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A nova recomendação para IRB Brasil (IRBR3) após tombo de quase 27%

Analistas refazem projeção para o papel, duramente penalizado após um relatório do UBS

A nova recomendação para IRB Brasil (IRBR3) após tombo de quase 27%
(Foto: Aline Bronzati/Estadão Conteúdo)
O que este conteúdo fez por você?
  • Nas últimas duas semanas, diversos eventos positivos resultaram em uma alta superior a 50% nas ações. Mas, depois de um relatório do UBS BB, os papéis perderam 17% em um único pregão
  • Analistas mantêm a recomendação neutra para o papel. Eles reconhecem que a companhia teve avanços inclusive em relação à transparência, mas dizem que é melhor aguardar os próximos resultados
  • Ainda que o efeito do relatório do banco suíço seja de curto prazo, a volatilidade do papel deve continuar intensa, o que atrapalha a compra tanto pela pessoa física como por grandes fundos

Quem possui ações da resseguradora IRB BRasil (IRBR3) já deve saber que é preciso ter estômago para tolerar emoções fortes. Nos últimos dois dias – terça (6) e quarta-feira (7) -, o papel IRBR3 voltou a reviver momentos de intensa volatilidade e se desvalorizou 26,8%. De R$ 8,80, a ação passou a valer R$ 6,44.

Só na terça, a cotação despencou 17% depois que o UBS BB retomou a cobertura da ação com recomendação de venda e preço-alvo de R$ 4,60. A perspectiva do banco suíço de que a recuperação da rentabilidade do ressegurador será apenas gradual também aumentou o estresse no mercado de aluguel.

Como resultado, o papel teve volume financeiro de R$ 1,83 bilhão, mais de quatro vezes a média registrada nos últimos 30 dias.

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A B3 cobrou uma explicação da empresa pelo volume registrado e o IRB soltou uma nota dizendo que o negócio remanescente após a revisão de seu portfólio “demonstra estar no caminho do break even (equilíbrio)” e que não devem ser feitos novos ajustes em suas demonstrações contábeis.

Na mesma resposta, a resseguradora afirma que o único fato de seu conhecimento que pode ter influenciado o giro da ação foi a divulgação do relatório do UBS BB. Ela acrescenta que seu plano de regularização de liquidez vem sendo cumprido e sua solvência passou de 101% para 244%, após o aumento de capital que levou a seu caixa R$ 2,3 bilhões.

Há duas semanas, o E-Investidor ouviu várias corretoras sobre IRBR3 e a maioria delas tinha classificação neutra para o papel.  A opinião geral foi de que o pior já havia ficado para trás, mas o cenário ainda conturbado impedia uma indicação mais positiva. Hoje, voltamos a conversar com analistas para saber como avaliam a ação após o relatório do UBS.

Recentes eventos positivos não foram suficientes para dissipar cautela

Nas últimas duas semanas, diversos eventos relacionados ao IRB tiveram efeitos positivos na perspectiva econômica da empresa, como mudanças na governança e melhora do índice de sinistralidade. Além disso, a nota ‘brAAA’ conferida pela agência Standard & Poor é um sinal de que, do ponto de vista de liquidez e financeiro, a companhia está conseguindo realizar as reestruturações necessárias.

“Ainda que esses fatores tenham trazido melhora para o papel, a estrutura financeira da companhia ainda está frágil e a perda de imagem dos últimos meses continua impactando a empresa”, diz o analista Igor Cavaca, da Warren. “IRB vai levar algum tempo para recuperar a lucratividade, e a alta volatilidade do papel torna ainda mais difícil para as grandes instituições alocarem recursos.”

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Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos, lembra que a divulgação de dados contábeis de julho também favoreceu a valorização do papel. “De 23 de setembro a 5 de outubro as ações subiram mais de 50%, com investidores se aproveitando da forte inversão dos vendedores recomprando IRBR3, um movimento que o mercado chama de short squeeze, diz.

Por enquanto, tanto a Warren como a Terra preferem manter a recomendação neutra – pelo menos até que os resultados do terceiro trimestre permitam um exame mais sólido. “O IRB passou por fortes ajustes contábeis em suas demonstrações. Vamos aguardar os próximos balanços para enxergar melhor as soluções no portfólio de contratos da empresa e seus informes financeiros”, diz Chinchila.

Impacto do relatório tende a ser de curto prazo

Henrique Esteter, da Guide Investimentos, diz que o mercado ficou com o pé atrás pela maneira pouco transparente como a companhia passou a divulgar seus resultados e práticas contábeis. “A empresa era tida como bastante lucrativa, mas quando as contas foram refeitas isso se alterou, viu-se que ela estava queimando caixa havia um bom tempo e sua situação operacional não era nada simples”, lembra. “Isso colocou o case da empresa em xeque.”

O analista reconhece, porém, essas foram falhas da gestão anterior, e diz não ter razões para acreditar que a atual não seja transparente. Mesmo assim, a Guide também manteve a recomendação neutra para o papel – mas com preço-alvo de R$ 7,50.

“Agora o papel está cotado a R$ 6,66, então vemos potencial para uma alta de cerca de 13%. É uma valorização interessante, dado que a Selic está em 2%, mas, dados todos os riscos que envolvem a empresa, não recomendamos a compra”, afirma.

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Sobre o preço-alvo de R$ 4,60 dado pelo UBS, que significaria uma queda de 31% do patamar atual, Esteter diz que esse fator deve fazer barulho apenas no curto prazo. “Há um impacto no dia seguinte da recomendação, mas depois as próximas notícias não necessariamente vão convergir com as expectativas do banco”, pondera.

Recuperação virá no médio prazo

Marcel Zambello, da Necton Investimentos, acredita que o papel ainda vai enfrentar muita volatilidade por conta dos aspectos negativos envolvendo a empresa. “Para o investidor pessoa física, é complicado estar comprado na ação por causa da alta volatilidade. Só faz sentido entrar quando começa a haver uma melhora na rentabilidade, o que não vemos em IRB”, diz.

Ele considera, contudo, que a revisão do rating pelo UBS foi brusca e exagerada e diz que o mercado só está se aproveitando disso para especular com o papel, “que está obviamente muito amassado”.

Apesar disso, o analista, que também tem recomendação neutra para IRBR3, enxerga que há um caminho natural de recuperação da empresa, em um horizonte de até três anos, sem espaço para outras quedas tão bruscas.

“Estamos falando de um líder de mercado no ramo de resseguros, que tem tudo para ter uma retomada. Só vamos recomendar quando vier um balanço melhor, com números mais concretos. Vamos aguardar os próximos resultados que não devem ser tão desastrosos”, diz.

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