- Os índices servem como uma referência, reunindo diferentes ativos que possuem algum aspecto comum. São carteiras teóricas que podem incluir instrumentos financeiros de diversos tipos, como títulos de renda fixa ou ações de empresas
- Eles podem englobar diversas empresas de um mesmo setor, companhias que compartilham reconhecimento em um aspecto (como ESG), por exemplo
- Conceitualmente, é impossível investir em um índice, já que se trata apenas de um indicador do desempenho de um grupo de ativos. Mas existem possibilidades de investimentos que se baseiam em índices
A B3 lançou em agosto o primeiro índice da América Latina a seguir critérios de gênero e raça, o Idiversa. A carteira teórica é composta por 79 ativos de 75 empresas. A partir de informações sobre o número de funcionários por gênero e raça fornecidas pelas companhias de capital aberto no Formulário de Referência da Comissão de Valores Monetários, a Bolsa brasileira estabelece uma nota, levando em consideração o setor de atividade e traçando uma comparação com dados demográficos do IBGE.
O Idiversa é apenas um exemplo entre outros 10 índices de sustentabilidade na B3, sendo o principal é o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) e outras dezenas de índices de temáticos, de segmentos ou setores. Está aí a característica que define os índices: eles servem como uma referência, reunindo diferentes ativos que possuem algum aspecto comum. São carteiras teóricas que podem incluir instrumentos financeiros de diversos tipos, como títulos de renda fixa ou ações de empresas.
“Os índices são uma forma que o investidor tem de monitorar e entender como o mercado de um determinado ativo específico está se comportando. Se aquele mercado está negociando muito ou pouco. Se aquele conjunto de ativos, no geral, está subindo ou está caindo”, explica Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research.
Como são escolhidos os ativos de um índice
Vamos considerar o Índice Bovespa (Ibovespa), mais popular índice do Brasil e referência do mercado brasileiro. “Ele serve para acompanhar o desempenho das principais empresas listadas na Bolsa, considerando tanto a variação dos preços das ações quanto o volume de negociações”, aponta André Luiz Rocha, operador de renda variável da Manchester Investimentos.
O Ibovespa serve como um ‘benchmark’ no mercado. Esse é o termo utilizado por agentes financeiros para se referir a uma comparação de desempenho. Muitas vezes as rentabilidades de outros ativos de renda variável ou renda fixa são defrontados com o Iboevspa para avaliar como estão desempenhando diante do mercado.
Publicidade
Outros índices podem acompanhar papéis setoriais, como o Índice Imobiliário (IMOB), que reúne as ações mais negociadas de empresas do setor imobiliário. Há, ainda, índices temáticos, que agregam empresas de diversos setores mais que compartilham reconhecimento em algum indicador. O ISE, por exemplo, inclui empresas com comprometimento com ESG (sustentabilidade ambiental, social e governança, na sigla em inglês).
A lista segue para índices de dividendos, renda fixa, small caps (empresas menos negociadas na Bolsa), e por aí vai. A ideia é conseguir fornecer ao mercado indicadores de desempenho que podem orientar investimentos ou dar noções sobre as tendências dos grupos de ativos a que eles são orientados.
“A composição dos índices depende e pode variar para cada um. Geralmente a seleção dos ativos que compõem um índice é feita com base em critérios como capitalização no mercado, ano de negociação, liquidez, setor de negociação e outros critérios”, explica Lucas Martins, sócio e especialista da Blue3 Investimentos.
Cada ativo dentro de um índice possui um peso. Como explica Martins, esse peso é definido pela sua importância relativa no índice, como o valor de mercado do ativo em relação ao total. Esse critério pode ter exceções, mas em geral costuma-se utilizar uma base quantitativa para definir o peso. No Ibovespa, por exemplo, Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3;PETR4) são algumas das companhias com mais peso — não por conta do seu potencial de valorização, mas pelo seu valor de capital.
Dá para investir em índices?
Conceitualmente, é impossível investir em um índice, já que se trata apenas de um indicador do desempenho de um grupo de ativos. Isso não quer dizer, no entanto, que não existam possibilidades de investimento atreladas a índices. Os chamados ETFs (Exchange Traded Fund, em inglês), fundos de índice são a forma mais comum de investimento com base em índices de ações na B3.
“O que existem são fundos que replicam esses índices. Geralmente, esses fundos estão listados em Bolsa. Cada corretora ou cada gestora pode pode fazer o seu . Por exemplo, para o Ibovespa a gente tem vários, um dos mais negociados é o de ticker BOVA11”, aponta Quaresma, analista da Empiricus Research.
Especialistas apontam que os investimentos em índices são uma boa opção para investidores porque garantem a diversificação de ativos. Além do mais, sua taxa de administração costuma ser baixa, próxima a 1%, o que não descola tanto a rentabilidade do investimento do desempenho do próprio índice em que ele é baseado.
Por outro lado, o investidor receberá sempre o retorno médio do mercado. “Se algumas ações individuais dentro do índice tiverem desempenho excepcional, isso não se refletirá diretamente em sua carteira”, explica Rocha, da Manchester Investimentos.
Publicidade