Azzas (AZZA3) é a empresa que resultou da fusão entre Arezzo e Grupo Soma (Foto: Daniel Teixeira/Estadão)
As ações da Azzas 2154 (AZZA3) sobem nesta terça-feira (11) após a empresa divulgar o seus resultados do terceiro trimestre de 2025 (3T25). Por volta das 14h15, os papéis avançam 2,70% cotados a R$ 28,92. Mais cedo, chegaram a atingir máxima a R$ 29,57. Segundo analistas, os resultados da varejista vieram fracos, mas em linha com o esperado pelo mercado financeiro.
A companhia registrou lucro líquido recorrente de R$ 201,3 milhões no período, alta de 22,9% na comparação com o mesmo intervalo de 2024, quando somou R$ 163,8 milhões.
O lucro antes de juros, depreciação, amortização e impostos (Ebitda) ajustado (recorrente) totalizou R$ 476,7 milhões, em linha com um ano antes, quando alcançou R$ 476,8 milhões. Já a margem Ebitda ficou em 16,1%, com expansão de 0,4 ponto porcentual, refletindo maior controle de despesas, segundo a Azzas.
A receita líquida consolidada somou R$ 2,969 bilhões no terceiro trimestre, recuo de 2,3% em relação ao mesmo período de 2024. O resultado foi impactado por devoluções e menores receitas de subvenções fiscais — benefícios tributários dados pelo governo para reduzir ou isentar empresas do pagamento de tributos.
A margem bruta ajustada subiu 0,3 ponto percentual em base anual, para 54,7%, mas teria avançado 1,9 ponto porcentual sem os efeitos negativos da Hering.
Para o Itaú BBA, o balanço do 3T25 pode ser considerado negativo devido à fraca rentabilidade. “No entanto, a combinação de receita mais fraca e ganhos limitados de margem era amplamente esperada e não deve levar a revisões significativas de estimativas”, destaca o banco, que tem recomendação outperform (equivalente à compra), com preço-alvo de R$ 53 para 2026.
O destaque negativo: a Hering
Pela primeira vez, a empresa divulgou os resultados da Hering de forma separada do restante das operações. Com isso, analistas observaram que a menor rentabilidade nas margens bruta e no Ebitda do trimestre veio, principalmente, da unidade básica de vestuário.
A margem bruta da Hering encolheu 9,2 pontos porcentuais na comparação ano a ano, para 34,3%, e a margem Ebitda caiu para 4,3%, recuo anual de 10 pontos porcentuais.
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Por outro lado, as operações fora da Hering apresentaram margem bruta de 58,7%, considerada saudável por analistas. O resultado representa crescimento anual de 1,9 ponto porcentual. Já a margem Ebitda foi de 18,4%, alta de 2,4 pontos porcentuais ante o mesmo período de 2024.
Embora já esperasse que a Hering fosse um peso para as margens, a XP Investimentos ficou surpresa com a magnitude da pressão vinda dessa unidade. A corretora acredita que isso pode explicar a mudança na gestão da operação, com várias iniciativas estratégicas em andamento para que os resultados possam melhorar em 2026.
“Ainda assim, a Hering faz parte da empresa e, portanto, acreditamos que os investidores não vão simplesmente ignorá-la, mas a divulgação pode ajudar a ancorar as expectativas em relação aos resultados futuros”, avalia a XP, que tem recomendação de compra para AZZA3, com preço-alvo de R$ 55 para 2026.
Em outubro, David Python entrou como novo CEO da Hering, no lugar de Thiago Hering. O executivo foi cofundador e CEO da marca de tênis Cariuma e já atuou como diretor comercial (CCO) da Arezzo.
Um 2026 melhor?
Segundo a Ágora Investimentos, a visibilidade sobre os resultados de curto prazo e o potencial de lucro da Azzas segue limitada, o que deve manter o múltiplo pressionado. Por outro lado, a entrada de Python e o diagnóstico preliminar da reestruturação indicam foco estratégico em eficiência, sortimento e gestão de canais.
“Apesar do cenário desafiador, mantemos recomendação de compra para AZZA3, com preço-alvo de R$ 42 para o final de 2026, considerando o potencial de recuperação das unidades em reestruturação”, diz a Ágora.
Na visão doItaú BBA, o trimestre confirma narrativa de transição, com o foco em 2026. “Como já havíamos indicado em nossa prévia, o terceiro trimestre dificilmente traria um ‘sinal verde’ para a tese de investimento em Azzas e o resultado reforçou essa visão. O lado positivo é que a nova divulgação da Hering traz mais confiança de que as partes mais saudáveis do portfólio continuam sustentando o lucro e o fluxo de caixa”, destaca.
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O banco avalia que as mudanças já realizadas no conselho e na gestão, somadas ao foco maior em integração, geração de caixa e retorno sobre capital, podem abrir caminho para um 2026 mais favorável.
“Assim, vemos o terceiro trimestre da Azzas como mais um passo em uma transição dolorosa, mas necessária, com a tese de investimento cada vez mais dependente de avanços visíveis na geração de caixa nos próximos trimestres”, afirma.