- As ações da CVC (CVCB3) fecharam o pregão da última segunda-feira (6) em baixa de 9,23%, aos R$ 2,95, com os investidores repercutindo os resultados do 3° trimestre
- Apesar da reação negativa do mercado, o balanço divulgado na noite da última sexta (3) provocou um sentimento agridoce entre os analistas
- “A CVC reportou um resultado com sinais de melhora, a partir da recuperação da sua performance operacional, batendo confortavelmente as estimativas de lucro do consenso”, afirmou a Guide Investimentos
Os papéis da CVC (CVCB3) fecharam o pregão da última segunda-feira (6) em baixa de 9,23%, aos R$ 2,95, com os investidores repercutindo os resultados do 3° trimestre. Apesar da reação negativa do mercado, o balanço divulgado na noite da última sexta-feira (3) provocou um sentimento agridoce entre os analistas.
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A empresa registrou um prejuízo líquido de R$ 87,5 milhões entre julho e setembro deste ano, alta de 16,6% em relação ao mesmo período do ano passado. Contudo, desconsiderando as despesas entendidas como “não recorrentes”, que não devem se repetir nos próximos trimestres, a companhia teria um resultado positivo de R$ 36,3 milhões.
Entre esses custos não recorrentes, está principalmente a diminuição do valor recuperável (diferença entre valor de venda e valor em uso) da Submarino Viagens, em função da diminuição das operações em parcerias.
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A baixa de imposto diferido e a variação nos preços dos bônus de subscrição da empresa – títulos que dão direito a compra adicional de papéis da CVC – também foram elencados entre esses gastos, que impactaram os lucros.
A receita líquida, por sua vez, avançou 11,3%, para R$ 365,8 milhões. Entretanto, o que mais chamou a atenção foi o “take rate”. Esse indicador mostra a rentabilidade do negócio e, no consolidado, saiu de 8% para 9,6% entre o 3º tri do ano passado e o mesmo período desse ano. Recortando pelo segmento B2C (serviços ao consumidor), a rentabilidade foi de 11,1% para 14,7%, enquanto no segmento B2B (serviços a outras empresas), o percentual subiu de 5,8% para 6,1%.
Vale lembrar, que desde o início do ano a CVC age para reperfilar suas dívidas e, a partir de junho, com a chegada do novo CEO Fabio Godinho, busca rever o plano de negócios e enxugar despesas. Agora, esses esforços parecem começar a aparecer.
“A CVC reportou um resultado com sinais de melhora, a partir da recuperação da sua performance operacional, batendo confortavelmente as estimativas de lucro do consenso”, afirmou a Guide Investimentos, em relatório.
Essa também é a visão do Bank Of America (BoFA), que também chama a atenção para a melhora das “reservas confirmadas”. Apesar de no consolidado esse indicador ter caído 4,3% no período, no segmento B2C houve uma alta de 10% nessas reservas, para R$ 1,3 bilhão. O resultado geral das reservas foi puxado para o campo negativo pelo segmento B2B, em que houve queda de 7,2%.
“A nova gestão parece estar avançando agressivamente em direção a pacotes de lazer com margens mais elevadas […] ao mesmo tempo que abandona parcerias B2B arriscadas e com margens baixas”, afirma o BoFA.
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Na outra ponta, entre os fatores vistos como negativos, está o aumento do capital de giro e forte queima de caixa. No 3º tri do ano passado, a CVC tinha R$ 402,4 milhões em caixa. Agora, tem cerca de R$ 221,6 milhões. Essa dinâmica negativa aumentou a dívida líquida em R$ 393,5 milhões na comparação com 2º tri deste ano, para R$ 639,2 milhões.
“Esses foram os piores pontos, mas a companhia explicou em teleconferência que a empresa optou por essa dinâmica (de consumo de caixa) para melhorar o resultado financeiro”, afirma Vitorio Galindo, analista de investimentos CNPI e head de análise fundamentalista da Quantzed. “Para mim, foi um resultado positivo.”
Números ainda dividem analistas
Apesar dos indícios de melhora nos números da CVC, os analistas seguem divididos sobre as recomendações. O BofA possui indicação de compra, com preço-alvo de R$ 3,70, uma projeção significa um potencial de alta de 20% em relação ao patamar atual. A visão positiva engloba o novo momento do mercado de turismo, com a queda de alguns players concorrentes, como 123Milhas e Hurb.
“A 123Milhas entrou com pedido de recuperação judicial. O Hurb (R$ 2 bilhões em reservas) foi condenado a interromper suas vendas de viagens com datas flexíveis. Ambos enfrentam incerteza financeira, ao mesmo tempo que levantam preocupações das contrapartes dos consumidores, o que provavelmente favorecerá a CVC”, afirma o BoFA, em relatório.
Galindo, da Quantzed, compartilha desta perspectiva e também possui recomendação de compra para CVCB3. “Existiam players de milhas que distorciam a competição no setor, vendiam produtos por preços impraticáveis. Com a saída deles, a situação tende a melhorar para a CVC. Além disso, temos o turismo voltando a crescer”, afirma. “Se a CVC fizer a lição de casa, a conjuntura será favorável para a empresa.”
Já o Bradesco BBI mantém a recomendação neutra para as ações. “As iniciativas da nova equipa de gestão liderada pelo novo CEO, Fabio Godinho, parecem estar no caminho certo para entregar melhores lucratividade. No entanto, ainda temos preocupações sobre a estrutura de capital da CVC e as necessidades de capital de giro do negócio”, diz o banco em relatório.
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Às 14h52 desta quarta-feira (8), os papéis da CVC recuavam 2,22%, cotadas a R$ 3,08.