O que este conteúdo fez por você?
- Após a grande saída de capital estrangeiro da B3 durante a pandemia da covid-19, o fluxo voltou a ficar positivo no final de 2020 e continuou com forte entrada no começo deste ano
- Segundo especialistas, fluxo voltou a ficar positivo devido à alta liquidez global
- O movimento deve continuar nos próximos meses e ações do setor de bancos e commodities são as mais beneficiadas
Após o saldo de investimento estrangeiro na B3 cair abruptamente durante o auge da pandemia da Covid-19, o que gerou fluxo negativo de cerca de R$ 68 bilhões até julho, a entrada de capital gringo voltou a ficar positiva no segundo semestre de 2020. Especialistas apontam que o cenário pode fazer com que o Ibovespa chegue aos 130 mil pontos nos próximos meses. O índice encerrou o pregão de terça-feira (26) aos 115.882,30 pontos.
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O movimento deve ser visto com bons olhos pelos brasileiros e pode ser uma oportunidade para o investidor alavancar a rentabilidade das carteiras. De acordo com os analistas, a robusta entrada de capital estrangeiro na bolsa reflete a alta liquidez global e o fato de que o Ibovespa está muito barato em dólares. “O dólar alto fez o poder de compra dos estrangeiros aumentar e nossa bolsa ficou ainda mais barata”, diz Daniel Abrahão, assessor e sócio da iHUB Investimentos.
O auge da virada de mesa ocorreu em novembro, quando o saldo ficou positivo em R$ 31,5 bilhões, valor recorde na contagem mensal desde o início da série histórica, em 1995. Em dezembro, o fluxo foi positivo em US$ 3,6 bi.
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Apesar disso, a recuperação não foi o suficiente e 2020 encerrou com fluxo estrangeiro negativo de US$ 4,6 bi, segundo dados do Banco Central.
Neste começo de 2021, o movimento de entrada nos últimos dois meses do ano continuou em 2021 e, até o fechamento do mercado na 5ª (21) – último dado disponível – , os investimentos estrangeiros na B3 somaram R$ 21,6 bi – resultado de R$ 246,7 bi em compras e R$ 225,1 em vendas – sendo o melhor janeiro, em termos nominais, da série histórica elaborada pela B3 desde 1995.
Para efeito de comparação, o IBOV era cotado a 117.026 pontos em reais no dia 21 de janeiro de 2020. Na moeda americana (BVSPUSD), seu patamar ficou em 27.781 pontos na mesma data.
Já em 21 de janeiro deste ano, o Ibovespa estava mais um pouco mais alto do que no ano passado em reais, cotado a 118.328 pontos. Em dólares, no entanto, o índice ainda não se recuperou e ficou em 22.257 pontos.
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Os estímulos econômicos geraram alta liquidez global, o que levou investidores estrangeiros a buscarem boas oportunidades de lucros ao redor do mundo, com a possibilidade de fazer bons negócios na B3.
“A entrada não é exclusiva na bolsa brasileira, mas aqui o movimento é forte, pois em dólares o Ibovespa é o índice mais atrasado entre os emergentes”, comenta Bruno Guimarães, head de Renda Variável da EWZ Capital.
Movimento deve impulsionar o Ibovespa
Para Abrahão, o Ibovespa deve ser impulsionado com o fluxo gringo positivo e pode chegar aos 130 mil pontos nos próximos meses. Isso porque a participação do investidor estrangeiro é a mais representativa para o giro financeiro do principal índice da bolsa brasileira. “O dinheiro gringo ainda é muito relevante na B3 e o saldo bem positivo tem força para alavancar o IBOV”, diz o sócio da iHUB Investimentos.
Segundo dados da B3 deste mês, do volume total negociado no IBOV em janeiro, cerca de R$ 438 bi, 24,84% é de investidores estrangeiros. Investidores institucionais aparecem logo na sequência, com 12,80%, e os individuais fecham o pódio, com 10%.
Além disso, a tendência para os próximos meses é de que o saldo de investimento estrangeiro na B3 continue crescendo. Isso porque a liquidez vai continuar alta com a aprovação do pacote de estímulos à economia norte-americana e a política do novo presidente dos EUA, Joe Biden, que terá um foco maior no mercado global.
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Com isso, os investidores devem continuar buscando barganhas nas bolsas ao redor do mundo. “Há muito espaço para o Ibovespa crescer, principalmente em dólares. E apesar do risco fiscal bem evidente no País, não dá para deixar de lado as oportunidades como as que temos”, afirma Guimarães, da EWZ Capital.
O que isso significa para o investidor local?
Como os investidores estrangeiros representam a maioria dentro da B3, o seu fluxo positivo é uma notícia positiva para o investidor local. Afinal, o gringo é mais conservador e sua volta significa que o potencial de valorização é grande.
“O estrangeiro busca investir em países com perspectiva de crescimento maior com menos riscos. Então, sua volta para a B3 é um sinal positivo para o investidor local, pois mostra que o exterior também está enxergando boas perspectivas aqui”, afirma José Francisco Cataldo, head de research da Ágora Investimentos.
Ações de grandes empresas
Segundo os especialistas, o capital estrangeiro que entra na B3 sempre se concentra nas maiores empresas do mercado, as chamadas blue chips. As ações do setor de commodities e bancos devem ser as mais beneficiadas com o saldo positivo.
Isso acontece porque essas companhias são muito sólidas e possuem bons fundamentos. A desvalorização dos papéis devido à crise apenas os deixou mais atrativos. “O gringo só entra na festa quando sabe que ela é positiva, mesmo que seja um pouco atrasado”, diz Abrahão.
Guimarães destaca principalmente o setor bancário, que deve apresentar uma boa recuperação no pós-pandemia. “Faça chuva ou faça sol os bancos vão reportar lucros bilionários e o upside dos ativos está muito grande, principalmente em dólares”, diz ele, salientando que após esses setores, o capital estrangeiro tem preferência pelo varejo. “São as queridinhas da B3”, ressalta o head da EWZ Capital.
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Então, ações como estas podem ser impulsionadas e ter desempenho acima da média do mercado daqui para frente se a entrada de investimento gringo continuar positiva na bolsa brasileira. “São ações típicas de estrangeiros e sempre são impulsionadas pelo saldo positivo”, afirma Abrahão, da IHUB.
Vale lembar, no entanto, que para o saldo se manter positivo o País deve continuar indicando o compromisso com a questão fiscal e as reformas para recuperar a economia brasileira. “Sem isso os estrangeiros voltam a sair e o Ibovespa e os ativos são penalizados”, diz Cataldo, da Ágora.