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Por que Pão de Açúcar (PCAR3), Azul (AZUL4) e CSN (CSNA3) tiveram os melhores desempenhos da semana na Bolsa

O Ibovespa perdeu a zona dos seis dígitos e encerra o período aos 98.363,22 pontos, menor nível desde 7 de julho

Por que Pão de Açúcar (PCAR3), Azul (AZUL4) e CSN (CSNA3) tiveram os melhores desempenhos da semana na Bolsa
Loja do Pão de Açúcar em São Caetano do Sul (Crédito: Google Street View)
  • As três ações que mais se valorizaram na semana de 7 a 11 de setembro foram Pão de Açúcar (PCAR3), Azul (AZUL4) e CSN (CSNA3)
  • Alta do papel do GPA veio com o mercado reagindo positivamente a notícia de que o grupo pretende separar suas operações da rede de atacarejo Assaí
  • Indicadores otimistas do setor aéreo e aumento do preço do aço pressionaram para cima as cotações dos papéis de Azul e CSN, respectivamente

A semana termina sem motivos para comemorar. O Ibovespa perdeu a zona dos seis dígitos e encerra o período aos 98.363,22 pontos, menor nível desde 7 de julho. Na semana, acumulou a segunda perda seguida, agora de 2,84%, em seu pior desempenho desde 15 de maio (-3,37%).

“Foi uma semana ruim, com um ajuste que veio de fora desde o fim da semana passada, com Nova York. Houve uma alta íngreme e sem respiro por lá e, desde agosto, passou a prevalecer aqui cautela quanto à política e a situação fiscal brasileira, que cortou a progressão do Ibovespa. Então, nesta semana que termina, faltou âncora doméstica e externa para segurar o índice”, diz Eduardo Cavalheiro, sócio-gestor da Rio Verde Investimentos, que mantém viés positivo caso as reformas mostrem algum avanço neste ano. “A alternativa de não se fazer nada nem tem como ser colocada – a foto do Brasil ficaria muito ruim.”

Renato Chain, economista da Parallaxis Economics, disse ao Broadcast que o índice se manterá “caranguejando”, mas chama atenção para aspectos ainda não muito presentes nos preços dos ativos e que podem vir a requerer o olhar dos investidores, como a inflação no Brasil, a possibilidade de uma segunda onda mais intensa da Covid-19 no mundo, sem ainda uma vacina, e a possibilidade de o presidente Donald Trump vencer a disputa pela reeleição nos EUA, que “seria uma validação nas urnas da política de enfrentamento com a China”.

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“Em um cenário negativo, mais longo, o Ibovespa poderia vir abaixo de 90 mil pontos. Lá fora, está todo mundo contando com vacina em breve, e ninguém nem piscou para o que ocorreu no teste da AstraZeneca, vista como uma opção de vacina entre outras. Aqui, o dólar depreciado e a exportação de alimentos tem resultado em mais inflação, ainda que pontual. Com inflação a 3% e Selic a 2% começa a aparecer dificuldade para tesourarias de bancos”, aponta.

No balanço da semana, os papéis que mais se valorizaram foram Pão de Açúcar (PCAR3), Azul (AZUL4) e CSN (CSNA3). Confira a seguir o que influenciou o desempenho deles.

Pão de Açúcar (PCAR3): +16,63%

Com valorização de 16,63%, as ações da empresa tiveram o melhor desempenho da semana. O papel da companhia foi impulsionado na quinta (10) com o mercado reagindo positivamente a notícia de que o grupo GPA pretende separar suas operações da rede de atacarejo Assaí.

Se ela for aprovada, o gestor da Criteria Investimentos, Vitor Miziara, ressalta que entrará “um bom dinheiro no GPA e que desmembrar é positivo, já que o mercado nem sempre paga todas as estruturas que tem dentro de uma empresa pelo preço justo. Desmembrando, o mercado passa a enxergar mais oportunidades, gerando mais valor às empresas”.

Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos, também enxerga o movimento de forma positiva. “As ações do GPA têm um desconto muito grande por conta dessa forma como o grupo é consolidado. Quando você cria uma estrutura societária mais simples, isso gera mais oportunidades de acesso ao capital”, explica. Já Julia Monteiro, analista da MyCap, vê que a oferta do Assaí pode gerar forte valor para o GPA caso ela ocorra nos termos que a empresa espera.

Para o Credit Suisse, a notícia do spin-off do Assaí “joga luz” sobre o forte desconto que as ações do GPA estão sendo negociadas, mesmo com o “forte momento operacional que as redes de supermercados estão tendo com a pandemia do novo coronavírus e o impacto do auxílio emergencial”.

Azul (AZUL4): +7,97%

As ações da aérea surfaram nas ondas do otimismo que tomou conta do setor, “com uma recuperação de demanda e oferta mais rápida do que o imaginado originalmente”, destaca o analista da Necton Investimentos, Marcel Zambello.

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Dando suporte a essa visão, a concorrente Gol informou que continua elevando mês a mês a oferta de voos no Brasil, ofertando em agosto, em média, 190 voos diários. Para setembro, a estimativa é operar 300 voos por dia, alcançando cerca de 40% do realizado em igual mês do ano passado.

Os próprios dados operacionais da Azul em agosto vão nesse sentido, com aumento de 26,4% na demanda (RPK) na comparação com julho. Já a oferta de assentos (ASK) teve crescimento de 33,3% em agosto na comparação mensal.

CSN (CSNA3): +6,88%

Sexta (11) foi um dia de forte alta para o papel, terceiro maior ganhador da semana. De acordo com analistas do Credit Suisse, a empresa confirmou mais um aumento para aços planos em outubro no Brasil.

Desta vez, o aumento de preço é de 13% em média e segue dois aumentos recentes de 10% em julho e setembro, “que parecem ter sido implementados com sucesso. O aumento de preços valerá para o segmento de distribuição e também para clientes industriais (ex-montadoras)”, apontou o banco.

*Com Estadão Conteúdo

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