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“O Brasil carece de opções para investir no exterior”, diz COO da Stake

Plataforma australiana chegou ao Brasil no fim de 2020 e atrai investidores que buscam dolarizar a carteira

“O Brasil carece de opções para investir no exterior”, diz COO da Stake
Paulo Kulikovsky, COO da Stake Crédito: Divulgação
  • Com 350 mil clientes divididos entre Austrália, Nova Zelândia, Reino Unido e Brasil, a plataforma Stake oferece a possibilidade de investir em ações na Bolsa americana
  • Paulo Kulikovsky, COO e head Latam da fintech, avalia o serviço como uma necessidade para amadurecimento do mercado brasileiro
  • A vinda dos BDRs para a B3 mostra uma mudança na percepção dos investidores. É uma solução, mas é apenas um passo para investir diretamente nos ativos estrangeiros americanos

Com 350 mil clientes divididos entre Austrália, Nova Zelândia, Reino Unido e Brasil, a plataforma Stake oferece a possibilidade de investir em ações na Bolsa americana. Esse tipo de aplicação é uma forma de diversificar a carteira de investimentos com o dólar, principal moeda do mercado global.

Para oferecer uma forma fácil e prática de negociação, Paulo Kulikovsky, o COO e head Latam da fintech, avalia o serviço como uma necessidade do mercado brasileiro. Além disso, segundo ele, os players nacionais e os próprios investidores caminham para a maturidade do mercado doméstico.

De acordo com Kulikovsky, a percepção da busca por novas formas de aplicação e a digitalização dos processos motivaram o plano de lançar a Stake no Brasil. Ele reforça a proposta de ser uma ferramenta de fácil utilização com base na experiência do usuário.

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O COO da Stake conversou com o E-Investidor. Confira os principais trechos da entrevista:

E-Investidor – Como foi avaliada a necessidade de trazer uma empresa australiana para o mercado brasileiro?

Paulo Kulikovsky – Em 2018, começamos a entrar no mercado brasileiro. O plano era de iniciar a plataforma em 2019, mas adiamos até 2020. Vimos o Brasil como um mercado que carece de opções para investir no mercado estrangeiro. Até então era necessário um longo processo de documentação e altas taxas que encarecem o serviço. Chegamos com o objetivo de ser acessível e ter qualidade para garantir a confiança dos clientes.

Com o adiamento início das operações do Brasil, abrimos primeiro na Nova Zelândia e na Inglaterra, e lançamos a versão brasileira em outubro do ano passado.

E-Investidor – O que vocês colocaram no papel para avaliar essas necessidades e desenvolver a Stake?

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Kulikovsky – Vimos duas tendências. A primeira foi a percepção de que os bancos tradicionais foram para o segundo plano e os brasileiros passaram a investir diretamente em corretoras ou com assessores de investimentos, que até então estavam mais restritos às classes mais altas. Além da mudança em relação ao atendimento, outra movimentação observada foi a procura de outras fontes de investimentos.

Percebemos que de tempos em tempos, o brasileiro sofre com a desvalorização da moeda. Nessas horas, todo mundo volta a discutir investimento em dólar e como manter o portfólio seguro.

Vimos soluções financeiras em diversas áreas, inclusive para desbancarização. Entretanto, ainda faltavam opções para quem estava fora dos grandes bancos e desejava ter equilíbrio na carteira nesse tipo de alocação.

Além disso, se compararmos as opções de empresas com capital aberto na Bolsa brasileira é muito menor que as possibilidades no exterior. No caso dos Estados Unidos, hoje são mais de seis mil opções. Quando a gente lançou aqui, já tinham quatro mil. Percebemos que o Brasil não avançou como o mundo, mas acreditamos que o brasileiro deve ter acesso a essa oportunidade de forma fácil.

E-Investidor – Como você avalia a democratização dos BDRs no mercado brasileiro?

