- Donald Trump confirmou seu diagnóstico de covid-19, e a notícia gerou apreensão, já que a eleição presidencial dos Estados Unidos ocorre daqui a 32 dias, em 3 de novembro
- Diante deste cenário, o Ibovespa também pode ser impactado nas próximas semanas. Pablo Spyer, diretor estatutário da Mirae Asset, lembra que a B3 costuma acompanhar as movimentações das bolsas norte-americanas
As bolsas internacionais abriram em baixa, nesta sexta-feira (2), depois que o presidente norte-americano, Donald Trump, confirmou seu diagnóstico de covid-19. A notícia gerou apreensão, já que a eleição presidencial dos Estados Unidos ocorre daqui a 32 dias, em 3 de novembro. Trump tem 74 anos de idade, o que o coloca no grupo de risco da doença, que já matou mais de um milhão de pessoas no mundo.
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Diante deste cenário, o Ibovespa também pode ser impactado nas próximas semanas. Pablo Spyer, diretor estatutário da Mirae Asset, lembra que a B3 costuma acompanhar as movimentações das bolsas norte-americanas. Contudo, ele indica que, por enquanto, nesta sexta, a bolsa brasileira não está seguindo as quedas internacionais.
“Deveria ter relação positiva, mas a bolsa no Brasil está no zero a zero, talvez porque o País tem vivido muita turbulência. Então, hoje, não está pegando tanto essa queda.”, diz Spyer.
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Com quadro inicial de menor apetite por risco, as bolsas europeias abriram em queda. Por volta das 6h40 (de Brasília), o Stoxx 600 recuava 0,37%, a 360,47 pontos. Porém, no encerramento, o índice pan-europeu se recuperou e avançou 0,25%, a 362,69 pontos.
No Japão, o índice Nikkei fechou em baixa de 0,67%, em 23.029,90 pontos, com investidores em Tóquio atentos a eventuais mudanças no quadro político em Washington, durante a corrida presidencial, e também na postura de Trump sobre a covid-19. A notícia fortaleceu o iene, o que tende a pressionar ações de exportadoras japonesas.
Mercados na China, em Hong Kong, em Taiwan e na Coreia do Sul estavam paralisados por causa de feriados.
Abaixo, confira a entrevista com o diretor da Mirae Asset, sobre possíveis impactos das eleições dos Estados Unidos para a Bolsa e os investimentos brasileiros.
E-Investidor: A notícia de que Trump está com covid-19 trouxe aversão ao risco e já vemos uma cautela nas bolsas estrangeiras. Como essa notícia pode afetar a bolsa brasileira e por quê?
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Pablo Spyer: O Brasil tem correlação com as principais bolsas do mundo. As principais bolsas que afetam o Brasil são as dos EUA e da China. Geralmente, quando caem lá, caem aqui anos. A notícia é uma bomba. O presidente é grupo de risco. A bolsa brasileira não está caindo muito por enquanto. Deveria ter relação positiva, mas a bolsa está no zero a zero aqui, porque a gente tem vivido muita turbulência. Então, hoje não está pegando tanto aqui a queda.
E-Investidor: Avalia que esse cenário negativo pode atingir a bolsa no decorrer do dia?
Pablo Spyer: Pode mudar, mas aparentemente não irá. Aqui a bolsa não teve correlação hoje, talvez por ser muito local. Se fosse algo maior, como, por exemplo, o fechamento do comércio por conta do coronavírus, talvez influenciasse.
E-Investidor: Os investidores brasileiros estão preocupados com uma segunda onda de casos de covid-19, mas têm mostrado maior atenção às eleições norte-americanas. Qual pode ser o efeito real do resultado da eleição no Ibovespa?
Pablo Spyer: Se o Biden ganhar, as bolsas podem cair, realizar um pouco e isso pode derrubar o Ibovespa. A expectativa de Wall Street é que, se Biden ganhar, a bolsa cai. Trump é o candidato de Wall Street. É um candidato mais pró-impressão de dinheiro, não quer que a bolsa caia. Mas se ele ganhar, ele pode mudar esse perfil. Hoje ele fala uma coisa, mas se ganhar pode mudar o discurso.
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E-Investidor: O dólar tem sofrido com alta volatilidade nos últimos dias. Na reta final de 2020, as eleições americanas devem manter a moeda em alta no mercado?
Pablo Spyer: A alta do dólar ocorre em momentos de aversão a risco. Se as previsões forem de derrota do Trump, o dólar deve subir. Os investidores vão vender ativos de bolsa e comprar os de maior segurança. O dólar ainda é o ativo financeiro mais seguro do mundo. O estrangeiro, sobretudo o norte-americano, só se sente seguro quando o dinheiro está em dólar ou em ouro, mais na moeda que no metal precioso. Se tiver a aversão a risco e o Trump perder, muito provavelmente o dólar vai subir. Essa é a expectativa do mercado.
E-Investidor: Além da bolsa, é possível que outros tipos de investimentos sejam impactados pelo resultado da eleição norte-americana?
Pablo Spyer: O impacto é mais na bolsa mesmo. E os ativos que estão correlacionados com os Estados Unidos podem sofrer. Os BDRs americanos de Apple, Amazon e Facebook podem cair. Os ETFs norte-americanos listados em bolsa também podem sofrer. Além disso, moedas como o real podem ser impactadas.