O Bradesco BBI rebaixou a recomendação para a ação ordinária da Equatorial e a Unit da Energisa de outperform (equivalente a compra) para neutro, mencionando que ambas negociam com taxas internas de retorno (TIRs) reais mais apertadas, além de serem as empresas de distribuição de energia – junto com Neoenergia (NEOE3) – mais afetadas em uma eventual eliminação total do incentivo fiscal para a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).
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“Dado o evento esperado na próxima semana e os valuations (valor de mercado) mais caros, estamos nos movendo para neutro”, afirmam os analistas Francisco Navarrete, João Fagundes e André Silveira. Eles destacam que Equatorial (EQTL3) e Energisa (ENGI11) subiram cerca de 16% nos últimos três meses (em linha com o Ibovespa) e agora negociam com TIRs reais mais apertadas de 8,5% e de 9,0%, respectivamente.
O banco ainda afirma que os top picks (preferências) no setor são Copel (CPLE6), Sabesp (SBSP3) e Eletrobras (ELET6).
Audiência do Ministério de Minas e Energia
No dia 22 de junho, o Ministério de Minas e Energia deve abrir audiência pública para debater regras de prorrogação de concessão que afetarão todas as distribuidoras, exceto Copel e Cemig (CMIG4). Segundo o Bradesco BBI, as discussões podem ter um início instável, já que o governo pode propor a extensão quid pro quo (dar em troca de algo) a concessão de cobrar um “capex (investimento) social” obrigatório (não adicionado ao RAB, ou base de ativos regulatórios) para compensar a percepção de retornos “excessivos” – esta discussão é bastante esperada pelo mercado.
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No entanto, Navarrete, Fagundes e Silveira reiteram uma visão construtiva sobre como o processo terminará, pois as distribuidoras têm argumentos técnicos sólidos para lutar contra quaisquer acusações propostas. Segundo eles, as distribuidoras também têm a necessidade de o setor continuar investindo para melhorar a qualidade do serviço, o que importa para o governo.
Como potencial surpresa negativa, o Bradesco BBI cita a eliminação dos incentivos fiscais para Sudam/Sudene: “Dificilmente será proposto, mas como o governo vai oferecer novos contratos de concessão para os players assinarem, esta questão poderia ressurgir. Supondo a eliminação total do incentivo fiscal, os mais afetados as empresas seriam NEO (-12% da capitalização de mercado), Energisa (-11%) e Equatorial (-10%)”, avaliam os analistas.