

Embora menos afetados pela marcação a mercado, os títulos do Tesouro Selic (também conhecidos como LFTs) ainda podem apresentar volatilidade para quem não os mantém até o vencimento. O impacto recai sobre investidores que precisam vendê-los antes do prazo e encontram preços abaixo do esperado devido às condições momentâneas do mercado financeiro.
Se a curva de juros subir de forma agressiva, o preço dos títulos no mercado secundário sofrerá oscilações negativas, especialmente se o spread (diferença de preços) e o prazo entre os títulos novos e os antigos forem longos. O mercado secundário é onde investidores compram e vendem títulos já emitidos, com preços variando conforme os juros e o prazo. Atualmente, o Tesouro Direto negocia LFTs com vencimento em 2028 e 2031.
Para quem mantém o título até o vencimento, o risco da marcação a mercado desaparece, pois a rentabilidade seguirá o movimento da taxa Selic.
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O risco atrelado a investimentos no Tesouro Selic, no entanto, permanece em nível muito baixo, pois a marcação a mercado ocorre justamente sobre o ágio ou deságio que o título tem, dado que a maior parte do seu componente é pós-fixado.
Aos preços do dia 26 de fevereiro, a LFT com vencimento em 2028, por exemplo, tem um deságio menor, de 0,0540%, em relação ao título com vencimento de 2031, marcado a Selic + 0,1185%. Os títulos mais longos sempre serão mais voláteis, por isso a diferença. O investidor que levar até o vencimento, porém, receberá a Selic mais a taxa positiva.
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“Quando a gente avalia movimento de juros, o maior risco para o investidor está em títulos prefixados (LTN, também conhecido como Tesouro Prefixado) ou indexados a inflação (NTN-B, ou Tesouro IPCA+), que tem também um componente prefixado”, diz Guilherme Almeida, head de Renda Fixa da Suno. Ele pondera que, no curto prazo, se houver uma queda muito forte da Selic, o rendimento em Tesouro Selic também tende a recuar.
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O Tesouro Selic é opção interessante para investidores que dão prioridade à segurança e à liquidez, diz Angelo Belitardo Neto da Hike Capital. “Como esse título tem baixa volatilidade, e acompanha diretamente a taxa básica de juros, funciona bem como uma reserva e um investimento de médio prazo.”
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Prefixados e híbridos
Um Tesouro IPCA+ é bom para preservar o poder de compra, aproveitando as taxas atuais que estão historicamente elevadas. “Taxas próximas a 7,5% são muito raras de ocorrerem”, diz Guilherme Almeida.
Já o Tesouro Prefixado serve para quem acredita que a política monetária vai se tornar mais flexível dentro do horizonte de vencimento do título em questão, ou seja, tem a expectativa de queda nos juros. “Não é um trade-off (troca), o investidor não precisa escolher entre um e outro, e sim, pode ter uma exposição nesses títulos de forma bem estruturada e bem diversificada”, comenta Almeida.
Títulos privados
Nas emissões privadas, há oportunidades algumas mais atraentes dentro da renda fixa, mas o risco é outro. “É preciso avaliar, por exemplo, quem é o emissor, se existe um risco mais elevado de crédito ou não”, diz o especialista da Suno.
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Fundo de Investimento em Cotas de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIC FIDCs)
Fundo com isenção de come-cotas, diversificação com uma grande variedade de ativos de crédito, volatilidade próxima de zero, e retorno próximo de CDI + 4%, alto de índice de subordinação (acima de 20%). O come-cota antecipa a cobrança do Imposto de Renda (IR) em maio e novembro e fundos isentos evitam essa tributação, potencializando os juros compostos. Já o índice de subordinação mostra o quanto um fundo está protegido contra perdas.
Fundos de debêntures incentivadas
Isenção total de IR, prazo de resgate de 30 dias e diversificação que garante a exposição em diversas empresas com nota de créditos acima de A (baixo risco), de diferentes setores, o que reduz o risco de inadimplência.
Bonds e debêntures
Prazos de resgate mais curtos, isenção de Imposto de Renda para pessoa física, diversificação da carteira no mercado de títulos americanos. “Essas classes possuem ótimas gestoras, como a Absolute, JGP, AZ Quest dentre outras, sendo capazes de entregar retornos superiores ao CDI e ao IPCA + 8% mesmo em cenários de estresse na economia, e com volatilidade próxima de zero”, comenta Angelo Belitardo Neto da Hike Capital.