O que este conteúdo fez por você?
- Como funcionam os contratos de dólar futuro
O volume de minicontratos de dólar, negociados na Bolsa de Valores brasileira, a B3, vem crescendo consideravelmente ao longo dos últimos anos. Se de janeiro a dezembro de 2020, foram negociados 697.316.518 minicontratos, em 2021 foram transacionados 828.688.660, uma alta de 18,8%.
Leia também
Esse crescimento nas operações com minicontratos vem acontecendo conforme o número de investidores na Bolsa também cresce. Na comparação entre 2020 e 2019, esse aumento foi de 104,9%. Vale destacar que a B3 viveu um pico de novos investidores em 2020, com a queda brusca dos juros e com o maior apetite a risco na renda variável, mesmo entre as pessoas físicas.
O minidólar está dentro do mercado futuro. Nessa modalidade, os investidores assumem o compromisso de comprar ou vender um derivativo, mediante uma cotação previamente combinada. Neste caso, o derivativo seria uma fração de um contrato cheio de dólar. Veja aqui como funcionam essas operações com dólar no mercado futuro.
Publicidade
Embora não seja indicado para qualquer perfil de investidor, devido ao risco elevado de ganho e perda, especialistas ouvidos pelo E-Investidor veem uma continuidade do interesse por esses ativod financeiros, e acreditam que o volume de negociação deverá crescer em 2022, mesmo com a expectativa de muita volatilidade no mercado, devido às incertezas esperados em um ano eleitoral.
O raciocínio faz sentido se considerar que, em anos turbulentos, o crescimento dessas operações foi bastante expressivo. Em 2016, quando houve o impeachment da presidente Dilma Rousseff, o número de minicontratos cresceu 141,9% ante o ano anterior. Em 2018, ano da eleição vencida pelo presidente Jair Bolsonaro, a alta foi de 82,1%, em relação a 2017. E o mesmo se viu em 2020, que registrou quase 105% de alta ante 2019, ano em que o mercado sofreu um baque com a chegada da pandemia.
Veja como a evolução da negociação de minicontratos de dólar, na B3, conforme levantamento da TradeMap.
Ano | Volume | Variação |
2015 | 38.264.794 | – |
2016 | 92.565.750 | 141,90% |
2017 | 146.433.745 | 58,20% |
2018 | 266.656.118 | 82,10% |
2019 | 340.261.516 | 27,60% |
2020 | 697.316.518 | 104,90% |
2021 | 828.688.660 | 18,80% |
Fonte: TradMap |
Para Jader Lazarini, analista da plataforma Trade Map, os volumes continuarão crescendo em 2022, independentemente da volatilidade esperada neste período. “Até porque essa operação não é só para mera especulação. Alguns investidores profissionais usam esse derivativo como hedge, para proteger as suas operações”, diz Lazarini.
Por conta das eleições, o analista explica que as oscilações já comuns neste nicho de mercado deverão ser constantes até o final do ano. “Nesses períodos, a Bolsa tende a responder a pesquisas de intenção de voto. A expectativa de avanço ou recessão da economia, como algumas casas de análise e bancos têm falado, impacta também. A taxa de juros impacta a percepção da cotação do câmbio no Brasil. E tudo isso mexe no minidólar”, afirma Lazarini.
Publicidade
Apesar da alta procura, Igor Rongel, head de investimentos do C6 Bank, explica que esse tipo de ativo é mais indicado a investidores que já conhecem esse mercado ou que tenham um perfil mais agressivo do ponto de vista de risco.
Para o investidor mais inexperiente, a recomendação dele é de mais cautela, sobretudo com as promessas de lucro fácil. “Vemos muito investidor iniciante, atraído pela promessa de que o minicontrato é uma maneira de conseguir dinheiro fácil. Mas não endossamos esse movimento do mercado em redes sociais, de vender isso como ganho rápido. Tem gente que posta vídeo, comprando o jantar e dizendo que vai pagar em três minutos (operando minidólar). Mas só mostra quando está ganhando e não quando está perdendo”, frisa Rongel.
O especialista destaca ainda que é importante ter em mente que o risco dessa operação vale tanto para o ganho como para a perda. A partir de R$ 20, o investidor consegue entrar neste negócio, inclusive de forma alavancada, que é como se tivessem operando valores muito superiores. Por conta disso, a B3 deve aumentar esse valor mínimo para operar, de R$ 20 para R$ 150.
“O minidólar pode ser operado com um objetivo especulativo. Não tem nada errado nisso, mas preocupação da Bolsa é se o cliente de fato está preparado para esse tipo de ativo”, afirma.
Publicidade