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Gigantes da educação: Yduqs (YDUQ3) e Cogna (COGN3) promovem reviravolta na Bolsa

Alta dos papéis pode representar um novo momento para o setor que estava fora do foco há algum tempo

Gigantes da educação: Yduqs (YDUQ3) e Cogna (COGN3) promovem reviravolta na Bolsa
Imagem de Freepik
  • Depois de praticamente dois anos sendo penalizadas na Bolsa, parece que os dias de glória finalmente chegaram para as ações do setor de educação
  • Os papéis da Yduqs (YDUQ3) lideram com folga a ponta positiva do Ibovespa ao acumular uma valorização mensal de 74,38% até o fechamento desta terça-feira (30)
  • O desempenho bastante expressivo é resultado de uma soma de fatores micro e macroeconômicos

Após dois anos de baixa na Bolsa, parece que a recuperação das ações do setor de educação finalmente chegou. A um pregão do fechamento do mês de maio, os papéis da Yduqs (YDUQ3) lideram com folga a ponta positiva do Ibovespa, com uma valorização acumulada de 74,38% até o fechamento desta terça-feira (30).

O desempenho expressivo é resultado de uma soma de fatores. De um lado, os dados mais positivos de inflação, somados à aprovação do novo arcabouço fiscal e à expectativa de um corte nos juros no segundo semestre jogaram uma onda de ânimo em todo o Ibovespa em maio, que caminha para encerrar o período com uma alta superior a 4%. Um movimento que ficou ainda mais evidente nos papéis de setores da economia doméstica, como é o caso das empresas de educação.

A Cogna (COGN3), outra companhia do setor presente no índice Ibov, também registra alta de 40,20% em maio. Ambas companhias performavam em terreno negativo desde o início deste ano.

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“As duas empresas são muito sensíveis a alterações nas taxas de juros”, diz André Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Investimentos. “Uma perspectiva de queda de juros atrai maior fluxo de novos alunos, com um crédito estudantil mais barato, o que acaba por atrair forte fluxo comprador por parte dos investidores.”

O mês também foi bastante positivo para os ativos que não estão na carteira do Ibovespa. As ações da Ser Educação (SEER3) subiram 21,05% no mês, enquanto os papéis da Cruzeiro do Sul (CSED3) e Ânima (ANIM3) têm alta de 38,5% e 30,3% em maio. A exceção é a Bahema (BAHI3), que caiu 15% no período.

Ao contrário de Cogna e Yduqs, porém, os papéis não conseguiram reverter as perdas acumuladas no ano. Ser Educação, Cruzeiro do Sul, Ânima e Bahema caem 12,5%, 12,3%, 22,02% e 34,5% em 2023, respectivamente.

A alta de maio pode representar uma virada de chave para o setor que, como um todo, estava fora do radar há algum tempo, antes mesmo do ciclo de alta nos juros começar.

As empresas de educação começaram a ser penalizadas na Bolsa em meados de 2017, quando o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) foi reformulado. Logo depois, em 2020, essas companhias viram seus modelos de negócios serem novamente abatidos, dessa vez pela pandemia da covid-19.

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Desde então, as ações de Yduqs e Cogna vinham apanhando na Bolsa. “Tudo isso fez o mercado ignorar essas empresas”, destaca Hugo Baeta, analista de Renda Variável da AF Invest. “Quando os juros subiram em 2021, elas sofreram ainda mais porque já estavam muito endividadas”, explica.

Agora, com o fim da pandemia e possibilidade de volta do Fies, a expectativa é de que o cenário continue a jogar a favor de uma recuperação desses ativos. O retorno das políticas de financiamento estudantil foi uma proposta do novo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a campanha eleitoral, no ano passado, e é tido como um fator que pode destravar ainda mais valor nas ações das empresas ligadas à educação. No entanto, nenhuma nova iniciativa foi apresentada até então.

Veja o que esperar do setor daqui para frente.

O lado micro também ajudou

Não é só o fator macroeconômico que tem feito as ações das empresas de educação deslancharem. Os números apresentados pelas companhias na temporada de balanços do primeiro trimestre de 2023 mostraram que o micro também ajudou.

A Yduqs divulgou seus resultados referentes aos meses de janeiro, fevereiro e março deste ano no último dia 9 e surpreendeu. Mostrou forte crescimento de receita e um maior controle nos custos, viu seu lucro líquido quase dobrar (alta de 96%) no comparativo anual, saindo de R$ 76 milhões no primeiro trimestre de 2022 para R$ 149,5 mi em igual período de 2023.

Três dias depois, no dia último 11, foi a vez da Cogna divulgar seus números do trimestre, também positivos. O lucro ajustado cresceu 113%, saindo de R$ 55,2 mi para R$ 117,7 na mesma base de comparação.

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Os bons resultados trouxeram as duas principais empresas do setor de educação da Bolsa de volta à atenção dos investidores depois de um longo período sendo deixadas de lado.

E foi depois dos balanços que boa parte das altas nos papéis de YDUQ3 e COGN3 aconteceram, destaca Rafael Barros, analista de educação e saúde da XP. “Os resultados mostraram uma boa recuperação na capacidade de crescimento dessas empresas, já que os volumes de novas matrículas vieram fortes e as margens se mantiveram em nível bastante saudável”, diz.

Veja o desempenho acumulado pelas ações de educação da Bolsa em maio:

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