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Negociação de minidólar na B3 cresce 18,8% em um ano

O total de minicontratos negociados em 2021 superou o volume de todo o ano anterior em 18,8%

Negociação de minidólar na B3 cresce 18,8% em um ano
(Foto: Pixabay)
  • Como funcionam os contratos de dólar futuro

O volume de minicontratos de dólar, negociados na Bolsa de Valores brasileira, a B3, vem crescendo consideravelmente ao longo dos últimos anos. Se de janeiro a dezembro de 2020, foram negociados 697.316.518 minicontratos, em 2021 foram transacionados 828.688.660, uma alta de 18,8%.

Esse crescimento nas operações com minicontratos vem acontecendo conforme o número de investidores na Bolsa também cresce. Na comparação entre 2020 e 2019, esse aumento foi de 104,9%. Vale destacar que a B3 viveu um pico de novos investidores em 2020, com a queda brusca dos juros e com o maior apetite a risco na renda variável, mesmo entre as pessoas físicas.

O minidólar está dentro do mercado futuro. Nessa modalidade, os investidores assumem o compromisso de comprar ou vender um derivativo, mediante uma cotação previamente combinada. Neste caso, o derivativo seria uma fração de um contrato cheio de dólar. Veja aqui como funcionam essas operações com dólar no mercado futuro.

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Embora não seja indicado para qualquer perfil de investidor, devido ao risco elevado de ganho e perda, especialistas ouvidos pelo E-Investidor veem uma continuidade do interesse por esses ativod financeiros, e acreditam que o volume de negociação deverá crescer em 2022, mesmo com a expectativa de muita volatilidade no mercado, devido às incertezas esperados em um ano eleitoral.

O raciocínio faz sentido se considerar que, em anos turbulentos, o crescimento dessas operações foi bastante expressivo. Em 2016, quando houve o impeachment da presidente Dilma Rousseff, o número de minicontratos cresceu 141,9% ante o ano anterior. Em 2018, ano da eleição vencida pelo presidente Jair Bolsonaro, a alta foi de 82,1%, em relação a 2017. E o mesmo se viu em 2020, que registrou quase 105% de alta ante 2019, ano em que o mercado sofreu um baque com a chegada da pandemia.

Veja como a evolução da negociação de minicontratos de dólar, na B3, conforme levantamento da TradeMap.

Ano Volume Variação
2015 38.264.794
2016 92.565.750 141,90%
2017 146.433.745 58,20%
2018 266.656.118 82,10%
2019 340.261.516 27,60%
2020 697.316.518 104,90%
2021 828.688.660 18,80%
Fonte: TradMap

Para Jader Lazarini, analista da plataforma Trade Map, os volumes continuarão crescendo em 2022, independentemente da volatilidade esperada neste período. “Até porque essa operação não é só para mera especulação. Alguns investidores profissionais usam esse derivativo como hedge, para proteger as suas operações”, diz Lazarini.

Por conta das eleições, o analista explica que as oscilações já comuns neste nicho de mercado deverão ser constantes até o final do ano. “Nesses períodos, a Bolsa tende a responder a pesquisas de intenção de voto. A expectativa de avanço ou recessão da economia, como algumas casas de análise e bancos têm falado, impacta também. A taxa de juros impacta a percepção da cotação do câmbio no Brasil. E tudo isso mexe no minidólar”, afirma Lazarini.

Apesar da alta procura, Igor Rongel, head de investimentos do C6 Bank, explica que esse tipo de ativo é mais indicado a investidores que já conhecem esse mercado ou que tenham um perfil mais agressivo do ponto de vista de risco.

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Para o investidor mais inexperiente, a recomendação dele é de mais cautela, sobretudo com as promessas de lucro fácil. “Vemos muito investidor iniciante, atraído pela promessa de que o minicontrato é uma maneira de conseguir dinheiro fácil. Mas não endossamos esse movimento do mercado em redes sociais, de vender isso como ganho rápido. Tem gente que posta vídeo, comprando o jantar e dizendo que vai pagar em três minutos (operando minidólar). Mas só mostra quando está ganhando e não quando está perdendo”, frisa Rongel.

O especialista destaca ainda que é importante ter em mente que o risco dessa operação vale tanto para o ganho como para a perda. A partir de R$ 20, o investidor consegue entrar neste negócio, inclusive de forma alavancada, que é como se tivessem operando valores muito superiores. Por conta disso, a B3 deve aumentar esse valor mínimo para operar, de R$ 20 para R$ 150.

“O minidólar pode ser operado com um objetivo especulativo. Não tem nada errado nisso, mas preocupação da Bolsa é se o cliente de fato está preparado para esse tipo de ativo”, afirma.

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