- As ações da CVC (CVCB3) encerraram esta segunda-feira (05) disparadas na ponta positiva do Ibovespa, com um salto de 10,83% a R$ 3,99
- O desempenho é fruto de uma resposta bastante positiva do mercado para os novos anúncios feitos pela companhia: a chegada de Fabio Godinho como novo CEO e a promessa de um aporte de R$ 75 milhões do fundador Guilherme Paulus
- Apesar disso, especialistas ainda veem problemas estruturais no caminho da companhia
As ações da CVC (CVCB3) encerraram esta segunda-feira (05) disparadas na ponta positiva do Ibovespa, com um salto de 10,83% a R$ 3,99. O desempenho é fruto de uma resposta bastante positiva do mercado para os novos anúncios feitos pela companhia: a chegada de Fabio Godinho como novo CEO e a promessa de um aporte de R$ 75 milhões do fundador Guilherme Paulus.
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A alta do dia foi suficiente para fazer a CVC voltar a valer R$ 1,1 bilhão em valor de mercado. É a primeira vez em três meses que a companhia retoma este patamar.
Godinho entra no lugar de Leonel Andrade, que esteve no comando da companhia por três anos, mas renunciou há cerca de uma semana. Como mostrou o Estadão, o executivo tem mais de 15 anos de experiência nos setores de turismo, hospitalidade e franquias e já esteve na CVC como diretor de Novos Negócios e como vice-presidente de produtos e marketing da operadora.
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A experiência do executivo no setor é um dos motivos por trás da reação positiva do mercado. “É um nome experiente do setor que atua. Isso traz uma recepção boa, independente da empresa”, diz Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.
Mas o anúncio de um possível aporte também é importante para o bom pregão da CVC. A companhia passa por um momento delicado de alavancagem e a entrada de recursos pode ser fundamental para dar um alívio financeiro ao balanço da empresa. “É um aporte que não só vem em uma boa hora, como mostra que até mesmo o fundador da CVC está tendo um pouco de confiança na empresa, colocando seu próprio dinheiro”, destaca Gabriel Bassotto, analista chefe de ações do Simpla Club.
Novo CEO, velhos desafios
A CVCB3 já vem, há algum tempo, sofrendo na Bolsa. Primeiro, a pandemia da covid-19 que interrompeu as viagens e praticamente paralisou o serviço da empresa de turismo. Depois, o início do ciclo de alta dos juros que penalizou as empresas de crescimento, mais alavancadas, como é o caso da CVC. Por causa disso, em uma janela de dois anos, a ação da companhia acumula uma desvalorização perto de 84%.
- Leia também: Efeito Hurb: ações de CVC, Gol e Azul vão se recuperar de turismo em crise?
Agora, alguns desses pontos já apresentam certa melhora. As atividades do turismo tem lentamente retomado o ritmo normal, ainda que os níveis pré-pandemia não tenham sido restabelecidos. Outro gatilho positivo é a Selic. Com a inflação arrefecendo e o lado fiscal mais concreto, o mercado passou a precificar o primeiro corte na taxa para o segundo semestre.
A possibilidade de uma redução nos juros depois de dois anos de ajustes para cima deu um fôlego nas ações ligadas a crescimento na Bolsa em maio. A própria CVCB3 subiu cerca de 21% no mês. “As ações estavam bem sacrificadas. Como tudo leva a crer que os juros irão cair um pouco, deu esse alívio”, explica Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos e pós-graduado em análise financeira.
Dólar
O especialista destaca ainda um outro ponto: o fortalecimento do real frente ao dólar, atualmente cotado a R$ 4,93. Com a moeda americana mais “barata”, os custos das viagens internacionais e passagens aéreas diminuem, o que também ajuda a CVC. “É preciso ver até onde esse movimento vai, se entrar em uma tendência de queda seria favorável para a empresa”, diz.
Todos esses fatores podem jogar a favor de uma recuperação de curto prazo nos ativos da CVC. Apesar disso, especialistas são unânimes em dizer que os problemas estruturais da companhia ainda são grandes. O principal deles? O endividamento.
Em março deste ano, a CVC fechou um acordo com seus debenturistas para estender o prazo de pagamento de suas dívidas para 3 anos e 6 meses. Os valores renegociados chegavam a R$ 665 milhões. No acordo, ficou acertado com credores que a companhia deveria realizar um follow on (oferta subsequente) de R$ 125 milhões – é nesta oferta de ações que Guilherme Paulus fará o aporte milionário, com a interveniência de fundos de investimento geridos pela Opportunity.
O desafio de colocar esse plano em prática agora cai no colo do novo CEO, Fabio Godinho. “Muita coisa ainda tem que ser feita. Reperfilamento de dívida, renegociação dos credores, geração de caixa… só o corte de juros ou volta do turismo não será suficiente para fazer essa melhora”, diz Gabriel Bassotto, analista chefe de ações do Simpla Club.
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