- O resultado positivo surpreendeu o mercado e as ações da companhia encerraram em alta de 3,61% no pregão desta quinta-feira (28)
- O otimismo também contribuiu para a boa performance dos papéis da Azul, que encerram com ganhos de 1,51%
- A Ativa Investimentos enxerga que o setor aéreo deve enfrentar alguns fatores que podem impactar nos resultados dos próximos trimestres. Um deles é a volatilidade cambial
A Gol conseguiu dobrar sua receita líquida no primeiro trimestre deste ano em comparação ao mesmo período do ano passado. O resultado positivo surpreendeu o mercado e as ações da companhia encerraram em alta de 3,61% no pregão desta quinta-feira (28).
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O otimismo também contribuiu para a boa performance dos papéis de outra companhia aérea nacional, a Azul, que encerram com ganhos de 1,51%. O problema é que, na avaliação de analistas, a alta do dólar, a inflação e possíveis mudanças regulatórias no despacho de bagagens podem afetar o setor nos próximos meses.
De acordo com o resultado do primeiro trimestre da Gol, a receita líquida da companhia passou de R$ 1,56 bilhão no mesmo período de 2021 para R$ 3,22 bilhões. O salto representa um crescimento percentual de 105,4%.
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“Os custos e despesas operacionais cresceram bem menos que a receita (+50,4%), embora os gastos com combustíveis tenham subido 113,0% no período comparativo. Com isso, o resultado operacional (EBIT) passou de um prejuízo de 522,5 milhões no 1T21 para um lucro de R$ 77,1 milhões no 1T22”, explica Mário Mariante, analista chefe da Planner Corretora, o otimismo do mercado para a companhia.
Os ganhos foram impulsionados, principalmente, pela queda do dólar no último trimestre, que ajudou a reduzir os custos da companhia. Além disso, o relatório da Ativa Investimentos sobre o balanço da Gol aponta que a companhia se beneficiou com o retorno da demanda corporativa e do êxito da companhia em repassar a inflação para os preços das passagens.
O que esperar do setor aéreo?
A Ativa Investimentos enxerga que o setor aéreo deve enfrentar alguns fatores que podem impactar nos resultados dos próximos trimestres. Um deles é a volatilidade cambial. Nos últimos dias, o dólar tem apresentado recuperação frente ao real e se aproxima dos R$ 5.
A alta no preço do combustível também deve aumentar os custos operacionais da companhia. “A inflação e mudanças regulatórias podem ser prejudiciais à dinâmica do setor no país”, acrescenta a Ativa, que mantém uma posição neutra para os papéis da GOL.
Além disso, a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR) emitiu uma nota nesta quarta-feira (27) informando que o retorno da gratuidade do despacho das bagagens aéreas pode ser prejudicial para o setor. A exclusão da cobrança foi aprovada pela Câmara dos Deputados na última terça-feira (26), por meio da votação da Medida Provisória 1089/21, que traz reformulações para o setor.
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Na avaliação da entidade, a medida do legislativo pode reduzir a competitividade das companhias aéreas. “Antes dessa regra o valor pelo despacho de bagagem era diluído no preço dos bilhetes de todos os passageiros. É importante lembrar que logo após a implementação da cobrança pela franquia de bagagem, ao menos oito empresas estrangeiras, sendo sete “low cost”, demonstraram interesse em operar no país”, destacou a ABEAR.
O texto segue para análise do Senado. Caso seja aprovado pela casa, será encaminhado à sanção do presidente Jair Bolsonaro.
No entanto, Mário Goulart, analista da O2 Research, aponta que o contrato da Gol com o Mercado Livre para transporte de carga deve contribuir para o aumento da receita da companhia. “A Gol terá uma frota dedicada de cargueiros para o Mercado Livre e a companhia deve incrementar R$ 1 bilhão em sua receita nos próximos cinco anos”, ressaltou o analista.
Com esse acréscimo, Goulart aponta que a Gol pode mais que dobrar o seu faturamento de transporte de cargas nos próximos anos. Atualmente, de acordo com os dados da empresa, essa receita corresponde a R$ 208 milhões.
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