- De acordo com dados do ETF Data, o ETF de crédito privado a maior rentabilidade no acumulado deste ano e no mês de julho entre os ETFs de renda fixa
- No entanto, com a sinalização para o fim do ciclo de alta de juros, os retornos expressivos não devem continuar nos próximos meses
As recentes altas na taxa básica de juros para combater a escalada dos preços no País mexeram nas estratégias dos investidores que enxergaram bons potenciais de retorno em renda fixa. Por isso, os ETFs (Exchange Traded Fund, fundo que busca um retorno semelhante a um índice de referência) voltados para essa classe de ativos entraram no radar de quem busca rentabilidade maior.
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Nesta toada, o ETF atrelado ao crédito privado foi o que apresentou o maior retorno no acumulado de julho entre os fundos de renda fixa listados na Bolsa.
Segundo levantamento da ETF Data, feito a pedido do E-Investidor, o DEBB11 registrou um ganho de 1,2% no período. O fundo replica a performance do índice Teva Debêntures DI que investe em títulos com remuneração como spread (lucro bruto de uma transação financeira) de DI.
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Mauricio Valadares, gestor da Nau Capital, avalia que os ganhos se devem ao ciclo de alta de juros. O movimento refletiu na saída do capital de ativos de risco para produtos que pudessem repassar as elevações da Selic, como o CDI (Certificado de Depósito Interbancário). “Com um CDI mais alto e o spread de crédito que esses papéis oferecem, o crédito privado se tornou mais atrativo”, ressalta Valadares.
A boa performance também se destaca no acumulado de janeiro a julho. Por mais que o ETF tenha sido lançado apenas no fim do primeiro semestre, o levantamento conseguiu projetar a sua rentabilidade com base no desempenho do índice de referência. Caso as negociações fossem iniciadas ainda no ano passado, os retornos dos primeiros sete meses de 2022 seriam na faixa de 7,5%.
“Acredito que esse bom desempenho deve se manter nos próximos meses, mas a diferença (da rentabilidade do ETF) para os demais não será tão discrepante (devido ao fim do ciclo de alta de juros)”, diz Valadares. Na primeira semana de agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou para 13,75% ao ano a taxa básica de juros e o mercado espera que esse reajuste tenha sido a última ou a penúltima alta da Selic. Veja quais são os melhores investimentos em renda variável com a Selic a 13,75%.
Já o ETF B5P211, que investe em títulos públicos indexados ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) com prazos de até cinco anos, entregou uma rentabilidade 7,2% aos acionistas.
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O porcentual foi o segundo maior retorno da categoria entre janeiro a julho. No entanto, Rafael Ferreira, sócio do Grupo Fictor, acredita que a rentabilidade deve sofrer uma “pausa” diante da queda no ritmo de alta dos preços no Brasil. Veja como e se vale a pena investir em Tesouro IPCA.
“Acredito que ele seguirá performando com uma boa taxa nominal (quando levamos em conta a rentabilidade descontada da inflação), mas por estar alocado 95% de seu portfólio em títulos atrelados à inflação o ativo pode sofrer alguma desaceleração”, avalia Ferreira.
Os resultados do IPCA referente a julho mostraram um recuo de 0,68% na alta dos preços. O porcentual crava o menor registrado desde o início da série histórica, iniciada em janeiro de 1980, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas a queda não foi o suficiente para reduzir a inflação no acumulado dos últimos 12 meses, que ainda se encontra na casa dos dois dígitos (10,07%).
O atual cenário exige mudanças no portfólio. Por isso, os ETFs compostos por títulos pós-fixados e indexados à taxa básica de juros podem ser mais interessantes do que os ETFs de renda fixa pré-fixados, segundo Josian Teixeira, gestor de portfólio da Lifetime Asset Management. O gestor também enxerga que há oportunidades em outros produtos, como os ETFs de renda variável.
Uma das suas recomendações é o BOVV11 ou BOVA11, ETFs que replicam a performance do Ibovespa, principal índice da B3. “A vantagem de se ter um ETF é você não precisa apostar especificamente em uma ação porque o investidor aposta em uma cesta de ativos e recebe a rentabilidade proporcional dessa composição”, recomenda Teixeira.
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Valadares também aconselha ao investidor a diversificação da sua carteira de investimentos. Embora o crédito privado tenha sido o “campeão” em comparação a outros produtos de renda fixa, ele avalia que é importante estar exposto a outros índices, o que inclui os ETFs de renda variável. “O investidor precisa colocar um percentual do patrimônio atrelado à inflação, um porcentual em renda variável e em ativos alternativos”, ressalta.