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Veja quais ações pagam dividendos acima da Selic a 10,50% ao ano

Analistas apontam ações para o investidor receber dividendos acima da taxa de juros; confira

Veja quais ações pagam dividendos acima da Selic a 10,50% ao ano
A Selic é a taxa básica de juros do Brasil (Foto: Envato Elements)
  • Petrobras, Bradespar, CSN Mineração e Cemig pagam dividendos acima da Selic
  • Analistas apontam que duas delas devem continuar pagando dividendos acima da Selic.
  • Outras duas podem pagar dividendos abaixo da Selic. Cabe ao investidor decidir quais ativos comprar

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulgou nesta terça (6) a ata que aponta os motivos para a manutenção da taxa básica de juros da economia, a Selic, em 10,50% ao ano. Segundo o documento, a decisão foi compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante. Com os juros nesse patamar, encontrar investimentos em renda variável que paguem dividendos acima da Selic é uma tarefa cada vez mais difícil.

Por isso, o E-Investidor encomendou um levantamento da Economatica para saber quais ações do Ibovespa pagam dividendos acima da Selic de 10,50%. Entre as empresas que ficaram com os 4 primeiros lugares está a Petrobras, com a ação preferencial (PETR4) como a campeã, com o pagamento de 20,85% do seu valor de mercado nos últimos 12 meses.  Já as ações ordinárias da empresa (PETR3) têm retorno de 18,76% do seu valor de mercado em proventos em 12 meses.

A lista continua com as duas ações da Bradespar (BRAP3; BRAP4): a BRAP4 paga 12,32% do seu valor em dividendos e a BRAP3 deposita 12,17% do seu valor em proventos.

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A CSN Mineração (CMIN3) é a terceira empresa, sendo a quinta ação da lista. A companhia entregou um rendimento de 11,55% nos últimos 12 meses. Já a Cemig (CMIG4) desembolsou 11% do seu valor de mercado em dividendos.

Mesmo com esses dividendos polpudos de ações do Ibovespa, o investidor deve lembrar que ganhos passados não garantem retornos futuros. Justamente por isso, o ideal é não comprar o papel pensando que o volume de dividendos será exatamente o mesmo sem observar as projeções do mercado. Consultamos analistas para saber se essas quatro empresas podem continuar pagando dividendos acima da Selic.

Petrobras deve continuar pagando dividendos acima da Selic

O consenso dos analistas é de que a Petrobras deve continuar pagando bons dividendos nos próximos 12 meses. A Ágora Investimentos classifica a ação da Petrobras como sua favorita do setor de petróleo. Os analistas calculam que a empresa deve entregar cerca de 16,1% do seu valor de mercado em dividendos em 2024.

Os especialistas da Ágora esperam que a companhia reporte bons resultados no segundo trimestre de 2024 com o anúncio de US$ 2,2 bilhões em remuneração aos acionistas com base em sua política de dividendos trimestrais. “Esperamos um Ebitda, que mede o resultado operacional, de US$ 12,2 bilhões no segundo trimestre de 2024, o número é 2% menor que o trimestre anterior”, explicam Vicente Falanga do Bradesco BBI e Ricardo França da Ágora Investimentos.

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A Ágora tem recomendação de compra para ações da Petrobras com preço-alvo de R$ 47 para o fim de 2024, uma alta de 31,65% na comparação com o fechamento de segunda-feira (5), quando a ação encerrou o pregão a R$ 35,70. A Levante tem praticamente a mesma perspectiva.

Para João Abdouni, analista da Levante, a Petrobras deve pagar cerca de 13% do seu valor de mercado em dividendos nos próximos 12 meses. O analista comenta que a companhia deve continuar apresentando bons resultados desde que o preço do barril de petróleo no mercado internacional não fique abaixo dos US$ 70.

“Com base nessas estimativas, acreditamos que o investidor deve comprar a ação até na faixa dos R$ 35. Passando dos R$ 36, o ativo deixa de ser atrativo para o investidor que quiser ganhar esses dividendos”, aponta Abdouni. O especialista tem preço-alvo de R$ 44 para ações da Petrobras, uma potencial alta de 23,2% na comparação com o fechamento de segunda-feira.

