- Na segunda-feira (14), o atleta da seleção portuguesa de futebol, Cristiano Ronaldo, retirou duas garrafas de Coca-Cola de sua frente e falou para as pessoas beberem mais água
- O fato ocorreu durante entrevista coletiva às vésperas do jogo contra a Hungria
- De acordo com Sandra Peres Komeso, analista do TradeMap, a queda das ações da Coca-Cola já vinha acontecendo antes mesmo do gesto de Cristiano Ronaldo
É natural que as ações das companhias tenham com variações, sejam elas para cima ou para baixo, sem um motivo aparente. Sem a divulgação de um comunicado ao mercado, pode ser difícil saber exatamente o que aconteceu para os papéis oscilarem tanto em um único dia.
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Foi o que aconteceu com as ações da Coca-Cola negociadas na bolsa de Nova York, na segunda-feira (14). Na ocasião, ao mesmo tempo em que Cristiano Ronaldo concedia uma entrevista na qual não parecia satisfeito com a presença das garrafas de refrigerantes na bancada da coletiva de imprensa da Eurocopa, os papéis da companhia, coincidentemente, registravam queda.
Mas será que o craque da seleção portuguesa realmente foi responsável pelo movimento? Consultamos especialistas para saber.
O caso
Na segunda-feira (14), o atleta da seleção portuguesa de futebol Cristiano Ronaldo, durante uma entrevista coletiva, às vésperas do jogo contra a Hungria, realizou o simples gesto de retirar duas garrafas de Coca-Cola de sua frente e falar para as pessoas beberem mais água.
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Vale lembrar que Cristiano Ronaldo é um adepto da vida saudável, e conta com uma legião de 299 milhões de seguidores no Instagram.
‘Drink water’
Cristiano Ronaldo removes Coca-Cola bottles at start of #Euro2020 press conference pic.twitter.com/2eBujl9vzk
— Guardian sport (@guardian_sport) June 15, 2021
De acordo com o The Guardian, o preço das ações da Coca-Cola, uma das patrocinadoras do campeonato, caiu de US$ 56,10 para US$ 55,22, o que representa uma queda de 1,6%, quase imediatamente após o gesto do jogador. Com a queda nos papéis, o valor de mercado da companhia passou de US$ 242 bilhões para US$ 238 bilhões.
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Em paralelo, os dois principais índices de ações do mercado norte-americano tiveram desempenhos diferentes no dia. Enquanto o S&P 500 encerrou em alta de 0,16% aos 4.255,15 pontos, o índice Dow Jones fechou em queda de 0,22% aos 34.393,75 pontos.
Nesta quinta-feira (17), as ações da Coca-Cola, negociadas na bolsa de Nova York (NYSE), vêm registrando alta de 0,44%, cotadas a US$ 54,91.
A Uefa (União das Federações Europeias de Futebol) informou, por meio de um porta-voz, que não prevê nenhum tipo de punição para o atleta. Mas reforçou que a Coca-Cola disponibiliza uma série de bebidas para atender diferentes gostos e necessidades.
Anderson Meneses, CEO da Alkin Research, levanta a dúvida se tem alguma ação de marketing por trás do gesto ou uma atitude do próprio Cristiano Ronaldo. Para o CEO, o aceno do atleta até pode ter tido impacto nas ações. “Mas o difícil mesmo é mensurar o quanto foi parte dele e quanto foi qualquer outro fator”, diz.
Opiniões dos especialistas
Também na segunda-feira (14), as ações da Coca-Cola passaram a ser negociadas a ex-dividendo. Segundo Sandra Peres Komeso, analista do TradeMap, plataforma de acompanhamento de investimentos, as ações da companhia podem ter tido essa correção por conta do ajuste de dividendos.
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De acordo com a analista, a queda das ações da Coca-Cola já vinha acontecendo antes mesmo do gesto de Cristiano Ronaldo. “O atleta deu a entrevista às 14h43 de Portugal. As ações da companhia são negociadas na bolsa de Nova Iorque, que abriu pouco antes, às 14h30 de Portugal. Nessa altura, a empresa já abriu em queda, com um valor bastante inferior ao de fechamento na sexta-feira anterior”, diz.
Segundo William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, ao analisar o gráfico intraday, as ações realmente tiveram uma queda no horário. “Mas fica difícil afirmar se é uma coincidência ou não. Aparentemente, não, porque realmente coincide com a hora da entrevista”, diz.
Entretanto, o estrategista destaca que a perda de US$ 4 bilhões tem que ser contextualizada. Considerando o valor de mercado da Coca-Cola de US$ 240 bilhões, qualquer variação de 1% implica em uma perda de US$ 2,4 bilhões. “Ou seja, é muito corriqueiro a companhia perder ou ganhar US$ 4 bilhões de valor de mercado. Essa é a realidade”, conclui.
Meneses também concorda que a queda de US$ 4 bilhões de dólares é irrisória perto do tamanho da Coca-Cola. “Qualquer quedinha no preço das ações já são alguns milhões ou bilhões. Por isso considerando o tamanho da empresa isso é normal”, diz.
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O CEO cita o exemplo da Apple, que atualmente tem uma valor de mercado de cerca de US$ 2,2 trilhões. Neste caso, qualquer queda de 1% nas ações da companhia representa uma perda de US$ 22 bilhões de capitalização de mercado para a empresa.