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- Com este resultado, o índice de referência da bolsa brasileira acumulou ganhos de 6,98% em janeiro, a melhor marca desde dezembro de 2020, quando acumulou alta de 9,30%
- Em todo o ano de 2021, para se ter ideia, o melhor fechamento de mês aconteceu em maio: +6,90%. Entre julho e novembro do ano passado, o IBOV encerrou cada um destes meses no vermelho, voltando a fechar no campo positivo apenas em dezembro, com avanço de 2,85%
- Conforme levantamento da Economática, o índice teve o melhor saldo para um mês de janeiro desde 2019, quando teve saldo positivo em 10,82%. Em janeiro de 2020 e 2021, o índice caiu, respectivamente, 1,63% e 3,62%
Nesta segunda-feira (31), o Ibovespa encerrou o pregão em alta de 0,21%, aos 112.143,51 pontos. Com este resultado, o índice de referência da bolsa brasileira acumulou ganhos de 6,98% em janeiro, a melhor marca desde dezembro de 2020, quando acumulou alta de 9,30%.
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Só para se ter ideia, em todo o ano de 2021, o melhor fechamento de mês aconteceu em maio: quando o saldo acumulado foi positivo em +6,90%. Entre julho e novembro do ano passado, o Ibov encerrou cada um destes meses no vermelho, voltando a fechar no campo positivo apenas em dezembro, com avanço de 2,85%.
Conforme levantamento da Economatica, o índice registrou o melhor saldo para um mês de janeiro desde 2019, quando teve saldo positivo em 10,82%. Em janeiro de 2020 e 2021, o índice caiu, respectivamente, 1,63% e 3,62%.
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As ações que mais se valorizaram no primeiro mês deste ano, em ordem, foram: B3 (B3SA3), Hapvida (HAPV3), Itaú (ITUB4), Azul (AZUL4) e Bradesco (BBDC4). Na ponta oposta, os papéis que fecharam o mês no campo negativo foram, em sequência: Locaweb (LWSA3), Alpargatas (ALPA4), IRB Brasil (IRBR3), Embraer (EMBR4) e Braskem (BRKM5).
Por que o Ibovespa subiu em janeiro
Jerson Zanlorenzi, chefe da mesa de renda variável do BTG Pactual digital, explica que alguns fatores influenciaram essa performance do índice, sendo o principal o retorno de capital estrangeiro com mais força em janeiro.
“Essa entrada de fluxo estrangeiro, mais de R$ 24 bilhões, foi bem expressiva versus a nossa média. Isso chamou muita atenção e movimentou o mercado”, observa Zanlorenzi, que também destaca um noticiário mais esvaziado em Brasília, sem grandes novidades de impacto no quadro fiscal.
Com dados disponíveis de até a quinta-feira (27), os investidores estrangeiros entraram com R$ 28,142 bilhões na B3, resultado de compras acumuladas de R$ 325,361 bilhões e vendas de R$ 297,219 bilhões.
Outro ponto que teve influência para a bolsa brasileira, segundo Zanlorenzi, foi uma rodada setorial, onde investidores trocaram de ações de tecnologia por papéis da “velha economia”, principalmente os ligados a commodities.
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“O Brasil é destaque nesse movimento, porque o país é característico de grandes empresas exportadoras, mineradoras, grandes bancos, empresas de consumo. No caso das commodities, o petróleo está com 17% de alta no ano, minério de ferro na mesma linha, o próprio milho, açúcar, a soja, o café, algodão, todas com uma alta parecida. Assim, o País entra em evidência como um mercado emergente com grande exposição a commodities”, diz Zanlorenzi.
Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos, escritório credenciado da XP, avalia que o motivo mais relevante foi a intensificação do “tapering” (redução dos estímulos na economia americana) por parte do Fed (o Banco Central dos EUA), e a sinalização da alta de juros nos Estados Unidos antes do previsto, já em 2022.
Alves observa que os receios da inflação a nível doméstico e global fizeram o Fed acelerar a retirada dos estímulos econômicos, além de aumentar os juros, a fim de cortar a alta acelerada de preços, o que deteriora o poder de compra da população. Isso, ao seu ver, fez a entrada de capital gringo, por investidores que acompanharam durante os meses da pandemia as principais bolsas do mundo, renovar semana após semana as suas máximas históricas.
