- Candidato à presidência do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM) afirmou ser geralmente a favor de privatizações, mas evitou se comprometer com a da Eletrobras
- Sem um patrocinador forte no Senado, a votação do projeto de venda da elétrica poderia ficar para o segundo semestre de 2021, o que seria negativo, na opinião do analista do BBI
- Com a revisão de recomendação para neutro, o novo preço-alvo estimado para 2021 é de R$ 39,00 para ELET3 e R$ 41,00 para ELET6, incluindo uma probabilidade de 90% de a empresa permanecer uma estatal no futuro previsível e 10% de ser privatizada
O Bradesco BBI revisou sua recomendação de Eletrobras (ELET3, ELET6) para neutra, após uma dose de incerteza ter sido adicionada à possibilidade de repassar a estatal à iniciativa privada.
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Nesta quinta-feira (21), o candidato à presidência do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM), afirmou ser a favor de privatizações, mas evitou se comprometer com a da Eletrobras. “Embora consideremos isso com cautela, dado o ambiente eleitoral (previsto para fevereiro), não está claro se o Sr. Pacheco mudará sua posição atual. Notavelmente, a privatização da Eletrobras poderia trazer os aproximadamente R$ 30 bilhões bem-vindos ao Tesouro Federal”, justifica Francisco Navarrete, analista de ativos mobiliários do Bradesco BBI.
Sem um patrocinador forte no Senado, a votação do projeto de venda da elétrica poderia ficar para o segundo semestre de 2021, o que seria negativo, na opinião do analista do BBI, pois, “à medida que nos aproximamos de 2022, os políticos estarão focados nas eleições presidenciais e estaduais, deixando de lado temas polêmicos como privatização”.
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Em entrevista ao Broadcast Político, o candidato do DEM apontou propostas prioritárias para o Senado a partir de fevereiro, com foco em reformas, social e privatizações. Contudo, Pacheco fez questão de deixar de fora a venda da estatal, afirmando que vai se comprometer com prazo, pois se trata de “um processo de longo e apurado estudo”.
“Não é raciocínio fácil dizer que a Eletrobras precisa ser vendida. Episódios recentes da vida nacional demonstraram que a iniciativa privada é muito boa, mas por vezes não tem compromisso social que o setor público tem”, disse Pacheco, em referência ao recente apagão no Estado do Amapá.
Navarrete diz que, do ponto de vista da avaliação, a relação risco e retorno é atraente. Para o Bradesco BBI, o valor justo estimado das ações da elétrica é R$ 33,00, implicando que os papéis ELET3 e ELET6 estão sendo negociados atualmente com um desconto de cerca de 6% em relação a este “piso” teórico.
No pregão desta quinta-feira (21), o papel ELET3 encerrou cotado a R$ 31,30, uma queda de 5,15%, e ELET6 ficou em R$ 31,43, uma desvalorização de 6,15% – a maior registrada no Ibovespa na sessão.
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“Se a privatização da Eletrobras se tornar contenciosa e o Congresso se arrastar para aprovar o projeto, a equipe de gestão liderada por Wilson Ferreira pode sair por falta de visibilidade no futuro. Ele se juntou em 2016 para resgatar a estatal da quase falência e ajudar a privatizá-la”, lembra Navarrete.
Nesse cenário, o piso técnico (o menor valor) estimado pelo BBI seria superado pela especulação de que o desempenho da elétrica iria piorar, tornando-se uma “estatal ruim”. Com essa possibilidade, a estimativa de valor justo do banco cai para R$ 24.
Com a revisão de recomendação para neutro, o novo preço-alvo estimado para 2021 é de R$ 39 para ELET3 e R$ 41 para ELET6, incluindo uma probabilidade de 90% de a empresa permanecer sendo estatal, com 10% de chance de ser privatizada.