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Black Friday das aéreas pode dar um gás na demanda, mas é pouco para sustentar ação

Analistas lembram que consumidor não deixou de viajar por conta do preço, mas da pandemia

Black Friday das aéreas pode dar um gás na demanda, mas é pouco para sustentar ação
Rapaz sentado em aeroporto (FOTO: twenty20photos
  • IATA aponta perdas de US$ 157 bilhões entre 2020 e 2021 para o setor
  • Futura vacina é o fator de maior impacto positivo sobre os papéis
  • Para analistas, quem se posiciona nestas empresas deve ter estômago para aguentar a alta volatilidade

A pandemia atingiu em cheio o setor de aviação. As medidas impostas pelos governos para fechar aeroportos e fronteiras suspenderam as atividades das companhias aéreas. A Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA, na sigla em inglês) informou esta semana que a perda de receita das empresas deve somar US$ 157 bilhões entre 2020 e 2021. O montante é 60% maior em relação à previsão da IATA em julho, e representa cinco vezes o déficit acumulado na recessão de 2008 e 2009.

Ou seja, cenário pior não existe para as aéreas. Tanto que as ações das principais companhias do setor no Brasil estão ladeira abaixo: é o caso de Gol (GOLL4), queda de 38,8%, e Azul (AZUL4), recuo de 37,2%, no acumulado do ano até as 13h de ontem (26). Já as ações da Latam (LTMAQ) só são negociadas no mercado OTC (Over the Counter, na sigla em inglês), por conta do pedido de recuperação judicial da companhia.

Conhecendo as promoções

Para tentar conter o rombo provocado pela pandemia, essas empresas vêm realizando esforços para alavancar as vendas na Black Friday. A Azul, por exemplo, lançou a Azul Friday, com descontos em passagens e pacotes de viagem, e um abatimento de 10% no valor para quem pagar com Itaucard.

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Já a Gol optou por oferecer os tradicionais descontos durante o que chamou de aquecimento para a Black Friday. Hoje foram liberadas novas ofertas e descontos que só valem para este dia. A companhia implementou o pagamento por meio do Pix, para a compra de passagens de forma instantânea.

A rival Latam está promovendo ofertas por meio do Latam Pass, o programa de fidelidade do grupo. Até amanhã (28), o cliente do programa tem a oportunidade de comprar produtos nos hotsites da Renner, Americanas, Submarino e Shoptime e acumular pontos na aérea. Cada real gasto com as parceiras vale de três a 12 pontos no Latam Pass.

Quem é cliente Smiles (SMLS3), programa de fidelidade parceiro da Gol, conta com descontos de até 65% na compra de passagens para destinos nacionais. Os consumidores podem ganhar até 1.000 milhas de bônus ao utilizar o programa de reservas Viaje Fácil, além de 10% de desconto na taxa de embarque com o pagamento em milhas. Em comunicado, André Fehauler, CEO da Smiles, diz que mesmo em um cenário desafiador como o atual, a empresa investiu 20% a mais nesta edição da Black Friday, confiando no aumento da demanda.

O E-Investidor conversou com especialistas para entender se os eventuais resultados positivos da Black Friday podem repercutir nas ações das empresas.

Expectativas

Para Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos, dependendo do aumento no volume de vendas, pode acontecer a geração de um fôlego nas ações das companhias. “Se os números de vendas das passagens vierem acima das expectativas do mercado, com alta da demanda, pode haver uma reação dos papéis”, diz.

Mas a Black Friday por si só não é suficiente como indicativo, diz. “Pode ser um indício positivo de uma demanda represada, que está retornando. A data comemorativa tem a chance de intensificar esse movimento, gerando um efeito de curto prazo, mas não garante uma alta significativa nos papéis”, afirma Carvalho.

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Já para Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos, o problema das companhias aéreas não é o preço em si. “Claro que em momentos de promoção as pessoas ficam mais dispostas a fazer compras. Podemos até ver uma demanda maior nos voos domésticos. Mas as aéreas não têm muito espaço financeiro para ficar distribuindo desconto”, diz.

De acordo com Esteter, a demanda ainda não foi restabelecida e, embora haja uma recuperação do setor comparado a meses anteriores, a procura está bastante fraca em relação ao ano passado. “Hoje o brasileiro não deixa de viajar por conta do preço, e sim por causa da condição sanitária”, diz.

Carvalho explica que o setor das companhias aéreas é bastante volátil e que as notícias envolvendo as vacinas têm um impacto positivo sobre os papéis. “Quando olhamos para o gráfico no curto/médio prazo, as ações tiveram uma avanço muito forte em função do noticiário positivo sobre as vacinas. Mas pode ser que hajam correções nos preços das ações, que subiram muito. Em algum momento, então, os investidores podem querer colocar o lucro no bolso”, diz.

O analista da Toro Investimento contou que a corretora digital até tinha a recomendação de compra para os papéis da Azul. A operação, contudo, foi encerrada, depois que a ação atingiu o preço-alvo de R$ 35, o que representou um ganho de 40% para seus clientes. “A perspectiva é positiva. Olhando de meados de 2021 para frente, poderemos observar muita volatilidade nesses papéis por conta das vacinas. Acredito que o grande receio do mercado tenha passado”, conclui Carvalho.

Esteter vê a Azul melhor posicionada no setor, mas chama a atenção para a alta volatilidade do setor. “Os riscos do setor são inerentes, quem se posiciona nessas empresas tem que estar preparado para dias em que a ação sobe 10%, mas também pode cair 10%”, afirma. “Se não tiver estômago para isso, pode sofrer”.

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