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Dona das marcas esportivas Mizuno e Olympikus inicia hoje novo jeito de pagar dividendos. Vale comprar?

Confira também outras companhias que pagam proventos todo mês para você ter na carteira de investimentos

Dona das marcas esportivas Mizuno e Olympikus inicia hoje novo jeito de pagar dividendos. Vale comprar?
A Vulcabras (VULC3) é dona das marcas Mizuno e Olympikus. (Foto: Adobe Stock)
  • A Vulcabras (VULC3) anunciou no começo de agosto um calendário de pagamento de dividendos mensais até janeiro de 2025
  • Serão repassados R$ 0,125 por ação todos os meses, o equivalente a R$ 1,50 por ação anualmente
  • No consenso dos analistas ouvidos pelo E-Investidor, o anúncio de proventos mensais torna a ação da calçadista mais atrativa para os investidores

A Vulcabras (VULC3), dona das marcas Olympikus e Mizuno, inicia nesta sexta-feira (23) o pagamento dos seus dividendos mensais. Os investidores que tinham posição acionária em 12 de agosto na empresa devem receber R$ 0,125 por ação. Quem comprou papéis a partir do dia 13 deste mês não terá acesso ao valor, já que as ações passaram a ser negociadas “ex-dividendos” (sem direito aos proventos) na data.

Essa é a primeira leva dos dividendos que começarão a ser disponibilizados mensalmente pela companhia. O pagamento mensal de dividendos faz parte da nova política de remuneração aos acionistas da empresa, divulgada no começo de agosto, junto aos resultados trimestrais da Vulcabras. A medida busca garantir maior previsibilidade na distribuição de proventos aos investidores.

No comunicado sobre a decisão, a companhia dona das marcas esportivas Mizuno e Olympikus explicou que serão repassados R$ 0,125 por ação todos os meses, o equivalente a R$ 1,50 por ação anualmente. Em seu site de Relações com Investidores (RI), a calçadista já disponibilizou o cronograma de pagamentos até janeiro de 2025. Veja a seguir as datas relevantes para garantir os proventos mensais da Vulcabras:

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Ainda no comunicado sobre a nova política, a empresa ressaltou que o valor de distribuição aos acionistas não compromete a busca da companhia por crescimento, seja orgânico ou inorgânico. “É importante frisar que a nossa geração de caixa atual é superior ao dividendo mensal e se não houver oportunidades de investimento que satisfaçam nosso nível de retorno requerido, a companhia deverá inclusive fazer pagamentos extraordinários de dividendos“, ressaltou a Vulcabras.

No consenso dos analistas ouvidos pelo E-Investidor, o anúncio de proventos mensais torna a ação da Vulcabras mais atrativa para os investidores. “O sonho de todo mundo que recebe dividendos é ganhar uma renda mensal. Quanto mais recorrentemente uma empresa conseguir pagar proventos, maior será a atratividade dessa empresa”, afirma Bruce Barbosa, sócio-fundador e analista de ações da Nord Research.

Com valores já estipulados para os dividendos, o acionista também consegue ter uma noção prévia do retorno que conseguirá com os seus investimentos. “Obviamente, tem uma dinâmica também da oscilação do papel, como qualquer investimento em ações, mas eu acho que essa política traz um componente com maior visibilidade para o investidor”, diz Danniela Eiger, Head de Varejo e Co-Head de Equity Research da XP.

Uma previsão de dividendos ajuda o investidor a ter maior segurança ao aplicar no papel, já que a cotação da ação propriamente dita pode variar muito mais por questões macroeconômicas do que por fatores intrínsecos da empresa. Para Fernando Marx, contribuidor e sócio do Traders Club (TC), o fator mais importante não gira em torno do tamanho do dividendo, mas sim na confiança da companhia na distribuição dos valores. “Com esse compromisso de R$ 1,5 anual, a empresa passa um forte recado de previsibilidade de seus resultados, antevendo uma geração de caixa robusta que permita fazer o repasse do dinheiro aos acionistas”, pontua.

O que analistas dizem sobre a política de dividendos da Vulcabras

Um ponto que pode gerar dúvidas nos investidores é se a política de dividendos da Vulcabras tem consistência para se manter no longo prazo. João Daronco, analista da Suno Research, afirma que a resposta para essa questão depende dos lançamentos futuros de produtos da empresa, assim como da concorrência dentro do setor. “O segmento que a companhia atua é bastante competitivo. Já existem grandes players na área e outros surgindo cada vez mais. Então, acho que, olhando para um curto prazo, é factível. Para o longo prazo, o que precisa analisar é a questão de vantagem competitiva para ver se será possível manter esse dividendo mensal”, analisa Daronco.

Os resultados do balanço do segundo trimestre de 2024 da Vulcabras, ao menos, trazem um certo otimismo para a empresa. O lucro bruto no período foi de R$ 323,6 milhões, um aumento de 8% na comparação anual. O resultado também ficou 6% acima da previsão do BTG Pactual, que tem recomendação de compra para o papel, com preço-alvo de R$ 24 – ante a cotação atual de R$ 17,26. O banco ainda considerou positiva a margem bruta da companhia, que atingiu 42,5%, após a calçadista expandir seu portfólio para produtos com margens mais altas e relatar operações mais fortes de DTC (vendas diretas ao consumidor).

