Investimentos

Valor de mercado das empresas de saúde cresce 19%. Hora de comprar?

O bom desempenho também pode ser visto na performance das ações no acumulado do primeiro trimestre de 2022

O setor de saúde foi bastante demandado nos últimos dois anos por causa da pandemia (Foto: Envato Elements)
  • Um levantamento da Plataforma da TC/Economatica feito a pedido do E-Investidor mostrou que o valor de mercado de 22 empresas do setor de saúde apresentou uma alta de 19,2% durante o primeiro trimestre de 2022
  • Ao contrário do primeiro trimestre de 2021, quase a metade dos papéis do setor de saúde apresentou alta no acumulado de janeiro a março deste ano
  • As companhias Hypera (38%), Mater Dei (20,5%) e Alliar (20%) apresentaram os maiores ganhos durante o período

A perspectiva do fim da pandemia não deve impedir o bom desempenho das companhias do setor de saúde nos próximos meses. Apesar de ter sido o setor mais requisitado nos últimos dois anos, o aumento da demanda dos serviços de exames, consultas e cirurgias eletivas deve manter no positivo o fluxo de caixa da maioria das empresas.

O otimismo já pode ser observado nos três primeiros meses deste ano. Um levantamento da Plataforma da TC/Economatica feito a pedido do E-Investidor mostrou que a soma do valor de mercado de 22 empresas do setor de saúde apresentou uma alta de 19,2% durante o primeiro trimestre de 2022. 

O bom desempenho também foi acompanhado pela performance dos ativos. Ao contrário do primeiro trimestre de 2021, quase a metade dos papéis do setor de saúde apresentou alta no acumulado de janeiro a março deste ano. As companhias Hypera (38%), Mater Dei (20,5%) e Alliar (20%) apresentaram os maiores ganhos durante o período.

Preencha os campos abaixo para que um especialista da Ágora entre em contato com você e conheça mais de 800 opções de produtos disponíveis.

Ao fornecer meu dados, declaro estar de acordo com a Política de Privacidade do Estadão , com a Política de Privacidade da Ágora e com os Termos de Uso

Obrigado por se cadastrar! Você receberá um contato!

Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos

Para Fernando Ferrer, analista de investimentos da Empiricus, a diferença acontece porque havia uma percepção do mercado de que os resultados das companhias pudessem ser impactados de forma negativa com a redução dos casos de covid-19 e de internação.

No entanto, os últimos balanços apresentados pelas empresas mostraram o contrário. Mesmo com a maior parte da população vacinada e com a redução dos atendimentos hospitalares, as companhias estão entregando resultados próximos aos do período de pré-pandemia. “Não temos um ambiente ótimo como 2020, e nem um péssimo, como em 2021. Será algo mais próximo de 2019, o que é positivo”, acrescenta.

O movimento positivo também pode estar atrelado ao desempenho do Ibovespa, principal índice da B3. No primeiro trimestre de 2021, o IBOV apresentou uma queda de 2,08%. Já durante o mesmo período de 2022, o índice teve uma alta de 14,5%. “Isso por si só gera uma diferença razoável e explica uma parte do desempenho como um reflexo de movimento de mercado”, avalia Marcos Olmos, diretor de venture capital e sócio da VOX Capital.

O setor também se beneficia com o atual cenário macroeconômico e internacional. As incertezas geradas pelas eleições de 2022, movimento de alta de juros e aumento da inflação atraem os investidores para as companhias por serem avaliadas defensivas a essas volatilidades.

“O setor de saúde consegue repassar a inflação. São empresas que conseguem crescer independente do cenário porque conseguem repassar o aumento dos custos”, ressalta Danielle Lopes, sócia e analista da Nord Research.

Como no início de 2022 houve um aumento de casos por causa da variante da covid-19 ômicron, surtos de gripes e inflação para os serviços farmacêuticos, Ariane Benedito, economista da CM Capital, afirma que a previsão é que as empresas de saúde repassem um custo de 18% nos próximos meses para o consumidor final.  “Os convênios médicos devem repassar essa inflação de forma integral, o que alivia as contas operacionais das empresas”, afirma.

Os destaques do setor

Com o bom desempenho do setor no primeiro trimestre de 2022, as empresas Hapvida e Hypera Pharma foram as que mais se destacaram. Ainda de acordo com o levantamento da Plataforma da TC/Economatica, o valor de mercado da Hapvida (HAPV3) mais que dobrou em um período de três meses. No fim de 2021, a companhia era avaliada em R$ 40,1 bilhões. Já no fim de março, esse valor saltou para R$ 84,2 bilhões.

Victor Martins, analista da Planner Corretora, atribui o salto crescimento à aquisição da Hapvida (HAPV3) com a Intermédica (GNI3). “Em 11 de fevereiro de 2022 foi o último dia de negociação das ações da Intermédica na B3. Nesse contexto, o valor de mercado resultante refletiu a relação de troca entre as ações”, justifica.

Segundo ele, a Hypera registrou um lucro líquido de R$ 1,6 bilhão em 2021. O valor é 22% maior do que o resultado de 2020. “Destaque ainda para um fluxo de caixa operacional recorde de R$ 1,4 bilhão, os ganhos de market share, a conclusão das aquisições das marcas da Takeda e o anúncio da aquisição de 12 marcas da Sanofi”, cita o analista da Planner Corretora.

Recomendação

Além de ser considerado um setor defensivo, a perspectiva do envelhecimento da população brasileira é vista pelos analistas como um dos fatores para o investidor ter uma posição de mercado nestas companhias. “As pessoas estão vivendo mais. A perspectiva faz com que essas pessoas necessitem ao longo prazo de um respaldo médico maior”, ressalta Ariane Benedito.

Nesta visão, Lopes recomenda a compra das ações das da Panvel (PNVL3) para o segmento farmacêutico, da Rede D’Or (RDOR3) para o segmento de atendimento hospitalar e do Instituto Hermes Pardini SA (PARD3) para o segmento de análises clínicas.

Já Ferrer recomenda a compra das ações da Hapvida (HAPV3) devido à fusão da empresa com a Intermédica (GNI3) e também da Oncoclinicas Do Brasil Servicos Medicos SA (ONCO3,) por ser a líder do segmento oncológico.