- A maioria dos títulos públicos prefixados e aqueles atrelados à inflação tiveram desempenho desfavorável em agosto, segundo relatório da Renascença DTVM.
- A baixa desses títulos públicos é consequência de um mês marcado pela deterioração da percepção de risco fiscal e das estimativas de inflação para este e o próximo ano.
- Isso pode ter causado decepção ao investidor que checa constantemente o rendimento da carteira de renda fixa, mas não é motivo para que o produto tenha deixado de ser atrativo no médio e longo prazo.
(Estadão Conteúdo) – A maioria dos títulos públicos prefixados e aqueles atrelados à inflação teve desempenho desfavorável em agosto, segundo relatório da Renascença DTVM. Isso pode ter causado decepção ao investidor que checa constantemente o rendimento da carteira ou do fundo de renda fixa, mas não é motivo para que o produto tenha deixado de ser atrativo no médio e longo prazo, de acordo com especialistas ouvidos pelo Broadcast.
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A baixa desses títulos públicos é consequência de um mês marcado pela deterioração da percepção de risco fiscal e das estimativas de inflação para este e o próximo ano, conforme o relatório elaborado pelo estrategista-chefe Sérgio Goldenstein e pelo estrategista de renda fixa Emanuel Moura.
“Quanto maior a expectativa de inflação futura e/ou maior o risco do país, mais a curva de juros abre [expectativa de alta dos juros]. Pela fórmula, uma taxa maior faz com que o preço-unitário na marcação a mercado tenha uma desvalorização. Foi o que vimos nas últimas semanas”, explica Leonardo Milane, economista e sócio da VLG Investimentos.
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Para os investidores que ficaram nervosos ao ver o rendimento do que investiu ficando negativo, Milane orienta ter calma. “O momento é ótimo para investir em renda fixa. Pensando no título pós-fixado [atrelado à Selic], o que pagava 2% está pagando 5,25% e até o final do ano deve pagar 8%. Para quem está no IPCA+, quando as coisas pioram e a inflação sobe, o título aguenta ‘o desaforo’ [do cenário] para quem vai esperar até o vencimento”, justifica.
Confira a seguir um resumo do movimento de cada um dos títulos públicos em agosto, conforme o relatório da Renascença.
Tesouro Prefixado
Entre os prefixados, apenas as Letras do Tesouro Nacional (LTN, ou Tesouro Prefixado) com vencimento em janeiro, abril, julho e outubro de 2022 tiveram resultado positivo em agosto, mas abaixo do CDI. As LTN mais longas e as Notas do Tesouro Nacional – Série F (NTN-F, ou Tesouro Prefixado com Juros Semestrais) tiveram resultado negativo, especialmente as de prazo mais distante.
Tesouro IPCA+
As Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B, ou Tesouro IPCA+),+), papéis atrelados à variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), também tiveram desempenho ruim, mas não tanto quanto os prefixados, com aumento nas taxas de inflação implícita. “As NTN-B ago22 [com vencimento em agosto de 2022] e mai23 [com vencimento em maio de 2023], com ganhos de 0,48% e 0,31% no mês, foram os únicos títulos com resultado positivo, o que decorreu do aumento do carrego com o IPCA alto e da pressão menos intensa no segmento curto da curva de juros”, avaliam os estrategistas.
Tesouro Selic
O mês de agosto foi marcado pelo aumento da demanda dos papéis atrelados à taxa Selic em meio às apostas crescentes de um aperto monetário mais agressivo. No caso das Letras Financeiras do Tesouro (LFT, ou Tesouro Selic) houve registro de redução do deságio [depreciação do valor nominal] na maioria dos vencimentos, nas negociações do mercado secundário.
“O brasileiro está acostumado com títulos pós-fixados, que rendem cada vez mais conforme a Selic sobe ou cada vez menos conforme a Selic cai. Mas sempre rende algo positivo”, afirma Milane. “Salve alguns cenários de estresse com CDI do dia negativo, algo que seria incomum e momentâneo, os títulos pós-fixados sempre ‘engordam’ um pouco, mais rapidamente ou mais devagar”, diz, destacando ser o investimento ideal para os mais conservadores.