Após os resultados, Eiger, da XP, mantém uma visão positiva para a empresa, recomendando a compra da ação da Vulcabras. “É uma empresa muito bem estruturada, consistente, que entregou uma dinâmica de destravamento de valor via expansão de margem. Ela ainda segue com algumas iniciativas que, na nossa visão, devem sustentar resultados para frente, como a introdução de novas linhas de chuteiras”, destaca.

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Os resultados da Vulcabras e os dividendos anunciados por ela também a colocam numa posição de destaque dentro do setor de varejo. “Não é comum encontrarmos varejistas que distribuem dividendos como a Vulcabras vem fazendo. Isso se deve à sua operação, principalmente por atuar como indústria e ter uma forte geração de caixa”, explica Caroline Sanchez, analista da Levante Inside Corp.

Em agosto, o desempenho dos papéis da companhia reflete o otimismo dos especialistas em relação à empresa dona das famosas marcas esportivas. No acumulado do mês, as ações sobem mais de 13%, negociadas no patamar de R$ 17,20. Considerando a cotação atual dos ativos e os proventos mensais anunciados, os analistas estimam um dividend yield (rendimento via dividendos) de aproximadamente 8%.

Vale lembrar que esse indicador mostra a relação entres os dividendos distribuídos por uma empresa e o preço atual de suas ações. Dessa forma, quanto mais o papel da Vulcabras subir, menor será esse dividend yield. Existe, no mercado, o chamado preço-teto de compra, que representa o valor máximo que o investidor está disposto a pagar por uma determinada ação distribuidora de proventos. Na visão de Marx, do TC, para o investidor continuar ganhando um retorno de 8% em dividendos com a Vulcabras, seria aceitável pagar até R$ 18,50 pelo papel.

Para o próximo ano, o Itaú BBA tem uma expectativa positiva para o dividend yield da empresa, esperando que o rendimento ultrapasse o nível de dois dígitos. A casa tem recomendação outperform (equivalente à compra) para a ação, com preço-alvo de R$ 20. Na visão do banco, a Vulcabras tem feito consistentemente decisões assertivas de alocação de capital nos últimos cinco anos e é uma sólida geradora de caixa.

Não é só a Vulcabras: veja outras ações que também pagam dividendos mensais

Uma política de distribuição mensal de dividendos não é tão comum entre as empresas da Bolsa brasileira. Eiger, da XP, explica que, dentro do setor de varejo, essa prática se torna ainda mais rara. “Nenhuma outra varejista, além da Vulcabras, tem essa política de um pagamento mensal definido. Outras empresas fazem distribuições de dividendos atreladas aos resultados da companhia.”

A analista afirma que, nesses outros casos, o acionista não tem uma visibilidade prévia do montante a ser distribuído pela empresa até os balanços serem liberados. Geralmente, as varejistas se comprometem a realizar um pagamento mínimo de proventos em cima dos resultados, mas os valores oscilam de acordo com os números reportados.

Considerando outros setores da Bolsa brasileira, a prática de repasses mensais de dividendos também não se encontra largamente presente. “A gente tem uma cultura muito mais de dividendos semestrais e anuais. Algumas até distribuem trimestralmente, mas mensalmente são poucas. Esse é um tipo de repasse muito mais utilizado por Fundos de Investimento Imobiliários (FIIs) do que por ações”, diz Daronco, da Suno Research.

No entanto, há exceções que, assim como a Vulcabras, distribuem dividendos mensais. Um dos exemplos é o Banestes (BEES3), que repassa proventos aos seus acionistas no primeiro dia útil de cada mês. Em 2024, a empresa pagou um valor bruto de R$ 0,0227910950 por ação, além de juros sobre capital próprio (JCPs) intermediários em julho, no valor de R$ 0,0921899198 por ação.

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Outro banco que segue uma prática semelhante é o Bradesco (BBDC3;BBDC4). Ao longo deste ano, a instituição distribuiu JCPs mensais aos seus investidores. O pagamento sempre ocorre no primeiro dia útil de cada mês proporcionalmente à quantidade de papéis que o acionista detém. Em 2024, o valor pago mensalmente por ação ordinária foi de R$ 0,017249826 e por preferencial foi de R$ 0,018974809.

O Itaú (ITUB3;ITUB4) segue a mesma linha de distribuição de JCPs. A cada mês, o banco repassa R$ 0,015 por ação aos acionistas. Os valores são pagos para ações ordinárias e preferenciais. A instituição também define semestralmente em assembleia um dividendo complementar a ser repassado para os detentores dos ativos.

Para além do setor financeiro, outra empresa que tem chamado a atenção do mercado por seus dividendos mensais é a JHSF (JHSF3), conhecida como a incorporadora dos ricos e dos ultra-ricos. Conforme explicamos nesta reportagem, a empresa anunciou previamente um calendário de proventos para 2024, com pagamentos de R$ 0,0309491179 por ação a cada mês.

Apesar de não ter uma distribuição mensal de proventos como a Vulcabras (VULC3), a Itaúsa (ITSA4) também se destaca quando o assunto é a recorrência no pagamento dos valores. A empresa distribui R$ 0,02 por ação, ordinária ou preferencial, para acionistas com base em sua posição no último dia útil dos meses de fevereiro, maio, agosto e novembro. O crédito em conta ocorre, então, no primeiro dia útil dos meses de abril, julho, outubro e janeiro, respectivamente.

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