Já Mateus Haag, analista da Guide Investimentos, estima que a Petrobras deve continuar gerando caixa nos próximos meses, o que deve significar um bom pagamento de dividendos. O especialista alerta que possíveis novas aquisições da petroleira podem fazer com a estatal deixe de pagar dividendos atraentes, isso porque a estatal desembolsa 45% do seu lucro líquido, que pode ser reduzido caso o endividamento cresça.

“Ainda não temos nada confirmado, mas surgiram notícias recentemente de que a estatal está fazendo uma proposta por um campo na Namíbia. Caso isso se confirme, a empresa tende a reduzir o pagamento de dividendos para fazer esse investimento. Esse ou qualquer outro investimento futuro que mexa com o endividamento da empresa pode impactar os dividendos da companhia”, explica Haag. O analista da Guide calcula que a estatal deve pagar R$ 1 por ação no próximo trimestre e a empresa deve continuar sendo uma boa pagadora de dividendos. O rendimento em proventos nos próximos 12 meses será de 18%.

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Bradespar: ação deve subir e pagar dividendos acima da Selic

A Bradespar divide opiniões em relação ao seu pagamento de proventos. Analistas do BTG Pactual comentam que o papel está caro. A empresa passa por uma ação no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para resolver um processo litigioso com a Litel Participações e, para os analistas do BTG, essa questão pode gerar uma perda líquida de R$ 1,4 bilhão para a companhia.

“Em uma base relativa, a Vale (VALE3), companhia da qual a Bradespar é acionista, parece uma alternativa de investimento melhor, mas permanecemos com recomendação neutra em relação a ambos os casos”, dizem Leonardo Correa e Caio Greiner, que assinam o relatório do BTG.

O banco de André Esteves tem recomendação neutra para a Bradespar com preço-alvo de R$ 21,18. Ou seja, mesmo que o BTG tenha recomendação neutra, os analistas estimam que a ação pode subir 18,65% até o fim de 2024 em relação ao fechamento de segunda-feira (5), quando a ação encerrou o pregão a R$ 17,85.

Já a Levante acredita que o papel deve continuar sendo um ótimo pagador de dividendos. O especialista destaca que os resultados da Vale devem impulsionar a empresa. Ele estima que a companhia do grupo Bradesco, que possui participação em várias empresas e funciona como uma holding, deve entregar um rendimento entre 12% e 13% do seu valor de mercado em dividendo.

“Esse provento deve ser pago com a ajuda da Vale, visto que a holding tem uma participação de cerca de 3,5% das ações da mineradora. Para capturar esses proventos, o preço do minério de ferro não pode ficar abaixo dos US$ 90 por tonelada e o investidor deve comprar ações até a faixa dos R$ 20”, diz Abdouni. O preço-alvo do analista é de R$ 25, uma alta de 40% em relação ao fechamento de segunda-feira.

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A AGF (Ações que Garantem Futuro) faz um levantamento com base nas estimativas dos analistas do mercado. Os dados estimam que a BRAP3 deve pagar 21,29% do seu valor de mercado nos próximos 12 meses em dividendos. Enquanto a BRAP4 deve entregar um rendimento de 20,49% em proventos. Já Júlio Vieira, contribuidor do Traders Club, estima um dividend yield de 15% para a Bradespar.

CSN Mineração: ponto de atenção

Se a Petrobras e a Bradespar devem continuar no ranking de dividendos acima da Selic, o mesmo não deve acontecer com CSN Mineração e Cemig, segundo a Levante. Os analistas estimam que a CSN deve pagar entre 8% e 10% do seu valor de mercado. Essa projeção deve se manter se o minério de ferro não recuar para abaixo dos US$ 90. Para abocanhar esses dividendos, o analista estima que o investidor deve comprar a ação até a faixa dos R$ 5. No entanto, o papel está cotado a R$ 4,85, cerca de 3,09% abaixo do preço teto. Ou seja, muito próximo do valor máximo, tendendo a aumentar os riscos, visto que a ação está bem precificada.

