- A Americanas (AMER3) conseguiu aprovar, na última terça-feira (19), o plano de recuperação judicial da empresa junto aos principais credores
- Entre as principais iniciativas propostas para fortalecer as finanças da varejista, está um aumento de capital de R$ 24 bilhões
- O acordo vem quase 1 ano após a descoberta de um rombo de mais de R$ 40 bilhões nos balanços da companhia
A Americanas (AMER3) conseguiu aprovar, na última terça-feira (19), o plano de recuperação judicial da empresa junto aos principais credores – como os bancos Bradesco, BTG Pactual, Santander, Safra e Itaú. O acordo vem quase 1 ano após a descoberta de um rombo de mais de R$ 20 bilhões nos balanços da companhia.
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Entre as principais iniciativas propostas para fortalecer as finanças da varejista, está um aumento de capital de R$ 24 bilhões, feito via emissão de ações. Deste montante, R$ 12 bilhões serão injetados pelos acionistas de referência da empresa, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, e a outra metade será levantada pelas instituições financeiras credoras, que devem converter as dívidas em papéis.
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Se não acompanharem o aumento de capital, a tendência é de que os minoritários sejam fortemente diluídos. De acordo com cálculos divulgados pela Americanas, a fatia de 30,01% detida hoje pelo trio de acionistas de referência pode chegar a 49,3% após a operação. Os credores, por sua vez, poderão ficar com outros 48,2% da companhia, restando um “free-float” (ações com livre circulação) de apenas 2,5%.
O preço de emissão deve ser de R$ 1,30 por papel. Isto significa um prêmio de mais de 40% em relação ao fechamento da terça (20). “Se a empresa emitisse a preço menor do que o vigente no mercado, isso faria com que os papéis desvalorizassem”, afirma Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos. “Para a empresa, o aumento de capital fará com que a Americanas levante recursos para pagar dívidas.”
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A expectativa é de que o aumento de capital e a aplicação de deságio sobre dívidas, entre outras ações estabelecidas, reduza os débitos da Americanas para R$ 1,9 bilhão. Até 15h41, as ações AMER3 estavam em alta de 5,56%, aos R$ 0,95, com os investidores repercutindo a aprovação do plano de RJ.
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Apesar de ser um passo importante para a reestruturação da Americanas, a aprovação do plano de recuperação judicial não muda as recomendações para os papéis, que estão fora do Ibovespa. Segundo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, há tempos as ações da varejista deixaram de ser uma opção para o investidor comum.
“A AMER3 deveria ser uma ação tida em carteira apenas por especialistas, investidores institucionais com bastante experiência. O papel está muito volátil, em um cenário especial de RJ, que até pode ser revertido – mas a médio e longo prazo”, afirma Cruz. “A maioria dos analistas já não cobre a ação, não está no cenário base. A empresa não tem um diferencial em relação aos concorrentes, o que faz a gente entender que não há uma tendência forte adiante.”
Essa também é a visão de Hulisses Dias, analista CNPI e mestre em finanças pela Sorbonne. “Mesmo com o plano aprovado ontem e a alta das ações no dia de hoje, considero o custo de carrego desfavorável, uma vez que, atualmente, existem outras oportunidades no mercado para se obter um retorno atrativo com menos risco”, diz.
Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research, vê a aprovação do plano como importante para a reestruturação da varejista, mas reconhece as dificuldades de uma recuperação judicial.
“Para mim, as ações são para especulação. A empresa não tem capacidade de fazer investimentos como outrora”, afirma. “E no setor de e-commerce, as margens são baixas e não há diferenciação de produto. O diferencial fica na capacidade de logística, fidelização de clientes, de trazer novas funcionalidades para a plataforma, e se você não faz investimentos, acaba ficando para trás.”
No ano, os papéis AMER3 caem 90%.
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