM3), que faz parte do grupo EBX, foi impulsionado após uma novidade anunciada pela companhia em fato relevante

Mineradora MMX (MMXM3), de EIke Batista, salta 800% na semana: ‘barco furado’, diz analista
Eike Batista, então presidente da MMX, durante a entrevista coletiva feita em 2008 para falar sobre a cisão da empresa e venda de uma fatia para a Anglo American, em seu escritório no Flamengo zona sul do Rio. Foto: Fabio Motta/Agência Estado/AE
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  • A mineradora MMX (MMXM3), fundada pelo ex-bilionário Eike Batista, foi uma das grandes surpresas da Bolsa nesta semana
  • Os papéis estão em alta de 848%, passando de R$ 1,76, no início da segunda-feira (5), para R$ 16,70, até às 13h01 desta sexta-feira (9)
  • Analistas afirmam que os investidores devem ter cautela com o papel, já que a mineradora está em recuperação judicial

A mineradora MMX (MMXM3), que faz parte do grupo EBX, criado por Eike Batista, foi uma das grandes surpresas da Bolsa nesta semana. Os papéis estão em alta de 848%, passando de R$ 1,76, no início da segunda-feira (5), para R$ 16,70, até às 13h01 desta sexta-feira (09).

A valorização expressiva teria sido motivada por um fato relevante publicado no final de setembro, em que a companhia avisa os acionistas que protocolou uma petição para recuperar os direitos de exploração sobre a Mina Emma. O comunicado animou os investidores, já que a mineradora está em recuperação judicial há quatro anos e está sem operação. E caso a mina seja recuperada, esse poderia ser um ‘impulso’ econômico para a MMX.

Os papéis da empresa, que fez sua abertura de capital na Bolsa em 2006, já foram negociados por mais de R$ 2.000 nos tempos áureos. A MMX era uma grande promessa, assim como as demais companhias do grupo EBX. Entretanto, problemas para cumprir contratos e escândalos envolvendo o principal controlador afetaram a confiança no conglomerado.

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Leia também: 35 ações negociadas por menos de R$ 3 na Bolsa

Eike Batista já foi condenado por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa por suposta propina de US$ 16,5 milhões paga ao ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral. O empresário também foi condenado por crimes cometidos contra o mercado de capitais entre 2010 e 2013. De acordo com as acusações, o executivo teria divulgado informações falsas relacionadas à petrolífera do grupo, a OGX, e utilizado informações privilegiadas (insider trading) na venda de ações da OSX, empresa de construção naval parte do conglomerado.

A MMX é citada em investigações sobre manipulação do preço dos ativos MMXM11. Para entender o cenário polêmico que envolve a empresa e a visão do mercado sobre o sobe e desce dos papéis, o E-Investidor consultou especialistas. Veja as recomendações:

Juan Espinhel, especialista em investimentos da Ivest Consultoria

  • Recomendação: neutra

“O problema é que a empresa ainda está em recuperação judicial. Essa alta não significa que ela melhorou da noite para o dia, até porque não tem como uma companhia se reestruturar em quatro pregões.

Essa valorização foi motivada pela possível recuperação da exploração da Mina Emma, que apesar de ser muito relevante para os resultados da empresa, não vai conseguir salvar sozinha uma companhia que está em recuperação judicial desde 2016 e que enfrenta problemas desde 2011 para cumprir seus contratos.

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Boa parte da escalada vem também da presença do Eike Batista na MMX. O diretor-presidente da mineradora saiu em agosto e dois membros do Conselho de Administração renunciaram por conta da atuação do empresário – que ao nosso ver é negativa, principalmente pelo envolvimento dele com uma série de escândalos envolvendo políticos.

Esse movimento é altamente especulativo e sem fundamento que corrobore o salto nos últimos dias. Para se ter uma ideia, o volume negociado passou de R$ 10 mil para R$ 18 milhões de reais. Então, enxergamos claramente um movimento de especulação. Para aquele investidor que busca uma boa empresa, saudável, temos dezenas de opções no cardápio.”

Eduardo Mira, analista CNPI-T da Me Poupe!

  • Recomendação: –

“Essas ações da MMX se valorizaram apenas por especulação, por notícia. A empresa continua em uma condição muito ruim, em recuperação judicial. Se realmente a recuperação dessa mina acontecer, ‘talvez’ isso possa ajudar. Então é pura especulação. Minha recomendação é: fique longe, não opere notícia, opere empresas saudáveis, com bons fundamentos.

Os bancos, por exemplo, têm subido porque o mercado está vendo que os retornos nos próximos trimestres serão melhores do que se esperava, e os lucros também devem aumentar. É muito melhor para o investidor, principalmente o iniciante, comprar ativos de empresas sólidas e ficar longe dessa especulação. Até porque do mesmo jeito que subiu muito, ela pode cair, porque a recuperação da Mina Emma pode não se confirmar.

O Eike Batista, inclusive, já foi processado pela CVM por manipulação, porque se aproveitou desses movimentos para comprar e vender. Então, eu não entraria nesse barco, porque para mim é um barco furado.

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Esse é um tipo de movimento que o investidor não consegue aproveitar, porque é especulação pura. Aliás, para fazer especulação existem técnicas e análises gráficas que não se baseiam puramente em notícias.”

João Beck, sócio da BRA, escritório credenciado da XP

  • Recomendação: –

“As altas sequenciais da MMX trouxeram à tona a curiosidade e a desconfiança do mercado. De início, a empresa de mineração é impulsionada pela notícia, dada por Eike Batista, de que teria novos investidores e, na semana passada, a MMX anunciou que pretende retomar a Mina Emma, localizada em Corumbá, um ativo que foi oferecido aos credores na recuperação judicial. Assim, segundo Eike, a companhia conseguiria evitar a falência.

No dia 30 de setembro, a empresa divulgou um fato relevante no qual apresentou ação judicial requerendo a devolução de duas minas de minério de ferro (entre elas a Corumbá), dizendo que a mina tem ‘grande relevância econômica’.

O mercado começa a especular o que significa ‘grande relevância econômica’. E especula também que tipo de desconto pode ser dado nas negociações em relação à divida atual da empresa que ultrapassa R$ 1 bilhão de reais.

O que o investidor tem de informação é uma ação judicial solicitando a devolução das minas dos credores por ‘relevância econômica’. Não é uma análise técnica sobre a real capacidade de geração de caixa do ativo.

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O objetivo de todo investidor é comprar no mercado aquilo que ele acredita que, em sua opinião, tem mais valor que o preço praticado. Não há como avaliar nesse caso qual é o real valor dos ativos que compõem a empresa.”

Mario Goulart, analista CNPI da Polyface Invest

  • Recomendação: –

“Não tem nem operação na empresa. Os resultados do segundo trimestre de 2020 mostram que a companhia só tem despesas administrativas e provisões de pagamentos de despesas financeiras. Então é uma empresa que não tem operação, receita, nada que justifique a alta. Realmente tudo o que aconteceu foi em cima da expectativa de que caso a MMX recupere o direito sobre a Mina Emma, mesmo que não posso vir a operar, a empresa faça a venda para outra mineradora, algo nessa linha. É um movimento, de fato, bem especulativo.”

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