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- Para o Ministério da Economia, PIB deve cair 4,7% no ano e inflação deve ficar em 1,6%
- Cenário macroeconômico culmina em taxas de juros em patamares mais baixos por um longo período, dizem especialistas
- O juros baixo compromete os investimentos mais conservadores, mas isso não significa o fim para a renda fixa
O Ministério da Economia manteve a projeção de queda de 4,7% para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2020 e reduziu as estimativas para a inflação, de 1,77% para 1,60%. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (15) pela Secretaria de Política Econômica em Boletim Macrofiscal.
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As perspectivas do Governo ainda são mais otimistas do que a média do mercado. Pelo Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central no início desta semana, a projeção é de queda mais acentuada para o PIB, de 6,1%, e inflação em torno de 1,72% no fechamento do ano.
Para os especialistas, a junção do fraco crescimento econômico e inflação abaixo do centro da meta, estabelecida pelo BACEN em 4%, mostra que as taxas de juros devem continuar nas mínimas por um longo período. “O PIB negativo e falta de pressão inflacionária justifica a Selic em um patamar menor”, diz José Cataldo, head de research da Ágora Investimentos.
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Isso acontece porque a taxa de juros é uma das ferramentas do Banco Central para reativar a economia. Ou seja, quando o crescimento está fraco, como agora, e com perspectiva de PIB negativo, a instituição faz cortes nos juros para estimular o consumo.
Atualmente, a taxa de juros já está na mínima histórica, em 2,25%. De acordo com Cataldo, nessa conjuntura a renda fixa é bastante afetada, já que a rentabilidade de investimentos mais conservadores seguem de perto a Selic. “Os investidores que buscam rendimentos diferenciados, acabam indo para a renda variável”, afirma.
Essa também é a opinião de Étore Sanchez, economista-chefe de Ativa Investimentos.”Do ponto de vista macroeconômico, essa conjuntura culmina nos juros mais baixos para gerar tração na economia”, diz. “Quem busca rendimento maior vai sair de renda fixa e buscar ativos mais arriscados.”
Esse fenômeno de migração para a Bolsa já foi observado no primeiro semestre do ano. O número de investidores pessoas físicas da B3 cresceu 75% no período, passando de 1,8 milhão em janeiro para 2,6 milhões no final de junho.
A renda fixa está morrendo?
Apesar de a rentabilidade de algumas aplicações sofrerem com a Selic em patamares mais baixos, os economistas ressaltam que ainda existem oportunidades na renda fixa. “É importante ter uma parcela dos investimentos na renda fixa para diversificar. Não é aconselhável colocar todos os recursos em Bolsa”, diz Cataldo.
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Em relatório, a Ágora Investimentos divulgou a carteira recomendada para o Tesouro Direto em julho e pelo menos 90% dos títulos são indexados ao IPCA para 2026, o prazo mais curto disponível para a compra até então. “O investidor consegue se proteger de inflação no médio prazo e ainda obtém um juro real próximo de 2,3%”, indica o documento.
Já Sanchez ressalta que títulos indexados à inflação podem ser um bom negócio, mas é necessário pensar em prazos mais longos. “Acreditamos em uma recuperação econômica gradual”, diz. “E a inflação deve avançar, elevando a rentabilidade desses papéis, à medida que a recuperação econômica acontece.”
Os papéis prefixados e pós-fixados com prazos mais longos também podem trazer boas rentabilidades, segundo o economista-chefe de Ativa. “Os títulos públicos para mais de 10 anos entregam remuneração na casa dos 8% ao ano”, declara.
Na visão de Pedro Paulo, economista-chefe de Nova Futura Investimentos, há outras aplicações que podem oferecer boas rentabilidades na renda fixa, como os ativos de crédito e debêntures. Ainda assim, fica o alerta para o risco mais elevado. “Para quem deseja ingressar no mercado de crédito é indicado buscar gestores profissionais e aplicar em fundos de renda fixa”, diz.
Rendimento real de renda fixa
Segundo Sanchez, o Brasil sai na frente quando o assunto é investimento conservador e que é preciso saber calcular o rendimento real de renda fixa. “Quando a Selic de curto prazo era 14% e a inflação era 12%, o investidor tinha uma remuneração real na casa dos 2%”, explica. “Com as taxas de juros em 2,25% e a Selic para cerca de 1%, minha remuneração real não cai tanto assim.”
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Em países como Estados Unidos, Japão e Suíça, por exemplo, as taxas de juros estão zeradas, o que faz o retorno real da renda fixa ser negativo. “Ainda temos um ambiente muito mais favorável aqui”, diz.
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