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Americanas deve R$ 26 bilhões para 12 bancos; veja nomes e valores

Varejista em recuperação judicial divulgou informações à Justiça nesta quarta-feira, 25

Americanas deve R$ 26 bilhões para 12 bancos; veja nomes e valores
Entrada de loja da Americanas (AMER3). Crédito: divulgação

A Americanas (AMER3) entregou a lista de credores de seu processo de recuperação judicial nesta quarta-feira (25), segundo informações obtidas pelo Estadão/Broadcast. No total, são 7,9 mil nomes.

Os maiores credores da companhia são os bancos. São pelo menos 12, para os quais a varejista deve R$ 26,4 bilhões. O valor corresponde a mais da metade da dívida total informada pela companhia, que soma R$ 41 bilhões.

O maior credor é o Deutsche Bank, seguido pelo Bradesco e Santander.

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Veja abaixo a lista de nomes e valores:

Deutsche Bank: R$ 5,2 bilhões
Bradesco: R$ 4,8 bilhões
Santander Brasil: R$ 3,6 bilhões
BTG Pactual: R$ 3,5 bilhões
BV (antigo Votorantim): R$ 3,3 bilhões
Itaú Unibanco: R$ 2,9 bilhões
Banco do Brasil: R$ 1,3 bilhão
Daycoval: R$ 509 milhões
Caixa Econômica Federal: R$ 501 milhões
Banco ABC Brasil: R$ 415,6 milhões
BNDES: R$ 276 milhões
Banco da Amazônia: R$ 103 milhões

Segundo apuração do Broadcast, a lista não deve ser definitiva, pois ainda existem informações que estão sendo levantadas.

Em nota, o BV esclarece que a lista não reflete a sua real exposição. Em 11 de janeiro, data de divulgação do fato relevante no qual a Americanas reconheceu suas inconsistências contábeis, o banco era credor de Cédulas de Crédito Bancário (CCBs) devidas pela Americanas em montante de aproximadamente R$ 206 milhões. Conforme contrato, as CCBs do BV foram integralmente liquidadas com aplicações de titularidade da Americanas junto ao banco.

Apesar de aparecer como principal credor da varejista entre as instituições financeiras, o Deutsche Bank esclareceu, em comunicado, que sua exposição à Americanas é indireta.

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“O Deutsche Bank não foi afetado, pois não tem relação de empréstimo nem qualquer exposição de crédito à empresa”, afirma ao Estadão/Broadcast.

O banco alemão, na verdade, atua apenas como agente fiduciário de dois títulos de dívida que a Americanas emitiu no exterior no ano passado, no valor de US$ 500 milhões cada. Isso quer dizer que apenas mantém o título de dívida em seu poder, mas na verdade os papéis são dos investidores que compraram os títulos.

Briga na Justiça contra bloqueio de valores

A Americanas trava uma batalha na Justiça para se defender da cobrança de dívidas pelos bancos.

A empresa conseguiu, inicialmente, uma medida de tutela de urgência cautelar que suspendia a possibilidade de bloqueio, sequestro ou penhora de bens da empresa.

A medida desagradou o BTG Pactual, que subiu o tom e disse que “o fraudador” estaria “pedindo às barras da Justiça proteção ‘contra’ a sua própria fraude”. O banco contra-atacou com diferentes estratégias para reverter a decisão judicial, e conseguiu bloquear R$ 1,2 bilhão. Mas a Justiça voltou a desbloquear o valor nesta terça-feira (24), até que o mérito do pedido do banco seja julgado.

O desembargador considerou para sua decisão “a existência de efetivo deferimento do processamento da recuperação judicial e os consecutivos documentos acostados aos autos” e o que chamou de “notória complexidade das questões envolvidas”.

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A compensação das CCBs do BV também vem sendo objeto de disputa judicial pela Americanas. O banco já informou os valores dos créditos de sua titularidade via notificação extrajudicial à Americanas e vai reiterar a informação, nos autos do processo de recuperação, pedindo a imediata correção dos valores.

Bradesco refuta tese do trio de acionistas

Bradesco manifestou publicamente rejeição ao que chamou de narrativas que atribuem aos bancos a responsabilidade sobre eventuais práticas irregulares adotadas por empresas que fazem negócios com o banco.

A reação vem após o trio de acionistas de referência da Americanas sinalizar que as instituições credoras da companhia teriam chancelado balanços que mascaravam um rombo contábil de ao menos R$ 20 bilhões.

O Bradesco é, segundo fontes, o banco com o maior volume de empréstimos à Americanas, embora não seja o que está relativamente mais exposto à empresa.