A Ambipar (AMBP3) reportou lucro líquido de R$ 44,5 milhões no terceiro trimestre de 2024, uma alta de 27,9% em relação ao resultado observado no mesmo período de 2023. Já a receita líquida bateu recorde e alcançou R$ 2,1 bilhões, um crescimento anual de 79,5%. Mesmo na base ajustada, que exclui R$ 639,5 milhões de receita com venda de ativos, o resultado atingiu cerca de R$ 1,5 bilhão, o que representa um crescimento de 25,4% na comparação com igual intervalo do ano passado.
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O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) também registrou um recorde de R$ 515,3 milhões, avanço de 37,0% em relação ao terceiro trimestre de 2023.
Ao E-Investidor, o CFO (diretor financeiro) da Ambipar, João Arruda, explicou que os resultados históricos decorreram de diferentes fatores. Na vertical Environment, especializada em gerenciamento de resíduos com foco em valorização, a empresa concluiu diversos projetos que fizeram com que a sua receita viesse positiva, observando um crescimento anual de 15,9% no ticket médio de resíduos no acumulado do ano até setembro. Parcerias realizadas com outras empresas, como a Heineken, também contribuíram para os resultados.
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Já na vertical Response, que lida com emergências químicas e de poluentes, houve a conclusão de operações de gerenciamento de crise, com o suporte contínuo às autoridades americanas na gestão de incidentes, continuando o atendimento de retirada do cargueiro M/V Dali em Baltimore, nos Estados Unidos. No Brasil, a empresa também destaca o apoio a clientes na proteção de seus ativos contra incêndios e seca.
“A receita veio de forma bastante diversificada, o que nos traz muito conforto e a confiança de que esse resultado vai continuar a ser sustentável”, destaca Arruda, sinalizando que efeitos não recorrentes também ajudaram nos números, a partir dos novos acordos realizados para renovar as frotas da companhia como parte do plano de desmobilização de ativos.
O CFO também reforça que o CAPEX (investimento em bens de capital que uma empresa faz para crescer ou manter suas operações) alcançou o menor patamar em relação à receita já registrado pela companhia. O indicador representou 6,3% da receita líquida no terceiro trimestre deste ano e 9,0% da receita líquida ajustada.
“Reforçamos para o mercado nos últimos trimestres que isso ia acontecer e agora está trazendo essa métrica para um nível bastante sustentável. Estamos no caminho de maior geração de caixa, com menor intensidade de capital e crescimento orgânico muito saudável, então a gente está crescendo a nossa receita de forma orgânica, o que nos traz muito conforto”, indica Arruda, sinalizando que espera resultados positivos da Ambipar daqui para frente.
Nesta reportagem, mostramos que uma das principais preocupações dos analistas de mercado com a empresa era em relação à sua alta alavancagem. Essa métrica mostrou sinais de melhora no novo balanço: atingiu 2,62x da dívida líquida/Ebitda ajustado, uma redução em 0,20x da alavancagem do segundo trimestre de 2024 para o terceiro trimestre. “A gente está indo para um direcionamento de mais desalavancagem ao longo do ano, em linha com o nosso guindance (projeção) de 2,5x até o fim de 2026″, diz Arruda.
O que CFO da Ambipar espera das ações da empresa daqui para frente?
Em 2024, as ações da Ambipar já acumulam uma valorização de 857,85% na Bolsa de Valores brasileira – e o CFO da empresa ainda vê espaço para mais crescimento, pois acredita que, quando comparados com os pares globais, os papéis da companhia ainda operam com desconto expressivo. “A gente acredita que entregando o resultado, na linha de crescimento orgânico sustentável, como que a gente tem feito, tanto em receita quanto em Ebitda, gerando caixa e desalavancando, nos próximos trimestres a gente deve ver uma performance ainda mais positiva da companhia”, ressalta.
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Na visão do mercado, por trás da forte alta dos ativos da Ambipar em 2024, a grande figura de destaque é o CEO da empresa, Tércio Borlenghi Junior. No dia 10 de julho deste ano, a companhia comunicou ao mercado que o executivo ampliou sua participação acionária na empresa, atingindo o montante de 122.165.450 ações, correspondentes a, aproximadamente, 73,135% do capital social total e votante.
Arruda ressaltou que não pode falar sobre os próximos passos do controlador da Ambipar, mas afirmou acreditar que esse movimento reflete o comprometimento dele com a companhia, o que “dá tranquilidade de que a empresa está no caminho certo”.
Quem também ampliou participação na Ambipar neste ano foram os fundos da gestora Trustee. Atualmente, a casa tem 11,89% do capital social da empresa, o equivalente a 19.862.870 ações ordinárias.
“A minha visão sobre a Trustee é de que ela é um investidor de mercado, que comprou ações da Ambipar e indicou nomes ao conselho de administração. Acho que novos nomes no conselho são sempre bem-vindos, mas eu não tenho como dizer quais são as suas motivações. É um investidor de mercado que comprou ações na Bolsa como qualquer outro”, finaliza Arruda.