

A Selic, taxa básica de juros brasileira, atingiu um novo patamar nesta quarta-feira (11). O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu elevar a taxa em 1 ponto porcentual, passando de 11,25% para 12,25% ao ano. A decisão favorece os investimentos de renda fixa. Para ajudar você a escolher o produto mais alinhado aos seus objetivos financeiros, o E-Investidor ouviu alguns especialistas.
A nova taxa de juros veio acima da expectativa do UBS, que previa um aumento de 0,75 ponto. Segundo os analistas do banco, a estimativa foi rebalanceada após o governo não apresentar um pacote consistente de corte de gastos públicos. Rafael De La Fuente, e outros quatro economistas que assinam o documento, afirmam que uma vez no novo ritmo, o Copom deve continuar aumentando a Selic em 0,75 em janeiro e março, levando a taxa a um pico de 13,50% em 2025. As expectativas estavam alinhadas com o último Boletim Focus divulgado pelo Banco Central (BC) no dia 9 de dezembro, que apontava as expectativas para a Selic subir de 11,75% para 12% no fim de 2024. Para 2025, as previsões tinham sido ajustadas de 12,63% para 13,50%.
Mas o colegiado do BC sinalizou nesta quarta (11), na decisão do Copom, que as duas próximas reuniões devem vir com dois novos aumentos de 1 p.p em cada uma.
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A insatisfação do mercado e a nova diretriz do BC sobre a taxa de juros refletem a apresentação do pacote fiscal feita pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no dia 28 de novembro. A projeção da equipe econômica é de que as iniciativas promovam uma economia aos cofres públicos de R$ 71,9 bilhões nos próximos dois anos. Apesar do pacote fiscal ter sido envelopado como uma solução para a crise de confiança que afeta a economia brasileira, o dólar saltou após o anúncio e terminou aquele dia negociado a R$ 5,99, a maior cotação da história até então. A escalada não desacelerou e a moeda norte-americana renovou sua máxima histórica no dia 6 de dezembro, fechando o dia a R$ 6,08. Nesta quarta (11) a moeda fechou pela primeira vez no mês abaixo dos R$ 6.
Nessa toada de estresse no mercado e do aumento na Selic, os investidores podem surfar nos retornos de renda fixa. O planejador financeiro do C6 Bank, Rafael Haddad, acredita que o momento é oportuno para investir em investimentos pós-fixados. Contudo, ressalta a importância da diversificação, desde que seja adequada ao perfil do investidor. “Caso o investidor acredite em uma recuperação da credibilidade do governo em relação às medidas fiscais, faz sentido investir em prefixados e IPCA+”, afirma.
Daiane Gubert, head de assessoria de investimentos da Melver, compartilha da mesma visão, dando destaque para os produtos pós-fixados. No entanto, alerta que, embora os títulos prefixados apresentem taxas atrativas, o risco de novas altas da Selic pode impactar negativamente o investidor, especialmente se houver necessidade de resgate antecipado do título.
O planejador financeiro CFP, Leonardo Rezende, avalia que o cenário é ideal para priorizar os investimentos em títulos públicos ou CDBs de bancos que ofereçam uma remuneração próxima a 105% do CDI. Ele recomenda evitar títulos de crédito privado, já que a alta da Selic pode dificultar a captação de dívidas e a concessão de empréstimos por parte das empresas.
A pedido do E-Investidor, Haddad montou algumas simulações para guiar a sua carteira de investimentos. O levantamento mostra a rentabilidade bruta e líquida dos principais ativos da renda fixa com a Selic em 12,25% ao ano. A simulação levou em conta uma estimativa de CDI de 14,32% em 1 ano, com base no contrato de DI futuro, e uma expectativa de inflação em 12 meses de 4,64%, baseado na projeção do Boletim Focus. Além de uma alíquota de Imposto de Renda (IR) em um ano de 17,5%. Veja a seguir.
Poupança
Apesar de oferecer baixos retornos, a poupança ainda é o investimento preferido dos brasileiros. Quando a taxa básica de juros brasileira supera 8,5% ao ano, como ocorre atualmente, o rendimento mensal da caderneta é de 0,5%, mais a variação da Taxa Referencial (TR) calculada diariamente. Já quando a Selic está igual ou abaixo de 8,5% ao ano, o retorno da poupança corresponde a 70% da taxa básica de juros, acrescida da variação da TR.
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A poupança segue como opção devido à sua praticidade, isenção de IR e proteção oferecida pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) para valores de até R$ 250 mil por CPF, mas a rentabilidade é a menor entre os produtos. Confira abaixo quanto rendem investimentos de R$ 1 mil, R$ 5 mil e R$ 10 mil na poupança com a nova Selic.
CDB
O CDB (Certificado de Depósito Bancário) é um título emitido por instituições financeiras e funciona como um empréstimo do investidor ao banco. Em troca, o banco devolve o valor investido acrescido de juros após um período determinado. Existem opções prefixadas e pós-fixadas, dependendo das condições oferecidas pela instituição. Nos CDBs prefixados, por exemplo, o investidor sabe qual será o rendimento final desde o momento da aplicação. Já nos pós-fixados, os juros são definidos no momento do resgate, pois variam conforme um indicador econômico, como o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
O título também conta com a proteção do FGC. No entanto, está sujeito à cobrança de IR, conforme uma tabela regressiva, ou seja, isso significa que quanto maior o tempo de aplicação, menor será a alíquota do imposto. Veja a seguir quanto rendem investimentos de R$ 1 mil, R$ 5 mil e R$ 10 mil em um CDB com rentabilidade de 102,5% do CDI com liquidez diária:
Tesouro Direto
Outra alternativa na renda fixa são os títulos do Tesouro Direto. Recentemente, o Tesouro democratizou ainda mais o acesso ao investimento: antes, o valor mínimo para aplicar era de R$ 30, mas agora é possível investir a partir de R$ 1. Ao adquirir os títulos, o investidor empresta dinheiro ao governo, que, em troca, devolve o valor acrescido de juros.
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Há diferentes tipos de títulos como o Tesouro Selic, cuja rentabilidade é atrelada a taxa Selic, o Tesouro Renda+, pensado para complementar a aposentadoria, o Tesouro Educa+, destinado a educação universitária dos jovens, o Tesouro IPCA, cuja rentabilidade está atrelada à inflação mais uma taxa prefixada de juros e os títulos prefixados, aqueles que têm taxa de juros fixa, ou seja, você já conhece no momento do investimento.
Para encontrar o título mais adequado aos seus objetivos financeiros, o investidor pode acessar o site do Tesouro Direto e utilizar a aba “Simulador”. Uma das opções mais populares é o Tesouro Selic, ideal para quem está iniciando no mercado financeiro e busca montar uma reserva de emergência. Confira quanto rendem investimentos de R$ 1 mil, R$ 5 mil e R$ 10 mil no Tesouro Selic com vencimento em 2027 + 0,0356%:
Fica claro que o maior retorno está com o CDB, e não por acaso Gubert ressalta que sua recomendação é optar por CDBs com liquidez diária. “Caso o investidor esteja bem planejado, pode entender os prazos e montar uma carteira com diferentes vencimentos, aproveitando melhores ganhos ao longo do tempo”, finaliza.