- A Novonor, ex-Odebrecht, possui atualmente 50,1% das ações com direito a voto e 38,3% do capital social total da Braskem (BRKM5)
- Entretanto, há algum tempo a venda dessa fatia está no radar do mercado. Entre os interessados nesta participação da Novonor, estão Unipar e Petrobras
- De acordo com Gabriel Bassotto, analista chefe de ações do Simpla Club, as ações estão baratas, mas ganhos para o investidor virão apenas no longo prazo
A Novonor, ex-Odebrecht, possui atualmente 50,1% das ações com direito a voto e 38,3% do capital social total da Braskem (BRKM5). Entretanto, há algum tempo a venda dessa fatia está no radar do mercado. Isto porque o grupo empresarial colocou, em meados de 2016, as ações da petroquímica como garantia de empréstimos com instituições financeiras. Agora, apesar de não ser mandatório, a expectativa é que a holding se desfaça dos papéis para pagar os credores. Entenda nesta reportagem do Estadão por que a Braskem voltou a atrair interesse
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Entre os interessados nesta participação da Novonor estão pelo menos quatro grandes concorrentes. No dia 12 de junho, a Unipar fez uma proposta para aquisição de 34,36% do total de ações de emissão da Braskem, com cada papel saindo a R$ 36,50.
- Leia também: Aquisição da Braskem pela Unipar é bom negócio?
Na segunda-feira (10), a Petrobras, que já possui 36,1% do capital social da petroquímica e é o segundo maior acionista da Braskem, solicitou acesso virtual ao data room (ambiente de dados) da empresa. Com isso, dará início a um processo de “due diligence” – investigação feita para avaliar os riscos antes de fechar um negócio.
Já na última quarta-feira (12), foi a vez da J&F Investimentos, holding que pertence à família dos irmãos Joesley e Wesley Batista, formalizar uma proposta de R$ 10 bilhões pela participação da Novonor. Fora essas três companhias, em maio a Braskem também havia recebido uma proposta do fundo americano Apollo Management.
Braskem atrativa
De acordo com Gabriel Bassotto, analista chefe de ações do Simpla Club, a atratividade da participação na empresa ocorre pela característica cíclica do modelo de negócio da companhia. Durante a pandemia, a Braskem surfou um ciclo positivo de commodities e agora atravessa um período mais complexo para o setor.
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“Entretanto, quando o ciclo virar novamente, a Braskem pode viver uma nova etapa de expansão. A cobiça do mercado pela participação está relacionada à oportunidade de valorização da fatia quando esse ciclo virar”, afirma Bassotto.
De qualquer forma, uma eventual saída da Novonor é bem vista pelo mercado e pode ser gatilho para valorização dos papéis. “Traz um ganho de governança, que faz sentido para a empresa reencontrar o caminho do crescimento”, diz Bassoto.
Andre Fernandes, head de Renda Variável e sócio da A7 Capital, vê a Braskem sendo negociada a múltiplos baixos, o que acaba colocando a companhia no radar de grandes grupos. “Qualquer oferta pela Novonor será considerada positiva pelo mercado e seus acionistas, principalmente se vier de um sócio estratégico que possa agregar valor ao negócio”, diz o analista.
Recomendação para os papéis
Para Bassotto, analista chefe de ações do Simpla Club, apesar da ação BRKM5 estar cotada a um nível considerado barato, é um ativo que pode não trazer ganhos para o investidor no curto prazo. Principalmente se as negociações em torno da venda do controle não avançarem. “O investidor precisa entender essa conjuntura, mas ainda assim é um papel descontado”, diz.
O BTG Pactual, por sua vez, possui recomendação de compra para as ações, com preço-alvo de R$ 36 – patamar que representa um potencial de alta de 38% em relação ao fechamento da última terça-feira (11). A instituição financeira vê a venda para a Unipar como o cenário mais positivo.
“Nosso sentimento sobre a venda da BRKM para um player privado melhorou e acreditamos que a Unipar busca alinhar o maior número possível de interesses para uma operação de sucesso”, afirma o BTG, em relatório.
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Entretanto, o banco alerta os clientes de que investir em Braskem significa acreditar nos fundamentos e que as melhorias mais latentes de cenário deverão ocorrer quando a demanda por resinas se recuperar. “Levando a revisões positivas de lucros nos próximos trimestres e uma desalavancagem mais rápida”, afirma, em relatório.