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Fundos de previdência renderam menos que CDI no início de 2021

Ranking mostra a rentabilidade dos fundos de renda fixa e multimercados no 1º trimestre

Fundos de previdência renderam menos que CDI no início de 2021
Foto: Pixabay
  • Na renda fixa, os únicos com retorno positivo foram o Santander XVII Fic Renda Fixa Crédito Privado (+0,22%) e o Itaú Flexprev Vision Fic Renda Fixa (+0,09)
  • Entre os multimercados, apenas o fundo Brasilprev Premium I Fic Multimercado teve retorno no campo positivo (+0,11%). Juntos, os dez fundos dessa categoria tinham cerca de R$ 51 bilhões em patrimônio no primeiro trimestre do ano
  • Na avaliação da produtora do estudo, os três primeiros meses de 2021 foram marcados por uma dicotomia entre o cenário externo, com campanhas de vacinação contra a covid-19 mais vigorosas, e o interno, onde a pandemia recrudesceu de maneira acelerada e a imunização corre a passos lentos

O primeiro trimestre de 2021 foi de dificuldade para a indústria de fundos previdenciários. A rentabilidade de produtos com mais de 12 meses que tiveram captação ou resgate nos últimos 6 meses deixou a desejar e entrou no negativo.

Um levantamento realizado pela Onze, fintech de soluções para previdência, mostra que 10 fundos de renda fixa e 10 de multimercados tiveram rendimento abaixo do CDI (Certificado de Depósito Interbancário) no período (+0,49%). Dos 20, 17 ficaram no vermelho.

Na renda fixa, os únicos com retorno positivo foram Santander XVII Fic Renda Fixa Crédito Privado (+0,22%) e o Itaú Flexprev Vision Fic Renda Fixa (+0,09). Os demais ficaram com rentabilidade negativa. Considerando o período de 4 de janeiro a 31 de março, os 10 fundos dessa classe tinham, juntos, cerca de R$ 217 bilhões em patrimônio.

Retorno de fundos previdenciários de renda fixa – 1º trimestre

Fundo Rentabilidade no trimestre (%)
SANTANDER XVII FIC RENDA FIXA CRÉDITO PRIVADO 0,22
ITAÚ FLEXPREV VISION FIC RENDA FIXA 0,09
ITAÚ FLEXPREV PLATINUM III FIC RENDA FIXA -0,15
BRADESCO VGBL F10 FIC RENDA FIXA -0,51
BRASILPREV RT FIX VII FIC RENDA FIXA -0,52
BRASILPREV RT FIX C FIC RENDA FIXA -0,57
BRASILPREV RT FIX VI FIC RENDA FIXA -0,63
BRASILPREV RT FIX II FIC RENDA FIXA -0,69
BRADESCO ATHENAS PGBL/VGBL FIC RENDA FIXA -0,78
BRASILPREV RT PREMIUM FIC RENDA FIXA -1,6
Fonte: Onze

*O levantamento não considerou fundos exclusivos, master ou de fundações

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Entre os multimercados, apenas o fundo Brasilprev Premium I Fic Multimercado teve retorno positivo (+0,11%). No total, os dez fundos dessa categoria tinham cerca de R$ 51 bilhões em patrimônio no primeiro trimestre do ano.

Retorno de fundos previdenciários multimercados – 1º trimestre

Fundo Rentabilidade (%)
BRASILPREV PREMIUM I FIC MULTIMERCADO 0,11
BRASILPREV MULTIESTRATÉGIA II FIC MULTIMERCADO -0,59
ITAÚ PRIVATE PREV PERFIL 2 FIC MULTIMERCADO CRÉDITO PRIVADO -0,68
BRADESCO PORTFÓLIO MODERADO PGBL/VGBL FIC MULTIMERCADO -0,85
BRADESCO PORTFÓLIO DINÂMICO PGBL/VGBL FIC MULTIMERCADO -1,03
VERDE AM ITAÚ PREV FI MULTIMERCADO -1,05
BRADESCO PORTFÓLIO ARROJADO PGBL/VGBL FIC MULTIMERCADO -1,29
ITAÚ PRIVATE PREV IMP 3 FIC MULTIMERCADO -1,42
BRASILPREV RENDA TOTAL CICLO DE VIDA 2040 FIC MULTIMERCADO -2,21
JGP SULAMÉRICA PREVIDENCIÁRIO FIC MULTIMERCADO CRÉDITO PRIVADO -2,7
Fonte: Onze

Alguns fundos saíram-se melhores do que o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, que encerrou o trimestre com desvalorização acumulada de 2%. Já o dólar avançou 8,5% no mesmo período.

Na avaliação da Onze, os três primeiros meses de 2021 foram marcados por uma dicotomia entre o cenário externo, com campanhas de vacinação contra a covid-19 mais vigorosas, e o interno, onde a pandemia recrudesceu de maneira acelerada e a imunização corre a passos lentos.

“A grave situação sanitária, aliada a outras questões políticas e econômicas, contribuiu para uma performance, em geral, negativa dos ativos domésticos e para a desvalorização do real. Na outra ponta, ativos estrangeiros, com destaque para ações americanas, performaram bem”, escreve Samuel Torres , analista de investimentos da Onze e autor do levantamento.

Entre os fatos que amedrontaram o mercado nacional, o estudo cita a redução das projeções de crescimento do PIB nacional em 2021, episódios de intervenção política em estatais, a alta do dólar e a escalada da inflação, que levou o Banco Central a elevar a Selic.

“Como consequência dessa deterioração de expectativas, de maneira geral, ações e renda fixa prefixada e indexada à inflação brasileiras apresentaram performance negativa no trimestre, impactando negativamente a maioria dos fundos previdenciários, uma vez que grande parte deles mantém posições apenas em ativos brasileiros”, observa Torres.

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Apesar do período de instabilidade, a indústria vem se desenvolvendo, criando produtos que seguem tendências internacionais, como a onda de boas práticas ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês). Neste mês a Bradesco Vida e Previdência lançou dois fundos de previdência aderentes ao conceito ESG.

Para 2021, o ritmo de vacinação é fator determinante para a recuperação da economia nacional, avalia o analista da Onze. A principal preocupação fica com a situação fiscal, dado o alto endividamento do governo e a falta de perspectiva de continuidade da agenda de reformas econômicas.

“Apesar de os ativos domésticos poderem performar bem no restante de 2021 (dependendo do rumo que os pontos elencados acima tomarem), o mais indicado continua sendo aplicar em fundos de previdência diversificados, que apostem em diferentes classes de ativo e moedas, além de terem diversidade geográfica”, recomenda Torres.

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