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- De acordo com um levantamento feito pela Empiricus, os investidores brasileiros mantém R$ 450 bilhões em 150 aplicações conservadoras e caras, as piores do mercado
- Os responsáveis pelos 150 fundos de baixa qualidade mapeados pela Empiricus são a BrasilPrev (do Banco do Brasil), Bradesco, Caixa, Itaú e Santander
Você aplicaria o dinheiro da sua aposentadoria em um investimento ‘ruim’, que custa mais caro que os pares e tem retornos abaixo da média? Apesar de a maioria responder ‘não’ a essa pergunta, muitos investidores ainda acabam colocando capital em aplicações insatisfatórias.
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É o caso de alguns dos maiores fundos de previdência da indústria nacional. De acordo com um levantamento feito pela Empiricus, os investidores brasileiros mantêm R$ 450 bilhões em 150 aplicações conservadoras e caras, as piores do mercado. Ou seja, apesar de terem uma gestão passiva, esses produtos cobram taxas de administração altíssimas.
O resultado não poderia ser outro: as taxas muito elevadas engolem os rendimentos, que ficam abaixo do CDI, indicador de referência para fundos de renda fixa. Em resumo, mesmo para aquele investidor ultra conservador não há vantagens, já que existem opções de fundos igualmente conservadores, mas baratos.
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Os responsáveis pelos 150 fundos de baixa qualidade mapeados pela Empiricus são a BrasilPrev, do Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú e Santander. Até dezembro do ano passado, existiam 3305 fundos de previdência no País, segundo dados da Anbima.
“Você passou os últimos dez anos entregando uma enorme fatia de seu esforço e disciplina para um banco, que não conseguiu, em um produto sem qualquer inteligência por trás, te entregar retorno minimamente aceitável”, explica a research, em relatório. “É isso mesmo: se sortearmos um fundo de previdência em um dos grandes bancos […], a probabilidade de esse fundo ser um dos piores da indústria é alta.”
Vale ressaltar que os grandes bancos são os grandes campeões da indústria previdenciária. De acordo com dados da Associação Brasileira de Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), o mercado de fundos de previdência acumula R$ 1 trilhão de patrimônio. Deste montante, R$ 817,3 bilhões estão em fundos de previdência de renda fixa.
E pelo menos R$ 600 bilhões do patrimônio em fundos de previdência de renda fixa, estão com gestoras do Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, Caixa e Santander, segundo a research. “Apesar de a previdência ser um instrumento de longuíssimo prazo — portanto, faz todo o sentido aproveitar um produto mais arrojado, como de ações —, o investidor brasileiro, historicamente, prefere o conservadorismo da renda fixa”, completa a Empiricus.
Metodologia
Para montar a lista, a Empiricus selecionou os maiores fundos previdenciários de renda fixa que os grandes bancos possuem. Foram excluídos da seleção todas as aplicações master, voltadas para investidores qualificados, que têm estratégia focada em inflação ou prefixados.
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Foram analisadas também as rentabilidades em uma janela móvel de um ano (252 dias). “Se um fundo fica abaixo de 50% do índice nessas janelas, já ganha um cartão vermelho”, afirma a Empiricus.
As taxas também foram analisadas. Para estratégias mais diversificadas em renda fixa e crédito privado, uma taxa de administração entre 1% e 1,5% foi considerada ‘aceitável’, mas que caberá avaliação posterior (cartão amarelo), enquanto as taxas acima de 1,5% ganharam um cartão vermelho.
“Já em fundos pós-fixados com baixo ou nenhum risco de crédito — aqueles que basicamente seguem o CDI comprando títulos públicos pós-fixados, sem nenhuma inteligência por trás —, não aceitamos uma taxa acima de 1% (sinal vermelho), sendo que entre 0,5% e 1% ele ganha um cartão amarelo também para uma avaliação mais profunda em outro momento”, ressalta a research.
Receber um cartão vermelho significa, em poucas palavras, que a Empiricus recomenda que o investidor ‘fuja’ desses fundos. Receber um cartão amarelo é sinal de atenção, mas que não necessariamente se trate de um caso extremo.
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“Vale lembrar que a ideia não é resgatar do fundo, para não perder o tempo acumulado (para planos com tributação regressiva) e não pagar IR, mas sim fazer uma portabilidade”, conclui a Empiricus.