- Com o cenário de deflação, muitos investidores podem estar se perguntando se está na hora de dizer adeus à renda fixa indexada à inflação. Na visão da XP Investimentos, não
- No relatório de alocação em fundos de renda fixa da corretora, enviado mensalmente aos assinantes e passado ao E-Investidor com exclusividade, a avaliação é de que este pode ser um bom momento para a alocação em ativos de inflação
- A XP recomenda seis fundos de renda fixa, a depender do nível de risco do investidor e prazo de investimento
Após cerca de dois anos de alta no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o medidor oficial de inflação do País, as medidas do governo para reduzir impostos de combustíveis e do setor de energia ajudaram a reduzir a pressão inflacionária no Brasil. Já são dois meses consecutivos de deflação que permitiram que o mercado começasse a precificar uma nova retração em outubro e, consequentemente, uma queda recorde da inflação no terceiro trimestre de 2022.
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Com esse cenário pela frente, muitos investidores podem estar se perguntando como fica a rentabilidade dos títulos de renda fixa indexados à inflação e se o cenário atual significaria um prejuízo para ativos que até pouco tempo estavam muito atrativos. Contamos nesta reportagem como fica a rentabilidade do Tesouro IPCA+ com a deflação.
Na visão da XP Investimentos, não. No relatório de alocação em fundos de renda fixa da corretora, enviado mensalmente aos assinantes e passado ao E-Investidor com exclusividade, a avaliação é de que este pode ser um bom momento para a alocação em ativos de inflação.
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Isso porque a perspectiva de deflação deve permitir que o Banco Central flexibilize a política monetária e comece a reduzir os juros já em 2023. Como os títulos IPCA+ são híbridos, além da parte pós fixada de inflação, remuneram também uma taxa prefixada estabelecida na compra do ativo, que varia de acordo com os movimentos dos juros.
Com a perspectiva de uma redução na Selic em 2023, os títulos devem começar a ser emitidos com uma taxa menor. Por isso este pode ser um bom momento – talvez um dos últimos do ciclo – para garantir uma taxa mais alta antes que a deflação implique em juros mais baixos.
“No momento em que a Selic começar a diminuir, todos os próximos títulos a serem emitidos serão com uma remuneração menor. Então o investidor que comprar hoje um título IPCA+ com uma boa taxa prefixada pode ganhar de duas formas, levando até o vencimento ou vendendo antes para ganhar com a marcação a mercado”, explica Clara Sodré, analista de alocação e fundos da XP.
A recomendação, porém, é não tentar acertar o timing perfeito para a alocação. Como o cenário macroeconômico, político e fiscal brasileiro não costuma ser tão previsível assim, o investimento precisa respeitar os limites sugeridos pelas carteiras recomendadas e também o perfil de risco de cada investidor, ressalta o relatório da XP.
A seleção da XP
O relatório da XP traz a recomendação de seis ativos, a depender do perfil de risco do investidor. Entre os fundos da casa, são três opções ligadas à inflação: o Trend Inflação Curta, o Trend Inflação Geral e o Trend Inflação Longa.
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Trata-se de um fundo de investimento gerido pela XP Allocation indexado à inflação que se diferencia de acordo com a exposição ao índice IMA-B e, consequentemente, pelo prazo médio dos ativos contidos em cada índice. O Trend Inflação Curta tem exposição ao índice IMA-B5, para prazos inferiores a 5 anos; enquanto o Longa é atrelado ao índice IMA-B5+, com vencimento superior a 5 anos.
Na hora de escolher entre um ou outro, o investidor precisa avaliar seu perfil de risco. Títulos com prazos mais longos passarão mais tempo expostos à volatilidade do mercado, por isso, são considerados de maior risco, explica Sodré. “Na hora de montar a carteira, é importante o investidor olhar que tipo de tolerância tem. Quem é mais conservador pode se expor à inflação com fundos de vértice curta, por exemplo”, diz a analista.
As outras três opções presentes na seleção da XP são fundos mais diversos, que também precisam ser avaliados de acordo com o apetite a risco de cada investidor. Nesse caso, ao invés dos prazos, é preciso avaliar os ativos a que cada fundo se expõe.
O primeiro deles é o Kad IMAB FIC FIRF LP, da Kadima, gestora pioneira nos fundos quantitativos. Trata-se do primeiro fundo de renda fixa quantitativo do Brasil, lançado em dezembro de 2021. Com gestão ativa e sem a presença de ativos de crédito privado, o fundo busca superar o IMA-B no longo prazo, a partir da alocação em NTN-Bs. O fundo é aberto para investidores em geral e tem aplicação mínima de R$ 500.
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Outra opção recomendada pela XP é o Sparta Top Inflação FIC FIRF, um fundo de renda fixa da gestora fundada em 1993 que realiza investimentos em crédito privado para obter uma rentabilidade de IMA-B 5 + 1,3% no longo prazo. O fundo é aberto para investidores em geral e tem aplicação mínima de R$ 1.000.
A última recomendação presente no relatório é o XP Debêntures Incentivadas, um fundo lançado em 2014 que investe em ativos de crédito privado isentos de imposto de renda, com uma carteira majoritariamente indexada ao IPCA. O fundo é aberto para investidores em geral e tem aplicação mínima de R$ 5.000.