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- Salim Mattar, ex-secretário especial de desestatizações do governo Bolsonaro, participou do programa Direto ao Ponto da Rádio Jovem Pan
- Mattar conta que abandonou o governo pois houve uma mudança de posicionamento sobre a agenda de privatizações;
- Ele disse ainda que se dependesse do Ministro Paulo Guedes, todas as empresas estatais seriam privatizadas
Salim Mattar, o empresário e ex-presidente do grupo Localiza Hertz (RENT3), participou do programa Direto ao Ponto, do grupo Jovem Pan, nesta segunda-feira (4). Em uma hora e meia de conversa comandada pelo jornalista Augusto Nunes, Mattar falou sobre privatizações, política, o governo de Jair Bolsonaro e de sua própria empresa.
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O programa também contou com a participação da colunista e editora do E-Investidor, Valéria Bretas, além de Denise Campos, do jornal da Jovem Pan, Branca Nunes, editora da revista Oeste e Silvio Navarro, comentarista da Rede Tv.
Descendente de libaneses, Mattar saiu do comando da Localiza para assumir a Secretaria Especial de Desestatização do governo Bolsonaro. Contudo, insatisfeito com os resultados na agenda de privatizações, o empresário deixou o cargo em agosto de 2020, depois de um ano e oito meses de governo.
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O E-Investidor reuniu e compilou os assuntos tratados por Mattar. Veja a seguir:
Governo Bolsonaro e as privatizações
O principal assunto tratado por Mattar foi a sua participação como secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados. Questionado pelos jornalistas sobre o motivo de ter abandonado o governo, o empresário respondeu que seus objetivos não foram atendidos.
“Quando eu fui convidado pelo ministro Paulo Guedes para ser secretário, o objetivo era vender estatais”, disse. Ao entrar no governo, ele diz que percebeu que o número de empresas controladas pelo estado era muito maior do que pensava. “O ministro havia dito que existiam 134 estatais. Ao fazer meu próprio levantamento descobri que tínhamos 698, entre estatais de controle direto, subsidiárias, coligadas e investidas”, completa.
No mês de abril, Mattar percebeu que dificilmente a pauta das privatizações avançaria, por conta da pandemia de coronavírus. “O establishment não tem interesse na redução do tamanho do Estado e, consequentemente, nas privatizações das estatais”, diz Mattar. Segundo o empresário, o principal culpado é o Congresso brasileiro, que não tem apetite por privatizar companhias como Correios, Eletrobras, Banco do Brasil, Petrobras e Caixa Econômica Federal.
Para ilustrar, Mattar citou o exemplo do projeto de lei que trata da privatização da Eletrobras, que está parada há um ano e dois meses no Congresso. “Poucas pessoas do executivo defendem as privatizações. Por esse clima não favorável eu resolvi abandonar o governo”, diz.
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Na visão do empresário, a gestão de Bolsonaro não é liberal, apenas o ministro Paulo Guedes: “se dependesse dele, todas as empresas estatais seriam privatizadas”. O principal ponto é que o ministro não pode fazer nada sem a autorização do presidente e do Congresso.
Ele disse ainda que logo nos três primeiros meses na secretaria, o empresário recebeu a orientação de que as principais estatais não seriam privatizadas, entre elas: Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica, e os bancos do nordeste. “Houve uma mudança de posicionamento sobre as privatizações. Na medida em que fui vendo essas mudanças, resolvi sair do governo”, contou o empresário.
Localiza
Outro ponto discutido durante a conversa foi a Localiza, empresa que Mattar fundou, presidiu e trabalhou por mais de 40 anos. Atualmente comandada por Eugênio Mattar, a companhia de aluguel de veículos é uma das maiores do Brasil. As ações da empresa fecharam o ano de 2020 com alta acumulada de 37,78%.
O ex-secretário detalhou as diferenças entre uma empresa estatal e uma privada. Em sua avaliação, o governo não deveria ser empresário. “A média de tempo de permanência dos presidentes das estatais é de dois anos no cargo. Como pode dar certo uma empresa que troca de presidente a cada dois anos?”, questionou.
Ele reforçou que isso torna difícil para os presidentes terem a continuidade de estratégia, além de impossibilitar a eficácia das empresas justamente por conta da burocracia. “As estatais possuem legislação própria. Para você comprar um alfinete há uma licitação que gasta 180 dias”, diz.
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Sobre os efeito da crise na companhia, Mattar diz que houve uma queda significativa de negócios no primeiro momento, mas a situação foi resolvida com uma transformação comandada pelo atual CEO, Eugênio Mattar. ”O maior lucro da história da companhia foi atingido durante a pandemia”, informa.
A empresa anunciou em 2020 a fusão com a Unidas, negócio que pode dar origem à maior companhia de aluguel de carros do mundo, embora ainda precise da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Questionado sobre a possibilidade de eventuais problemas para aprovação do negócio, o empresário diz tem boas expectativas e considera o órgão um dos melhores do mundo.
“Nós temos uma instituição muito boa, inclusive o nosso Cade foi premiado como o melhor da categoria. Desta forma, acredito na razoabilidade que os membros do órgão farão o que é o melhor para o Brasil”, diz.
Sobre a possibilidade de voltar à vida pública ou para a iniciativa privada, Mattar diz que vai dedicar seu tempo e esforço para propagar as ideias liberais. “Meu papel é de cidadania”, disse.
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