“Nesse cenário, ativos que tiveram grande demanda no mês de janeiro foram os ligados a commodities (Vale, Petrobras e Suzano), a utilidade pública (como energia, Copel, Taesa, e Eletrobrás), e bancos (Itaú, Bradesco, e Banco do Brasil), que tendem a se beneficiar de um cenário de alta da Selic, os quais estão negociando abaixo dos múltiplos historicamente operados, além de terem uma boa provisão de pagamento de dividendos”, diz Alves.
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O sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil também destaca o recesso parlamentar em Brasília como outro fator que ajudou o Ibovespa. Segundo o especialista, a pauta política mais esvaziada acabou gerando menos impacto nos preços dos ativos locais.
“O que deve mudar no mês de fevereiro e trazer volatilidade extra para o Ibovespa, já havendo desde novembro uma tentativa de antecipação do cenário eleitoral de 2022, o que cada vez mais deve começar a influenciar na cotação dos ativos na B3”, sinaliza Alves.
As 5 melhores ações do Ibovespa em janeiro
Empresa | Ticket | Valorização acumulada no mês |
B3 | B3SA3 | 31,71% |
Hapvida | HAPV3 | 21,97% |
Itaú | ITUB4 | 21,02% |
Azul | AZUL4 | 19,91% |
Bradesco | BBDC4 | 19% |
O setor financeiro foi o grande destaque do mês, com a presença de três papéis entre as cinco maiores altas de janeiro, com destaque para B3, Itaú e Bradesco. Para Felipe Vella, analista de renda variável da Ativa Investimentos, o que mais conta para esse setor é a alta de juros. Se até 2021, essas empresas sofriam com os cortes na taxa de juros, com a retomada da alta da Selic, agora elas têm mais espaço para ganhar nas operações financeiras.
“Inclusive, diversos IPOs estão sendo cancelados e essas empresas que captariam dinheiro vindo a público no mercado, terão que captar esse dinheiro agora no mercado de crédito. E então os bancos tendem a emprestar muito mais dinheiro para médias e grandes empresas em 2022. E, com os juros altos, eles têm mais lucros e consequentemente as ações se apreciam”, afirma Vella.
Na leitura de Alexsandro Nishimura, economista, head de conteúdo e sócio da BRA, os papéis da B3 subiram consistentemente ao longo do mês, “aparentemente respondendo à melhora do desempenho do próprio mercado acionário, com fluxo de investidores e melhora das perspectivas de negócios”.
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No caso de HAPV3, ele diz que as ações responderam positivamente à aprovação sem restrições pelo Cade, da compra e incorporação da Notre Dame Intermédica pela Hapvida, com perspectiva de conclusão da operação em fevereiro.
“As ações do setor aéreo em geral foram beneficiadas pela queda do dólar e também pela percepção de que a variante ômicron não prejudicaria a recuperação do setor em 2022″, diz Nishimura, sobre a presença da Azul no Top5 de altas do Ibovespa no mês.
As 5 piores ações do Ibovespa em janeiro
Empresa | Ticket | Desvalorização acumulada no mês |
Locaweb | LWSA3 | -26,29% |
Alpargatas | ALPA4 | -21,15% |
IRB Brasil | IRBR3 | -18,66% |
Embraer | EMBR3 | -18,17% |
Braskem | BRKM5 | -15% |
Devido a uma troca de setores, os papéis de tecnologia cederam bastante no mês. A LWSA3 liderou as quedas, acompanhando os seus pares, que foram afetados pelo avanço dos juros futuros.
“Ao contrário dos bancos, essas empresas sofrem muito com o ciclo de aumento de juros. Muitas delas são endividadas e o custo de captação para novos projetos ou o custo da dívida aumenta quando os juros sobem”, explica Vella, da Ativa.
No caso de Alpargatas, na segunda posição, Nishimura observa que o papel intensificou o movimento de queda no final de dezembro, com a compra de 49,9% da Rothy’s, e continuou em janeiro, após confirmar a venda de sua fatia na Osklen para a Dass.
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Sobre a ação do IRB, o sócio da BRA diz que não houve um fato novo para o saldo ruim da empresa, com exceção da divulgação do resultado de novembro de 2021, quando a companhia registrou prejuízo de R$ 113,8 milhões, uma queda de 15,5% na base anual.
No caso de Embraer e Braskem, o analista da Ativa explica que essas companhias sofreram com a desvalorização do dólar. “O dólar caiu bastante em janeiro e como boa parte das receitas delas é dolarizada, elas acabam sofrendo. Tanto pelo aumento de juros e, consequentemente, da remarcação do preço justo do ativo no curto prazo, como também sofrem com a diminuição da receita futura, com a expectativa de que o dólar caia”, conclui Vella.