- Empresa divulgou fato relevante expondo achados de relatório feito por assessores jurídicos; documento aponta fraude com relação às inconsistências reveladas em janeiro
- Divulgação aponta sete executivos envolvidos em fraude: Miguel Gutierrez, Anna Christina Ramos Saicali, José Timótheo de Barros e Márcio Cruz Meirelles, Fábio da Silva Abrate, Flávia Carneiro e Marcelo da Silva Nunes
A Americanas (AMER3) divulgou, em fato relevante publicado nesta terça-feira (13), que um relatório feito por assessores jurídicos da empresa aponta fraude no caso das inconsistências contábeis relatadas pela varejista em janeiro deste ano. A divulgação ainda trata os ajustes contábeis encontrados pela assessoria como preliminares.
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“Os documentos analisados indicam que as demonstrações financeiras da Companhia vinham sendo fraudadas pela diretoria anterior da Americanas”, diz o fato relevante entregue à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Segundo a empresa, os documentos que deram origem ao relatório (entregues pelo comitê de investigação independente) demonstram os esforços empreendidos pela diretoria anterior da Americanas para ocultar do Conselho de Administração e do mercado a real situação de resultado patrimonial da companhia.
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No fato relevante, a Americanas diz que o relatório “indica, ainda, a participação na fraude do ex-CEO Miguel Gutierrez, dos ex-diretores Anna Christina Ramos Saicali, José Timótheo de Barros e Márcio Cruz Meirelles, e dos ex-executivos Fábio da Silva Abrate, Flávia Carneiro e Marcelo da Silva Nunes”.
Confira quem são os executivos acusados de fraude pela Americanas:
Miguel Gutierrez
Gutierrez tem longa carreira na varejista. O engenheiro entrou na empresa em 1993 e passou por áreas como operações, financeira e logística. Esteve à frente do cargo de CEO das Americanas desde 2001 até dezembro de 2022, quando deu lugar ao executivo Sérgio Rial, que revelou o rombo da empresa em janeiro de 2023.
Miguel Gutierrez tinha um perfil discreto, ausente de redes sociais. O ex-CEO raramente concedia entrevistas. Ele era o principal homem de confiança de Beto Sicupira, um dos três principais acionistas da empresa, no negócio.
Anna Saicali
A ex-diretora da varejista está na empresa desde 1997 e foi CEO da AME Digital, carteira digital da Americanas. Formada em artes plásticas e em finanças corporativas, passou pelas áreas de recursos humanos e tecnologia.
Saicali foi diretora presidente da B2W de 2004 a 2018, depois assumiu a presidência do conselho administrativo da companhia até o ano de 2021. A ex-diretora está afastada de suas funções executivas desde desde 3 de fevereiro de 2023. Segundo o fato relevante publicado hoje, seu desligamento da empresa já foi determinado pela administração.
José Timótheo de Barros
José Timotheo Barros foi vice-presidente de lojas físicas, logística e tecnologia da empresa. Com carreira na companhia desde 1996, onde começou como trainee, tinha atribuições relacionadas com relação com fornecedores, lojistas terceirizados, entregadores e gestão de estoque.
Barros foi afastado de suas funções executivas 3 de fevereiro de 2023 e comunicou sua renúncia em 1 de maio do mesmo ano.
Márcio Cruz Meirelles
O executivo foi presidente da B2W entre 2018 e 2021, quando ocorreu a fusão com a Americanas. A partir de 2021, assumiu o cargo de CEO de digital da empresa. Cruz também foi afastado em 3 de fevereiro e já teve o seu desligamento determinado pela administração da Americanas.
Fábio da Silva Abrate
O executivo está na empresa desde 2003 e já passou pelo posto de diretor financeiro e esteve à frente da contabilidade da empresa pelos últimos anos. Abrate é mais um dos afastados em 3 de fevereiro de 2023 e com desligamento determinado agora.
Flavia Carneiro
Também vinda da fusão com a B2W, Carneiro atuava como superintendente de controladoria da companhia. Foi afastada das funções em fevereiro e está desligada da empresa.
Marcelo da Silva Nunes
Outro executivo fruto da fusão com a B2W em 2021, Nunes era diretor financeiro da Americanas. O executivo está afastado das funções desde fevereiro e agora foi desligado da empresa.
Relembre o caso Americanas
O caso Americanas tem como um de seus fatos iniciais a anúncio de “inconsistências contábeis” em seu balanço feito pela empresa em 11 de janeiro de 2023. O rombo relatado à época era de R$ 20 bilhões. O acontecimento acarretou na renúncia do então CEO da companhia, Sérgio Rial, empossado havia 10 dias.
Em 13 de janeiro, a empresa declarou que as dívidas chegavam a R$ 40 bilhões — posteriormente, em 19 daquele mesmo mês, a Americanas entra com um pedido de recuperação judicial. Em fato relevante, a companhia anunciou um total de créditos listados nos documentos com pedido de recuperação judicial de aproximadamente R$ 43 mil.
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