Banco do Brasil (BBAS3) revisa projeções e payout em 2025; veja a cotação hoje em tempo real. (Foto: Adobe Stock)
As ações do Banco do Brasil (BBAS3) registram alta de 0,39% por volta das 12 horas do pregão desta sexta-feira (17), a R$ 20,45, acompanhando o otimismo com o setor financeiro e do Ibovespa que, no mesmo horário, avançava 0,68%, aos 143.165 pontos – veja aqui a cobertura completa do pregão. A cotação hoje reflete a virada do setor financeiro na bolsa da Nova York, que abriu em baixa e agora avança.
Desde o início de 2025, BBAS5 tem refletido um ambiente mais desafiador, marcado pelo aumento expressivo das Provisões para Devedores Duvidosos (PDD), que cresceram de forma contínua e exigiram revisões nas projeções do banco, e pela redução do payout(parcela do lucro distribuída em dividendos) para 30%, o que diminuiu o apelo da ação entre investidores que buscam renda passiva.
Essas iniciativas caminham em paralelo com medidas de apoio do governo ao setor rural, que ajudam a conter o impacto da inadimplênciae podem aliviar as provisões futuras.
BBAS3 é o código de negociação (ticker) das ações ordinárias do Banco do Brasil S.A., listadas na B3, a Bolsa de Valores brasileira. O BB é uma sociedade de economia mista de capital aberto, estrutura que combina participação estatal majoritária com acionistas privados. O capital social da empresa é formado exclusivamente por ações ordinárias, sendo que cada uma confere ao titular um voto nas deliberações da Assembleia Geral.
A instituição opera sob o regime das leis do mercado de capitais (Lei nº 6.404, de 1976, Lei das S.A.) e das regras específicas aplicáveis às estatais (Lei nº 13.303, de 2016), que definem parâmetros de governança e responsabilidade pública.
A dupla natureza, pública e privada, faz do BB um caso singular no sistema financeiro nacional: um banco que precisa equilibrar metas de rentabilidade e retorno aos acionistas com sua função estratégica de agente de políticas públicas.
A cotação de BBAS3 reflete a combinação entre fatores operacionais e o ambiente macroeconômico. Entre os vetores mais determinantes está a qualidade da carteira de crédito, especialmente em segmentos mais sensíveis como agronegócio, pessoas físicas e pequenas empresas, áreas que, historicamente, respondem mais intensamente a ciclos de juros e volatilidade econômica.
Embora prudente do ponto de vista regulatório, esse reforço pressiona o custo de crédito, reduz o lucro distribuível e impacta o preço de BBAS3, já que o mercado tende a precificar margens menores e baixar perspectivas de dividendos.
A rentabilidade operacional é outro eixo de atenção. Indicadores como retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) e margem líquida passaram a ser acompanhados com mais rigor pelos investidores após o banco revisar suas projeções de lucro ajustado para o intervalo entre R$ 21 bilhões e R$ 25 bilhões em 2025. A revisão, motivada pelos resultados mais fracos do segundo trimestre de 2025 (2T25), reforça o papel dos próximos balanços como termômetro para o sentimento do mercado.
Trator faz pulverização em plantação; agronegócio sofre com queda dos preços das commodities e alta dos custos dos insumos. (Imagem: Dusan Kostic em Adobe Stock)
Paralelamente, a política de distribuição de lucros exerce influência direta sobre a atratividade da ação. A Lei das Sociedades por Ações (Lei nº 6.404/1976) estabelece que as companhias abertas devem distribuir, como dividendo mínimo obrigatório, ao menos 25% do lucro líquido. O Estatuto Social do Banco do Brasil (clique aqui) segue essa diretriz.
Entretanto, decisões de reduzir o payoutou reter resultados para fortalecimento de capital – caso recente – costumam gerar reação negativa entre investidores de perfil mais voltado à renda, especialmente aqueles que buscam previsibilidade e fluxo constante de proventos.
Por fim, o ciclo de juros da economia brasileira completa o conjunto de variáveis estruturais que afetam BBAS3. Segundo o Banco Central (BC), taxas mais elevadas aumentam o custo de captação e pressionam o crédito, mas também ampliam a rentabilidade de operações com títulos e empréstimos.