Já Júlio Vieira, Contribuidor do Traders Club, é o único que vê o papel com uma possibilidade de pagamento de 11% do seu valor de mercado em 2024. Ele diz que, apesar de o cenário macroeconômico ser bastante desafiador em 2024, a empresa ainda deve entregar bons dividendos dada a alta sensibilidade operacional da CSN Mineração ante os preços de commodities.

“Porém, para 2025, acredito que a empresa deve focar em equalizar sua estrutura de capital em detrimento de dividendos extraordinários. O grupo queimou caixa no primeiro trimestre de 2024 (FCF negativo), com o endividamento (alavancagem) passando de 2,6 vezes no quarto trimestre de 2023 para acima de 3 vezes no primeiro trimestre de 2024”, diz Vieira.

O especialista considera expressiva a deterioração do seu negócio siderúrgico da CSN Mineração nos últimos trimestres, com o aço representando agora apenas 12% do EBITDA consolidado e as margens inferiores a 5%, bem abaixo dos níveis históricos. “Ou seja, o mercado deve seguir bem neutro aqui, até que a gente tenha maior visibilidade sobre os próximos movimentos na alocação de capital e perspectivas de desalavancagem”, aponta o especialista.

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A Ágora Investimentos também tem recomendação neutra para CSN Mineração. A corretora calcula um preço-alvo de R$ 6 para as ações da CSN, uma potencial alta de 23,7% em relação ao último fechamento. A corretora calcula um rendimento em dividendos de 9,4% para 2024. Ou seja, no geral, a companhia não deve repetir o feito.

Cemig: menos rentável que o CDI?

A Cemig (CMIG4) é outra empresa que não é vista com bons olhos em relação a dividendos. Na visão de Júlio Vieira, a companhia deve entregar resultados mornos no segundo trimestre de 2024. Apesar da boa melhora em alguns indicadores de volume na parte de geração e distribuição, o analista comenta que a empresa deve ter um resultado financeiro muito negativo devido à variação cambial da dívida denominada em dólares.

“Somando-se isso ao fato de que voltaram a ter margem líquida negativa, o horizonte de dividendos para os próximos 12 meses segue bem limitado, com um rendimento de apenas 4%, bem abaixo do custo de capital. Em termos de precificação, temos uma empresa que negocia com uma Taxa Interna de Retorno (TIR) real de 8,7%, abaixo dos pares. Não é nenhuma barganha”, diz Vieira, que não vê o papel como atrativo.

A Ágora Investimentos não recomenda compra para as ações da Cemig. Os analistas estimam que o papel deve pagar 8% do seu valor de mercado em dividendos ao longo de 2024. Por causa disso, a recomendação para a ação é neutra, com preço-alvo de R$ 14, alta de 30,35% na comparação com o fechamento de segunda-feira (5), quando a ação terminou o dia a R$ 10,74.

A Levante estima que a empresa pague 8% e 10,5% do seu valor de mercado em proventos. O especialista diz que quem quiser buscar esse provento deve comprar a ação até a faixa dos R$ 11. Já o preço-alvo é de R$ 12, equivalendo a uma alta de 11,7%.

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O analista aponta outras empresas que devem pagar dividendos acima da Selic para o investidor. “Esperamos que o dividendo do Banco Brasil (BBAS3) cresça nos próximos 12 meses. A empresa deve aumentar o porcentual do seu lucro pago em dividendos de 45% para 55%. Além disso, o banco estatal deve lucrar R$ 40 bilhões neste ano, o topo da projeção estimada pela empresa, que vai de R$ 37 bilhões a até R$ 40 bilhões”, explica Abdouni.

O especialista reforça que, para ele, Petrobras (PETR4), Banco do Brasil (BBAS3), Bradespar (BRAP4) e Cemig (CMIG4) devem figurar entre os maiores pagadores de dividendos acima da Selic dos próximos 12 meses.

 

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