Segundo Milton Rabelo, analista da VG Research, a Caixa Seguridade reportou um balanço melhor, apesar de ele ter sido ofuscado pela má performance do seguro prestamista. Ele relata que o crescimento de 10,5% das receitas em 1 ano, com os resultados operacionais avançando 6% em 12 meses, mostram que os números da empresa foram sólidos.
Nas questões operacionais, o destaque do 1T25 da Caixa Seguridade ficou para os prêmios dos seguros Habitacionais (+12,4%) e Residenciais (+26,5%) e os resultados financeiros, que também apresentaram forte crescimento. “Apesar da surpresa negativa com a performance do seguro prestamista, acreditamos na continuidade de bons números para os próximos trimestres”, explica Rabelo.
No caso da seguradora do Banco do Brasil, os analistas do Goldman Sachs explicam que o lucro da BB Seguridade ficou 8% abaixo do esperado devido à queda no resultado financeiro e ao aumento de sinistros. Eles acreditam que o início fraco do ano provavelmente implica riscos para o cumprimento da projeção de prêmios de seguros de 2% a 7% até o final do ano.
“Ainda prevemos que a empresa atingirá sua projeção de números operacionais (+4% contra a faixa de 3% a 8%), enquanto o impacto da inflação nas questões financeiros tende a ser transitório”, dizem Tiago Binsfeld, Tito Labarta, Beatriz Abreu e Lindsey Shema, que assinam o relatório do Goldman Sachs.
Já Johnny Mendes, professor de Economia e Finanças da Faculdade ESEG, do grupo Etapa, diz que o resultado da BB Seguridade teve retração nos prêmios emitidos, sobretudo nos seguros agrícola e prestamista, com queda de 5,9%, o que ficou abaixo do guidance da companhia. “Embora o BB tenha apresentado lucro maior, o desempenho operacional mais consistente da Caixa, aliado à superação das expectativas em várias frentes, coloca a Caixa Seguridade com o melhor balanço relativo no primeiro trimestre de 2025”.
O que esperar da Caixa Seguridade e BB Seguridade nos próximos trimestres?
Para Evandro Medeiros, analista da Suno Research, o investidor deve esperar um ano complicado para a BB Seguridade. Ele diz que a empresa detém 60% do mercado de seguros rurais e, com o atual cenário de menor preços das commodities agrícolas e margens apertadas dos produtores, há um desafio em manter o nível do ano passado em emissão de prêmios. “Todavia, o segundo semestre deve apresentar certa recuperação, especialmente por conta da expectativa de uma safra pujante e melhor desempenho do produtor que no período anterior, o que deve trazer certo fôlego aos resultados da BB Seguridade”, argumenta Medeiros.
Já Milton Rabelo, da VG, explica que as ações da BB Seguridade contam com mais margem de segurança. Ele aponta que é possível que as políticas comerciais do governo norte-americano favoreçam o agronegócio brasileiro, o que impulsionaria indiretamente os ganhos da BB Seguridade, cujas receitas são largamente expostas ao setor. “Uma eventual diminuição na inadimplência na carteira agrícola do Banco do Brasil poderia impulsionar as vendas de seguros rurais da BB Seguridade ao longo dos próximos trimestres”, diz Rabelo.
Humberto Aillon, especialista na Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (FIPECAFI), diz que os desafios para BB Seguridade e Caixa Seguridade estão no crescimento dos prêmios emitidos e também conseguir manter bons patamares nas taxas de administração adicionado pela necessidade de planos de eficiência para melhorar a lucratividade.
Já a Caixa Seguridade segue em trajetória de crescimento nos ramos habitacional, residencial e de assistência. Johnny Mendes, da ESEG, explica que os desafios para a empresa incluem manter a eficiência operacional e evitar deterioração de margens diante da forte expansão da base de produtos. “Ambas possuem potencial de crescimento, mas enfrentam obstáculos distintos. A BB precisa melhorar o desempenho comercial; a Caixa deve preservar margens e controlar sinistralidade”, diz.
Júlio Vieira, contribuidor do TC, aponta que para ambas, a concorrência no setor é um ponto de atenção, assim como o risco de desaceleração econômica que poderia afetar a emissão de prêmios. Ele lembra ainda que a alta da taxa básica de juros da economia, a Selic, é uma boa notícia para as seguradoras. Isso porque grande parte dos ativos que compõem as reservas técnicas dessas empresas está investida em títulos públicos.
“Quando a taxa de juros sobe, o retorno sobre essas aplicações aumenta, e isso se traduz diretamente em maior resultado financeiro. Dado o peso que essa linha tem nos lucros, o ambiente de juros elevados acaba reforçando a atratividade dos papéis”, diz Vieira. Nesta quarta-feira (7), o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) deve elevar os juros. O mercado, no entanto, ainda não estima se taxa deve subir 0,25 ponto porcentual para 14,50% ao ano ou 0,5 ponto porcentual, com a Selic a 14,75% ao ano.
Caixa Seguridade ou BB Seguridade: Quem deve pagar mais dividendos?
O consenso dos analistas é de que a BB Seguridade é a ação que entregará o maior dividend yield (rendimento em dividendos) ao investidor no acumulado dos próximos 12 meses. Humberto Aillon, da FIPECAFI, diz que ambas as empresas apresentam bons patamares de dividend yield, tendo realizado em torno de 9,2% a 9,8%. “Com base na expectativa de resultados, a minha visão é de que os dividendos da Caixa Seguridade fiquem em torno de 9,22% a 11% e os proventos da BB Seguridade fiquem em torno de 9,8% a 12%”, explica.
Johnny Mendes, da ESEG, calcula que o BB Seguridade deve pagar cerca de 9,6% do seu valor de mercado em proventos, sustentado por alta lucratividade e recorrência nos proventos. Júlio Vieira, do TC, calcula que a BB Seguridade deve pagar entre 9,5% e 10,5% ao ano do preço de sua ação em proventos, no caso da Caixa Seguridade, a estimativa é de um depósito entre 8,5% e 9,2%, com base no payout próximo de 90% e nos lucros mais recentes.
Ou seja, mesmo com balanço melhor no primeiro trimestre de 2025, a Caixa Seguridade não será a maior pagadora e, por isso, a preferência dos especialistas caminha para a BB Seguridade. Mas ter Caixa Seguridade na carteira também não seria um erro. Evandro Medeiros, da Suno Research, diz que ambas são empresas de alta qualidade, com vantagens competitivas irreplicáveis por distribuírem seus produtos por meio dos dois maiores bancos públicos do país. Segundo ele, a BB Seguridade, embora estatal, é operada por parceiros privados, ajudando a mitigar o risco de ingerência.
Johnny Mendes, da ESEG, diz que a ação BBSE3 é mais adequada a perfis conservadores, com foco em renda previsível, múltiplos atrativos e rentabilidade, medida pelo retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) de 74%. O papel CXSE3 atende investidores que buscam crescimento com retorno, sustentada por expansão comercial e payout acima de 90%, embora com P/L maior (11,77) e ROE de 28,2%.
“BBSE3 entrega previsibilidade e alto retorno em dividendos; CXSE3 oferece diversificação e expansão. Uma carteira equilibrada pode considerar ambas, conforme o perfil de risco do investidor”, conclui Mendes. Veja a seguir as estimativas de dividendos para Caixa Seguridade (CXSE3) e BB Seguridade (BBSE3).