Já cortes de juros tendem a impulsionar a concessão de crédito, embora comprimam margens financeiras. Como o BB combina características de banco comercial e instituição de controle estatal, sua sensibilidade a decisões de política monetária se torna maior que a de pares privados, o que torna o ativo especialmente dependente do cenário macroeconômico e da política fiscal do governo.
Divulgação de resultados e a agenda oficial do BB
No calendário oficial de Relações com Investidores (RI) do Banco do Brasil (veja aqui), os marcos de divulgação de resultados de 2025 já estão definidos e devem orientar a agenda dos investidores.O balanço do terceiro trimestre (3T25) tem divulgação prevista para 12 de novembro de 2025. Encerrando o ciclo anual de interações com o mercado, o banco também confirmou a realização do BB Day 2025 para o dia 10 de dezembro, evento tradicional em que a Diretoria Executiva detalha perspectivas estratégicas e metas de médio prazo.
O segundo trimestre de 2025 se mostrou particularmente decisivo: o Banco do Brasil mostrou recuo expressivo no lucro ajustado – cerca de 60% inferior ao registrado no mesmo período de 2024. O resultado abaixo das expectativas levou a uma revisão do guidanceanual, com cortes nas projeções de lucro e na payout.
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A reação dos analistas foi imediata. As revisões de projeções divulgadas após o 2T25 passaram a ser vistas como um marco de inflexão na estratégia do banco para 2025, redirecionando o foco das casas de análise e dos investidores institucionais para os indicadores de eficiência, inadimplência e rentabilidade nos trimestres seguintes.
A expectativa é de que o 3T25 funcione como termômetro para avaliar se o banco conseguirá estabilizar margens e reduzir provisões, retomando gradualmente a trajetória de crescimento dos lucros.
Calendário de proventos 2025: dividendos e Juros sobre Capital Próprio (JCP)
A política de remuneração do Banco do Brasil segue sendo um dos principais pontos de interesse para os investidores em 2025. Em meio a um cenário de revisão de guidance e de lucros pressionados, o banco optou por alterar o cronograma de pagamentos de proventos, com prioridade para juros sobre capital próprio (JCP) como forma de distribuição de resultados.
O Banco do Brasil comunica que, em virtude da necessidade de convergência para o payout de 30% aprovado pela Administração em 13 de agosto de 2025, a remuneração dos acionistas referente ao 3T25 será paga integralmente em 11/12/2025, ou seja, não haverá pagamento antecipado referente ao período.
De acordo com os fatos relevantes já divulgados, foram confirmados JCP referentes ao primeiro e ao segundo trimestres de 2025, em linha com o calendário corporativo previamente anunciado.
1º trimestre de 2025: pagamento total de R$ 1,908 bilhão, equivalentes a R$ 0,33425840109 por ação ON, aprovado em 14 de maio. O crédito foi efetuado em 12 de junho, com base na posição acionária de 2 de junho (ações “ex” a partir de 3 de junho). Parte desse valor (R$ 852,5 milhões) já havia sido antecipada em 21 de março de 2025;
2º trimestre de 2025: R$ 516,3 milhões em JCP, correspondentes a R$ 0,09044686629 por ação ON, aprovados em 19 de maio e com pagamento em 12 de junho de 2025, com base na mesma data de corte (2 de junho, “ex” em 3 de junho).
Qual é a cotação de BBAS3 agora?
A cotação em tempo real das ações do Banco do Brasil (BBAS3) estão na página de cotações do E-Investidor, que reúne o preço atualizado, gráficos de desempenho e variações ao longo do pregão da Bolsa. Por volta das 12h desta sexta-feira (17), os papéis operam em alta de 0,39%, a R$ 20,45, refletindo o comportamento recente do mercado diante das revisões de projeções e da nova política de proventos.
Qual remuneração o BB oferece aos acionistas?
O Banco do Brasil (BBAS3) remunera seus acionistas por meio de dividendos e JCP, dois instrumentos que, embora semelhantes em essência, apresentam tratamentos tributários distintos e exercem impactos diferentes sobre o resultado líquido distribuído.
Houve mudança na política de distribuição de lucros em 2025?
Houve, de fato, uma mudança estrutural de grande relevância na política de remuneração do BB. Em agosto, o Conselho de Administração aprovou a redução do payout (o porcentual do lucro líquido destinado a dividendos e JCPs) de 40% para 30%.
