- Na manhã desta quinta-feira (12), o agora ex-presidente da Americanas, Sergio Rial, declarou que os R$ 20 bilhões em inconsistências no balanço da companhia se relacionam a “risco sacado"
- A companhia vendedora emite uma fatura que contempla o prazo a ser financiado pelo banco, porém não reconhece em sua contabilidade a venda pelo valor presente. E com isso apresenta um EBITDA maior
- Assim, a companhia compradora consegue distorcer sua real situação financeira
Na manhã desta quinta-feira (12), o agora ex-presidente da Americanas (AMER3), Sergio Rial, declarou que os R$ 20 bilhões em inconsistências no balanço da companhia se relacionam a “risco sacado que não era lançado como dívida”. Rial participou de uma reunião com clientes do BTG Pactual.
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“Basicamente, estamos dizendo que a dívida da companhia é maior”, afirmou. Ele acrescentou que a varejista precisará de capital e que, para isso, os acionistas de referência já foram contactados e eles têm mostrado comprometimento com a empresa.
De acordo com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o ‘risco sacado’ consiste em uma modalidade de antecipação de recebíveis. Ou seja, “a companhia vendedora emite uma fatura que contempla o prazo a ser financiado pelo banco, porém não reconhece em sua contabilidade a venda pelo valor presente. E com isso apresenta um Ebitda maior”. Assim, a empresa compradora consegue distorcer sua real situação financeira.
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O Ebitda é o acrônimo da expressão em inglês Earnings before interest, taxes, depreciation and amortization (ou lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização, em português), e serve como “um indicador bastante útil para medir o potencial de geração de caixa da empresa, a fim de descobrir quão produtiva e eficiente ela se torna com o passar dos anos”, afirmou a Rico em relatório.
A CVM, em ofício circular divulgado em 2016, explicou também que dependendo da transação efetuada, que pode incluir prazos mais longos que os usuais para aquisição de estoques, a companhia compradora pode ser incentivada a assim proceder porque conseguiria escapar a “covenants” contratuais (índice de cobertura de juros ou de endividamento oneroso, por exemplo). Isso dá, na prática, outra visão financeira da varejista para o mercado.
Tanto que, no último balanço divulgado, sobre os resultados do terceiro trimestre de 2022, o Ebitda ajustado foi de R$ 582,3 milhões, enquanto o lucro bruto foi de R$ 1,73 bilhão. A próxima divulgação está marcada para 29 de março.
Vale destacar que tanto Rial quanto o diretor de Relações com Investidores, André Covre, comunicaram ao mercado a decisão de não permanecer na companhia após serem detectadas as inconsistências em lançamentos contábeis, ainda em análise preliminar, com data-base de 30 de setembro de 2022.
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