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Para Santander e Itaú, chegou a hora de comprar B3 (B3SA3). Veja o motivo

Ambas casas mudaram a recomendação do papel de neutro para o equivalente a compra, em abril, com preço-alvo de R$ 15

Para Santander e Itaú, chegou a hora de comprar B3 (B3SA3). Veja o motivo
(Foto: Adobe Stock)
  • O ciclo de redução da taxa de juros, iniciado pelo Banco Central em agosto de 2023, vai atrair de volta o fluxo de investidores para a Bolsa de Valores
  • Dentre os muitos nomes que podem ser beneficiados, a B3 (B3SA3) aparece como uma opção direta – afinal, com o aumento do fluxo de capital, os resultados da Bolsa devem melhorar
  • Esse panorama positivo fez com que Santander e Itaú BBA elevassem as recomendações da B3SA3 de neutra para outperform, o equivalente a compra, em abril

O ciclo de redução da taxa de juros, iniciado pelo Banco Central (BC) em agosto de 2023, vai atrair de volta o fluxo de investidores para a Bolsa de Valores depois de um período em que a renda fixa dominou as carteiras. Essa tese é muito reforçada por analistas no mercado desde que a Selic começou a cair no ano passado, com a aposta de que o afrouxamento monetário levaria ativos de renda variável, como ações e fundos de investimento imobiliário (FIIs), a um movimento de recuperação. Dentre os muitos nomes que podem ser beneficiados, a B3 (B3SA3) aparece como uma opção direta – afinal, com o aumento do fluxo de capital, os resultados da Bolsa devem melhorar.

Pedro Marinho Coutinho, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital, explica que com a queda do Certificado de Depósito Interbancário (CDI) – principal referência para rendimento de ativos – será natural a busca por diversificação pelos investidores. Com isso, poderemos ver uma tendência de crescimento no ADTV, o volume médio diário negociado na B3. Isso ainda não está acontecendo, dado à postura conservadora do mercado frente ao cenário de juros nos Estados Unidos, que tem atrasado de certa forma as projeções otimistas feitas no início do ano para a Bolsa brasileira.

“Como ainda temos um cenário de juros altos nos mercados mais desenvolvidos, além de uma previsibilidade menor quanto à data do início de flexibilização nos EUA, temos sofrido um pouco com a volatilidade no fluxo de capitais estrangeiro, dado que a nossa Bolsa ainda é muito dependente deste fator”, diz Coutinho. “Porém, a B3 é uma empresa com margens muito altas e geração de caixa sólida. Além disso, é um excelente player para navegar um crescimento do mercado de capitais brasileiro, podendo realmente se beneficiar de um ciclo mais robusto de flexibilização monetária.”

Recomendações para os papéis da B3

Esse panorama positivo fez com que Santander e Itaú BBA elevassem as recomendações da B3SA3 de neutra para outperform, o equivalente a compra, em abril. Ambos têm preço-alvo de R$ 15 para o papel.

Em relatório, os analistas Henrique Navarro, Arnon Shirazi e Anahy Rios, do Santander, destacaram que em interações recentes os investidores estrangeiros se mostraram mais construtivos para com as ações brasileiras. Para o time de research do banco, a volta do fluxo internacional para o País depende mais mais do “quando” do que do “se” – e a B3 pode ser uma das grandes beneficiadas desse movimento. “Acreditamos que quando o fluxo estrangeiro chegar ao Brasil, a B3 poderá ser um veículo para esses investimentos porque alguns investidores enxergam a B3 como uma proxy do ETF brasileiro, além de ser uma ação de alta liquidez e uma empresa de alta qualidade”, explicam.

No Itaú BBA, os analistas Pedro Leduc, William Barranjard e Mateus Raffaelli destacam que a revisão positiva na recomendação se deve a uma “assimetria distorcida para cima” nas ações da B3, que estão sendo negociadas abaixo da média histórica. Com uma perspectiva de melhora no lucro da companhia, graças a margens melhores, o banco vê a B3SA3 como uma posição tática para o momento – a top pick do setor ainda fica com o BTG Pactual (BPAC11).

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“A nossa posição cautelosa em relação à B3 até agora deveu-se a uma combinação de um crescimento mais fraco das receitas, coincidindo com pressões contínuas de custos, impactando as estimativas de lucros e a valorização das ações”, explicam. “Supondo que atingimos o ponto mais baixo em termos de volumes e que as condições macroeconômicas impulsionarão as entradas, espera-se que os resultados da B3 melhorem ao longo de 2024.”

B3SA3 em queda

Apesar do entendimento de que a queda da Selic pode beneficiar o papel, as ações da B3 estão em queda em 2024 – assim como o Ibovespa. Até o fechamento da sexta-feira (19), a B3SA3 acumulava uma queda anual de 21,98%, a R$ 11,18, enquanto o índice de referência da Bolsa caía 6,75%.

Com o fluxo de investidores mais fraco do que se esperava e uma forte saída de capital estrangeiro do mercado brasileiro neste início de ano, o volume financeiro na Bolsa está abaixo do que projetavam analistas. Isso levou a B3SA3 a um múltiplo de preço sobre lucro (P/L) futuro perto de 13 vezes, cerca de 30% abaixo da média histórica.

“Atribuímos esta pressão às fracas tendências de negócios e ao ambiente de taxas de juros local e globais”, dizem os analistas do Itaú BBA. “Não é surpresa que investidores estrangeiros tenham retirado R$ 23 bilhões do mercado de ações local este ano. Os volumes de ADTV da B3 caíram 6% no acumulado do ano. Os fundos de hedge (proteção) e de ações locais ainda estão a registar resgates, embora a um ritmo mais lento.”

Para além desse cenário ainda “travado” no mercado de ações como um todo, os resultados trimestrais divulgados pela companhia em fevereiro foram considerados fracos. A B3 teve um lucro líquido de R$ 1,057 bilhão no quarto trimestre de 2023, fruto de volumes reduzidos e despesas maiores do que eram esperadas.

“O quarto trimestre de 2023 mostrou uma queda relevante na receita média/dia, além de redução nos volumes de registro OTC (negociações menos formais) e custódia. Os custos também vieram acima do esperado no período, devido à operação do Desenrola, pagamento antecipado de algumas despesas, reforço no uso da tecnologia cloud (em nuvem), além de gastos com a consolidação da Neurotech”, explica Pedro Marinho Coutinho, da The Hill Capital.

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