- As ações de 37 companhias listadas na bolsa atingiram o menor patamar desde a sua Oferta Pública de Ações (IPO) nesta segunda-feira (13)
- Segundo os analistas, com o ciclo de aperto monetário, as ações das companhias com geração de lucro no longo prazo são mais penalizadas
- Os dados são de um levantamento feito por Einar Rivero, gerente de relacionamento da plataforma TC/Economatica
As ações de 37 companhias listadas na bolsa atingiram nesta semana o menor patamar desde a sua oferta pública de ações (IPO). É o que aponta um levantamento realizado por Einar Rivero, gerente de relacionamento da plataforma TC/Economatica, com informações atualizadas até o pregão de ontem (13).
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De acordo com os dados, mais de 80% das empresas que se encontram nesta situação abriram capital entre os anos de 2020 e 2021, período em que a taxa Selic atingiu patamares baixos e chegou a 2%. As três companhias mais penalizadas tiveram baixas de mais de 90%: Nexpe (NEXP3), Tecnisa (TCSA3) e Gafisa (GFSA3) com tombos de 99%; 97,6% e de 97,6%, respectivamente.
Mas as quedas têm suas justificativas. Na avaliação de Felipe Moura, analista de Investimentos da Finacap, durante os primeiros meses de pandemia até o primeiro semestre de 2021, o baixo patamar da taxa básica de juros criou um ambiente favorável para a estreia de diversas empresas na bolsa de valores. “Quando você tem uma taxa de juros muito baixa, os investidores precisam tomar cada vez mais riscos para adquirir retornos financeiros adequados ao seu portfólio”, explica Moura.
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De março de 2020 a junho de 2021, a Selic estava abaixo dos 4%. O efeito desse cenário foi a entrada de várias companhias na bolsa de valores. O problema é que, um ano depois, a taxa básica de juros aumentou em mais de 10 pontos porcentuais e caminha para os 13,25% ao ano.
Diante desse cenário de rápido aperto monetário, Moura ressalta que parte das empresas que realizaram IPO nos anos de 2020 e 2021 ainda está amadurecendo o seu modelo de negócio, o que prejudica o desempenho na bolsa em momentos de aversão ao risco. “Muitas dessas empresas ainda não dão lucro ou dão lucros muito baixos. E a perspectiva é que gerem valor ao acionista no longo prazo. Quando a taxa de juros está mais elevada, essas empresas são mais penalizadas”, acrescenta o analista da Finacap.
Já olhando por setor econômico, as empresas com atuação em programas e serviços foram as mais prejudicadas com a presença de seis empresas no levantamento. Foram elas: Mobly (MBLY3), Enjoei (ENJU3), Getninjas (NINJ3), Infracomm (IFCM3), Neogrid (NGRD3) e Meliuz (CASH3). Para Luiz Ciardi, especialista em investimentos na N2, a derrocada dos papéis é um reflexo do ciclo de aperto monetário no país. “Como o Banco Central está com uma política contracionista, o BC impacta diretamente nesse setor justamente pela alta dos preços, queda da demanda por esses serviços e aumento dos juros dos contratos de financiamento”, avalia Ciardi.
Logo em seguida, o setor de incorporação, que são ligadas à construção civil, aparece como o segundo mais afetado. De acordo com o levantamento da plataforma TC/Economatica, das 37 companhias cujas ações atingiram o menor patamar nesta segunda, quatro são incorporadoras: Tecnisa (TCSA3), Gafisa (GFSA3), Plano e Plano (PLPL3) e Mitre Realty (MTRE3).
A justificativa para a queda é semelhante ao do programa e serviços. A diferença é que a alta de juros encareceu o financiamento para a compra dos imóveis, o que impacta diretamente nos resultados das companhias. “O bem que é vendido é de alto valor, adquirido via financiamento. Com o aumento dos juros, a aquisição do imóvel fica mais cara, gerando um aumento de risco, perda na performance dos ativos e desaquecimento do setor”, destaca Igor Cavaca, head de gestão de investimentos na Warren Asset Management.
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Confira as 10 ações que atingiram o seu menor patamar desde o IPO
Nome | Segmento Bovespa | Valor mínimo da ação desde IPO (R$)* |
Retorno desde desde o IPO* |
Nexpe (NEXP3) | Intermediação imobiliária | 0,49 | -99% |
Tecnisa (TCSA3) | Incorporações | 2,05 | -97,6% |
Gafisa (TCSA3) | Incorporações | 1,24 | -97,6% |
Mobly (MBLY3) | Programas e serviços | 2,38 | -88,6% |
Espacolaser (ESPA3) | Produtos diversos | 2,23 | -87,4% |
Brisanet (BRIT3) | Telecomunicações | 1,86 | -86,6% |
Enjoei (ENJU3) | Programas e serviços | 1,5 | -85,3% |
Clearsale (CLSA3) | Serviços financeiros diversos | 3,85 | -84,6% |
C&A Modas (CEAB3) | Tecidos vestuário e calçados | 2,57 | -84,2% |
Getninjas (NINJ3) | Programas e serviços | 3,26 | -83,7% |
Fonte: Einar Rivero, gerente de relacionamento da plataforma TC/Economatica/*Dados referentes ao pregão do dia 14/06/2022 |