- A esperada Assembleia Geral Extraordinária (AGE) que definiria os novos conselheiros da Petrobras ocorreu na última segunda-feira (12). Das oito vagas disponíveis no Conselho de Administração da companhia, sete foram ocupadas por indicados do governo federal.
- O único eleito foi o advogado Marcelo Gasparini, que anunciou em seu perfil no LinkedIn que iria renunciar assim que tomasse posse
- Na visão de especialista, os minoritários podem até conseguir mais cadeiras, mas a União continuará dando as cartas na Petrobras
A esperada Assembleia Geral Extraordinária (AGE) que definiria os novos conselheiros da Petrobras ocorreu na última segunda-feira (12). Das oito vagas disponíveis no Conselho de Administração da companhia, sete foram ocupadas por indicados do governo federal. O resultado foi considerado negativo pelo mercado, já que os acionistas minoritários ficaram sub-representados, com apenas uma cadeira, ante as duas vagas que tinham na formação anterior.
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O único eleito foi o advogado Marcelo Gasparini, que anunciou em seu perfil no LinkedIn que iria renunciar assim que tomasse posse. A desistência obrigaria a Petrobras a realizar um novo pleito e daria nova chance de os acionistas emplacarem nomes no Conselho da estatal. De acordo com Gasparino, distorções no sistema de votação à distância prejudicaram o voto dos minoritários.
Ainda assim, para analistas há pouca esperança de que a estratégia resulte em alguma mudança significativa. “A novela da eleição dos conselheiros da Petrobras vai continuar inutilmente, porque não mudará a posição do governo com maioria dos votos”, afirma Flavio Conde, chefe de análises da Inversa.
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Na visão de Conde, os minoritários podem até conseguir mais cadeiras, mas a União continuará dando as cartas na Petrobras. “Os minoritários tentarão fazer mais um conselheiro para ‘marcar presença’ e ter vitória parcial. Entretanto, a maioria no Conselho de Administração da Petrobras continuará com o governo federal e o que governo quiser será aprovado.”
Para Ilan Arbetman, analista de research da Ativa Investimentos, o imbróglio de uma nova votação, por si só, já prejudica a Petrobras. “Você perde mais tempo, é ruim. A estatal já está nesse hiato em que já se sabe desde fevereiro que Castello Branco [ex-CEO] vai sair e o general Silva e Luna vai assumir tão logo. Mas nesse tão logo, perde-se tempo, e em uma indústria global como o Petróleo, é necessário estar sempre à frente”, afirma. “O mercado demorará mais tempo para saber qual a nova cara da Petrobras, isso traz uma dose de incerteza que é negativa.”
Papéis ignoram cenário político
Toda essas dúvidas em relação a uma possível reviravolta no Conselho da Petrobras ainda não está fazendo preço nos papéis. A ação PETR4 encerrou a quarta-feira (14) com alta de 1,59%, cotada a R$ 24,35. Segundo André Machado, professor e fundador do Projeto Os 10%, escola de traders, apesar das possíveis críticas e reclamações em relação à nova formação dos representantes, as ações tendem a seguir acompanhando o ritmo do petróleo no exterior, ignorando as questões domésticas.
“Acredito que não vai fazer preço a renúncia do minoritário. Mas, no final das contas, os minoritários não apitam nada. O majoritário quem manda, e está sapateando, fazendo o que quer, todo mundo sabe como a cabeça do majoritário funciona”, afirma. “Para mim, a Petrobras nesse momento, está 100% conectada apenas à commodity. É tanta incerteza que o mercado por enquanto não tem precificado nada. A única certeza do nosso mercado é a incerteza.”