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Kulikovsky – A vinda dos BDRs (ativos emitidos e negociados no Brasil com lastro em ações estrangeiras) para a B3 mostra uma mudança na percepção dos investidores. É uma solução, mas é apenas um passo para investir diretamente nos ativos estrangeiros americanos.

Os BDRs são uma alternativa válida e essencial para o mercado, portanto, avalio como uma etapa para a maturidade. Da mesma forma que muitas pessoas começam a investir em fundos de ações antes de comprar os papéis, os investidores podem comprar BDRs antes de aplicar diretamente nos ativos para entender a performance das companhias expostas a outro cenário.

É claro que existem vantagens e desvantagens dos dois lados. A quantidade de BDR disponível no Brasil é muito menor que as ações lá fora. A liquidez também é diferente, já que as ações estrangeiras são maiores, o que dá agilidade e velocidade. Mas, sem dúvida, o BDR é uma porta de entrada muito importante. Além disso, é um movimento que nós já sabíamos que chegaria.

E-Investidor – Como os BDRs se diferenciam dos ativos negociados diretamente na bolsa estrangeira?

Kulikovsky – Lá fora existe o mercado fracionário. Com US$ 10, por exemplo, você pode comprar a parte de uma cota de qualquer empresa. Essa é outra grande vantagem em investir diretamente. Ou seja, a acessibilidade de preço é um benefício somado à grande quantidade de opções,e a aplicação em uma moeda bem mais estável e segura que o real.

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E-Investidor – Há uma diversidade maior de ativos e classes no exterior. Isso motiva o brasileiro a buscar alocar recursos na bolsa americana? Você acredita que essa busca é por uma falta de produto nacional?

Kulikovsky – O mercado nacional está crescendo, mas ainda carece de muitas ferramentas. Conseguimos ver o atraso do Brasil quando comparamos com a Austrália, um país de 25 milhões de habitantes, apenas 11% da população brasileira. Mesmo assim eles têm duas mil empresas listadas, enquanto temos cerca de 400 na B3.

Se olharmos para Fundos Imobiliários, também vemos crescimento, mas ainda está muito longe do amadurecimento que os REITs. Nos rankings mensais de fundos de índice (ETFs) mais negociados na Stake, aparecem ativos ligados ao mercado de cannabis, imobiliário, inovação, entre diferentes áreas ainda escassas no mercado doméstico.

E-Investidor – A dolarização pode ser uma forma do portfólio sentir menos o impacto dos movimentos políticos domésticos. É possível que esse fator tenha chamado a atenção dos investimentos estrangeiros entre os brasileiros?

Kulikovsky – Nós estávamos com o dólar na casa dos R$ 4 antes da pandemia e chegou a quase R$ 6 poucos meses depois. Isso fez com que muitas pessoas vissem a fragilidade do real.

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Eu nunca vi um economista conseguir acertar a previsão do dólar. É muito difícil porque existem muitas variáveis. O que mudar em Brasília, todo o cenário pode ser alterado também.

E-Investidor – Quais as principais barreiras que impedem o investimento de brasileiros no exterior?

Kulikovsky – O desafio básico de abrir uma conta e mandar dinheiro já foi resolvido. A preocupação com Imposto de Renda também foi solucionada porque disponibilizamos relatórios completos, detalhados e de fácil acesso.

Além disso, se o investidor tem um giro de até R$ 35 mil por mês, ele não é taxado. Isso facilita bastante para a maior parte das nossas contas, por estarem abaixo desse volume. Mesmo se for acima, temos relatório que ajudam no IR. Não acredito que seja a maior dificuldade, mas com certeza causa muito medo e incerteza para as pessoas.

O desafio agora é ajudar o investidor a tomar decisões certas na escolha dos ativos. Acredito que esse é o papel importante que devemos ter. A facilidade de encontrar conteúdo já existe, mas ainda falta educação financeira para ampliar o acesso desses investidores a outros mercados.

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