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- Com a elevação de 0,25%, a taxa de juros dos Estados Unidos passa a ficar entre os intervalos de 4,75% a 5% ao ano
- Para as próximas reuniões, os membros do FED demonstraram que novas elevações devem ocorrer até o fim deste ano
- Com esta perspectiva, os investidores devem aproveitar os ativos de renda fixa e ser mais seletivo na composição das ações
O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), elevou ontem em 25 pontos-base (pb) a taxa de juros do país, que passa a ficar entre os intervalos de 4,75% a 5% ao ano a partir desta quinta-feira (23). A decisão veio em linha com as estimativas de mercado, que havia reduzido as apostas de alta em torno de 0,5% para 0,25% dos Fed Funds (taxa de juros dos EUA) logo após a falência do Silicon Valley Bank (SVB) e do Signature Bank.
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A mudança nas projeções sobre a política monetária norte-americana ocorreu em virtude do impacto de que uma alta de juros pudesse causar para a economia após o episódio da crise bancária no início do mês. Caso houvesse uma elevação mais forte da taxa, como previa o mercado antes desse evento no setor financeiro, o risco da maior economia do mundo entrar em uma recessão seria maior, conforma a avaliação do mercado.
No entanto, o ciclo de aperto monetário dos Estados Unidos ainda não possui um fim definido. A perspectiva para as próximas reuniões é de que novos reajustes ainda sejam realizados para trazer a inflação para meta dos 2%. Atualmente, esse indicador segue em torno de 6%. “A grande maioria das apostas (dos membros do comitê do Fed) entende que os juros devem finalizar o ano atual em 5,25%”, informou Matheus Pizzani, economista da CM Capital.
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Desta forma, a postura do banco central dos EUA não mudou e segue como prioridade combater a alta dos preços no país. Por esse motivo, Renan Suehasu, planejador financeiro e sócio da A7 Capital, aconselha aos investidores expor parte do seu portfólio em títulos de renda fixa para aproveitar o atual momento de estresse de mercado.
“É possível utilizar os títulos mais tradicionais do governo americano como o T-Bills (que são mais curtos, com vencimentos de até 12 meses), T-Notes (com vencimentos entre 2 a 10 anos) e T-Bonds (com vencimentos entre 20 e 30 anos)”, sugere. Os “bonds” de empresas privadas dos Estados Unidos também funcionam como alternativas de investimento no atual cenário. “Para esse caso, é importante olhar para o risco de crédito da empresa emissora do título”, acrescenta.
Renda variável nos EUA
Ao olhar para os ativos de renda variável, os investidores precisam ser mais seletivos na escolha das companhias que irão compor o seu portfólio. Segundo Enzo Pacheco, analista da Empiricus Research, a realidade do mercado norte-americano ainda não está condizente com os fundamentos de investimentos. Para ele, os múltiplos ainda seguem em patamares elevados diante dos riscos no cenário macroeconômico.
No entanto, é possível encontrar oportunidades em meio a essa turbulência na Bolsa de Valores. “O segredo é buscar empresas mais sólidas e que consigam enfrentar esses momentos difíceis sem grandes mudanças nos seus planos de negócio”, afirma Pacheco. As ações do McDonalds (MCD) fazem parte deste grupo. “A empresa consegue repassar parte da inflação com reajuste do aluguel e maior parte da receita vem dos franqueados”, acrescenta.
Outra companhia com o perfil é a AutoZone (AZO). Embora os papéis tenham sofrido uma queda de 1,82% no pregão desta quarta-feira (22), Pacheco acredita que a empresa de autopeças pode oferecer um retorno interessante ao investidor. “Se a economia estiver ruim, as pessoas não vão comprar carro, mas vão gastar com manutenção”, explica.
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William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, também sugere aportes voltados para setores mais resilientes às variáveis do mercado ou que usufruem de cenários de retração econômica. As empresas do setor de utilities (serviços básicos como água, saneamento básico e de energia), de telefonia e provedoras de itens fundamentais, como medicamentos e alimentos, são as que devem ser priorizadas no portfólio.
“As empresas de tecnologia continuam sofrendo e, em um cenário de juros para cima, o setor gera preocupações para o mercado”, diz Alves. O receio se deve à necessidade de investimento que a maioria das companhias possui para ter crescimento e oferecer retorno ao investidor. No entanto, com os juros em patamares elevados, o acesso ao crédito fica mais restrito, o que prejudica na rentabilidade das empresas.
Com a colaboração de Luiz Araújo