Segundo a administração do banco, a decisão teve como objetivo preservar caixa, reforçar a base de capital e alinhar a política de proventos às metas internas de solvência e provisão.
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A medida foi comunicada em resposta à queda expressiva no lucro ajustado do 2T25 e à necessidade de manter índices de Basileia (que medem a saúde financeira e a solvência de um banco) confortáveis diante de um cenário de maior inadimplência e elevação de custos de crédito.
O impacto da crise sobre a remuneração do acionista foi imediato. Antes da revisão, o guidance do banco indicava lucros entre R$ 37 bilhões e R$ 41 bilhões para o exercício. Após a revisão, a projeção foi cortada para uma faixa de R$ 21 bilhões a R$ 25 bilhões, o que reduz o volume total de dividendos e JCP
O que pesou nos resultados recentes e no humor do mercado?
O principal gatilho para a reavaliação das ações BBAS3 em 2025 foi o resultado 2T25, que marcou uma virada negativa na trajetória de rentabilidade do Banco do Brasil. O lucro líquido ajustado foi de R$ 3,8 bilhões, queda de cerca de 60% em relação ao mesmo período de 2024. O ROE recuou para 8,4%, o menor desde 2016.
O principal vetor dessa deterioração foi o aumento expressivo da inadimplência, especialmente no agronegócio, cujo índice saltou de 1,32% para 3,49% em 12 meses. Esse avanço reflete tanto as condições climáticas adversas, quanto o encarecimento do crédito rural.
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Como consequência, o banco elevou a projeção de custo de crédito para R$ 53 bilhões a 56 bilhões. Esse aumento drenou o lucro e pressionou o capital regulatório, levando a instituição a adotar uma postura de maior cautela em suas projeções financeiras.
O novo intervalo de lucro líquido e projeções de carteira
O Banco do Brasil reviu drasticamente sua projeção de lucro líquido – uma redução de quase 40%. O guidance para o crescimento da carteira de crédito total também foi revisado. Confira as mudanças na tabela abaixo.
Quais são as recomendações e preços-alvo mais recentes?
Lei de Falências foi atualizada em 2020 para permitir que o produtor rural na pessoa física também possa usufruir dela. (Imagem: Firn em Adobe Stock)
A reação dos analistas de mercado à combinação de queda de lucro, aumento da inadimplência e corte do payout foi majoritariamente negativa, resultando na reavaliação dos preços-alvo e, em alguns casos, das recomendações para as ações BBAS3. O mercado reagiu negativamente ao balanço do 2T25, principalmente devido ao baixo ROE e à perspectiva de remuneração acionária significativamente menor.
Assumindo o novo payout de 30% e um lucro líquido na ponta inferior do guidance (R$ 20,4 bilhões), analistas como Evandro Medeiros, da Suno Research, projetaram dividend yield para 2025 de 5,4%. Esta projeção contrasta fortemente com o rendimento histórico do banco, que atraía investidores pela sua alta capacidade de distribuição.
A revisão do guidance e do payout forçou as casas de análise a reajustarem seus modelos de valuation (valor do ativo) do Banco do Brasil, resultando em cortes nos preços-alvo para refletir o novo panorama de risco e rentabilidade.
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A XP Investimentos realizou um corte substancial no preço-alvo, reduzindo-o de R$ 41 para R$ 32. O BTG Pactual também reavaliou sua recomendação, cortando de R$ 34 para R$ 30 e alterando a recomendação para “neutra”. O Santander, por sua vez, foi ainda mais cauteloso, reduzindo o preço-alvo de R$ 45 para R$ 26. O Itaú BBA estabeleceu seu preço-alvo em R$ 25.
Onde encontro mais detalhes sobre o histórico de proventos e exemplos práticos de rendimento?
O histórico completo de proventos e dividendos do Banco do Brasil pode ser consultado na Central de Resultados do RI. Além disso, o portal E-Investidor publica análises e simulações sobre o potencial de renda passiva de BBAS3.
Uma dessas simulações, elaborada pelo analista Fábio Sobreira a pedido da reportagem, mostra quanto seria necessário investir para gerar R$ 5 mil mensais em proventos, considerando a rentabilidade média histórica de 8,5% ao ano. O estudo aponta que, com aportes de longo prazo e reinvestimento dos dividendos, seria possível atingir essa renda em 30 anos investindo cerca de R$ 473 por mês.