- A queda da taxa Selic iniciada pelo Banco Central em agosto está levando muitos investidores a mudarem suas alocações de renda fixa
- Mas há ainda um outro fator fazendo um título do Tesouro Direto despontar como a opção preferida de muitos bancos e corretoras: a proteção
- Explicamos porque o Tesouro IPCA+ tem despontado entre as recomendações
A queda da taxa Selic iniciada pelo Banco Central em agosto faz com que muitos investidores revisem suas alocações de renda fixa em busca de indexadores que mantenham a rentabilidade da carteira mesmo em um cenário de redução do CDI. Mas há ainda um outro fator fazendo um título do Tesouro Direto despontar como a opção preferida de muitos bancos e corretoras: a proteção.
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Os ativos do Tesouro IPCA+, indexados à inflação e que oferecem ao investidor uma taxa prefixada somada à variação do índice de preços no período, são destaque nas recomendações de investimento para o fim do ano.
A deterioração do cenário geopolítico com a guerra entre Israel e a Palestina no final de outubro adicionou um grau a mais de risco nas análises do mercado, que já olhava com preocupação a trajetória de juros nos Estados Unidos e a discussão fiscal no Brasil. Como contamos aqui, esses fatores levaram o mercado a uma queda geral no mês.
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Por aqui, os sinais dados pelo governo de que o déficit zero dificilmente será alcançado em 2024 têm repercutido nas projeções de inflação do mercado. O Boletim Focus mais recente, divulgado na segunda-feira (6), mostrou pela segunda semana seguida um avanço na expectativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2024, agora em 3,91%.
Esse conjunto de fatores fez o Santander recomendar para novembro a alocação em Tesouro IPCA+ com vencimento em 2035.
“Se os ventos domésticos se provarem favoráveis para os ativos de risco (menores ruídos políticos, inflação convergindo à meta no médio prazo e promessas de responsabilidade fiscal em 2023-2024), podemos ver um menor prêmio de risco para os títulos públicos reais, favorecendo a marcação a mercado dos mesmos. Caso a percepção de risco piore e o dólar volte a se valorizar, a proteção contra a inflação do título recomendado exercerá sua função”, diz o relatório Tesouro Direto do Mês divulgado pelo banco.
Nesta quarta-feira (8), as taxas do Tesouro IPCA+ variavam entre 5,71% a 5,87%, a depender dos prazos de vencimento dos títulos, entre 2029 e 2055. Os retornos estão muito próximos de um “número mágico” do mercado: os 6% na ponta prefixada, que entregam ao investidor uma rentabilidade real considerada bastante atrativa.
As recomendações da Rico, no relatório Onde Investir do mês de novembro, são semelhantes. Pensando em proteção, a corretora recomenda a alocação em títulos IPCA+ com vencimentos mais longos, depois de 2030.
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“Os títulos de renda fixa atrelados a índices de preço seguem uma excelente proteção para seus investimentos – permitindo vencimentos mais longos, acima de 2030”, afirma o time da Rico. “Mas os títulos pós-fixados atrelados ao CDI ou a Selic devem continuar apresentando retornos elevados e são o ideal para sua reserva de emergência, independente do patamar da taxa Selic.”
Esta também é a preferência da XP Investimentos. Na quarta-feira (1) da semana passada, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a Selic em 0,5 ponto percentual para os atuais 12,25% ao ano, Rodrigo Sgavioli, head de alocação e fundos da corretora, destacou que a renda fixa segue atrativa mesmo com a redução do CDI, mas exige um balanço entre diferentes indexadores.
“Ativos de inflação e prefixados tendem a obter melhores desempenhos em cenário de queda de juros. No geral estamos mais construtivos com títulos IPCA+, reduzindo um pouco o pós-fixado e sendo táticos na entrada em prefixados”, diz Sgavioli.