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![Caixa vem buscando alternativas no LCI para bancar o financiamento de imóveis. Foto: AdobeStock](https://einvestidor.estadao.com.br/wp-content/uploads/2025/02/adobestock-950518751-editorial-use-only2_130220252229.jpg-710x473.webp)
Durante décadas, a caderneta de poupança foi o destino natural do dinheiro do poupador brasileiro. Fácil de acessar, sem complicações e com isenção de Imposto de Renda, a aplicação se consolidou como a opção predileta de quem queria guardar dinheiro sem correr riscos. Mas essa história vem mudando nos últimos anos.
A caderneta tem registrado saídas líquidas bilionárias. Em 2024 os brasileiros sacaram R$ 15,5 bilhões a mais do que depositaram, segundo recente relatório de análise do J.P. Morgan. Apesar de esse número ser menor que os déficits históricos de R$ 88 bilhões em 2023 e R$ 103 bilhões em 2022, o fluxo continua negativo. Mas o que estaria por trás dessa mudança de comportamento?
“Vemos dois fatores principais para isso”, diz Camilla Dolle, Head de renda fixa da XP. “A Selic elevada, que torna outros investimentos em renda fixa conservadora mais atraentes e o endividamento das famílias que segue alto. Então, parte desses resgates pode estar sendo destinada a pagamento de dívidas”, completa. A especialista lembra que as taxas de juros elevadas impulsionam a demanda por títulos conservadores de renda fixa, principalmente os isentos de IR que têm um bom apelo com a pessoa física.
Com a taxa Selic no atual patamar de 13,25% ao ano, investimentos como LCIs e LCAs (Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio) e CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) conseguem oferecer ganhos superiores a 12% ao ano, com a vantagem da isenção de Imposto de Renda no caso das LCIs/LCAs.
Inflação influencia nos saques da poupança
“O rendimento da Poupança de 0,67% ao mês é menor do que o rendimento do CDI, que fechou janeiro em 1,01%”, compara Luigi Wis, especialista em investimentos da Genial. “Em ambientes de juros muito altos, a poupança perde muita atratividade em relação a outras alternativas de renda fixa.”
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Wis comenta ainda sobre a inflação, hoje em 4,56% em 12 meses, acima do teto da meta de 4,5%. Ele lembra que o custo de vida mais elevado é um fator que contribui para um aumento dos resgates na poupança. “Como o ciclo de alta de juros ainda está longe do final, essa tendência de aceleração nos saques deve continuar.”
Sobre o impacto do aumento da educação financeira em relação à saída das aplicações da poupança, a Caixa adota um discurso equilibrado e ressalta que a escolha do investimento é uma combinação entre taxas de juros e perfil do investidor. “A estratégia de busca pelos melhores investimentos parte de uma combinação entre taxa de juros ofertada e aspectos do próprio investidor, que geralmente perpassam pelo seu perfil de consumo e momento de vida.”
Caixa se adapta aos novos tempos
No relatório de janeiro, os analistas do JP Morgan observam que a saída de recursos da poupança traz dificuldades para os bancos financiarem o crédito imobiliário no Brasil. As instituições financeiras direcionam parte dos depósitos de poupança para conceder financiamentos imobiliários dentro do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE).
A Caixa Econômica Federal, maior agente financiador de habitação do País, vem buscando novas alternativas para bancar o financiamento de imóveis. “Observamos que sua participação no mercado de LCI passou de 31% em 2022 para 47% no terceiro trimestre de 2024″, observam os analistas do JP Morgan.
A mudança reflete a necessidade de diversificação de fundos para continuar financiando o crédito imobiliário, admite o banco brasileiro. “A Caixa continua fomentando a diversificação de fontes de recursos, ampliando seu portfólio de captações por meio de ações que visam gerar alternativas de funding para a carteira de crédito“, informa o banco.
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