A Petrobras (PETR3; PETR4) divulgou seus dados de produção e vendas dentro do esperado pelo mercado com crescimento em relação aos trimestres anteriores e às perspectivas de dividendos apontadas pelos analistas em relatórios publicados nesta quarta-feira (30). Ontem, a empresa informou produção total de 2,9 milhões de barris por dia (bpd) no segundo trimestre de 2025 (2T25), alta de 7,8% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Para a XP Investimentos, os números ficaram dentro do esperado, principalmente a produção de óleo, de 2,3 milhões bpd. A produção foi puxada pelo desempenho do campo de Búzios, com destaque para as plataformas Almirante Tamandaré e Marechal Duque de Caxias e Alexandre Gusmão. Elas elevaram a produção no pré-sal em 121 mil bpd, para 1,97 milhões bpd.
“Esperamos que a tendência de crescimento da produção continue nos próximos trimestres, à medida que o número de plataformas continue a aumentar, particularmente em Búzios, onde a Petrobras tem uma participação significativa e uma nova plataforma (P-78), que saiu recentemente do estaleiro em Cingapura e deve iniciar a produção no segundo semestre”, dizem Regis Cardoso e João Rodrigues, que assinam o relatório da XP.
Fachada de sede da Petrobras; companhia mostrou no segundo trimestre de 2025 que está perto da produção de 3 milhões de barris de óleo por dia. (Foto: Adobe Stock)
A Genial Investimentos diz que o resultado foi positivo e acima do esperado, visto que a corretora projetava uma produção total da Petrobras de 2,8 milhões bpd, enquanto a empresa produziu 2,9 milhões bpd no total.
“A empresa demonstrou capacidade de execução interessante, não apenas com aumento gradual da produção de diversos ativos em operação, como Almirante Tamandaré, Maria Quitéria, Anita Garibaldi, além da entrada em operação da plataforma Alexandre de Gusmão — muito mais do que compensando o declínio natural de produção”, dizem Vitor Sousa e Ricardo Bello, que assinam o relatório da Genial Investimentos.
O que esperar do balanço da Petrobras no 2T25
Já George Sales, especialista em mercado financeiro na Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), diz que os números ficaram ligeiramente abaixo das projeções mais otimistas do mercado, que esperavam produção próxima de 2,95 milhões a 3,0 milhões de barris por dia.
“Espera-se um balanço positivo, com receitas em alta moderada, sustentadas por maior volume produzido e vendido, ainda que o preço do petróleo (Brent) tenha oscilado entre US$ 60,23 e US$ 77,08 no trimestre, limitando ganhos”, aponta Sales.
Os analistas do Citi dizem que o segmento de refino, cuja taxa de utilização foi de 91%, mostra-se como outro destaque positivo. As vendas aumentaram no trimestre devido a efeitos sazonais e aumentaram na comparação anual, refletindo o crescimento do mercado brasileiro de combustíveis.
“Apesar dos melhores números operacionais, acreditamos que os preços mais baixos do petróleo no período podem compensar a tendência positiva. Dito isso, esperamos que a Petrobras apresente números trimestrais mais baixos nos resultados do segundo trimestre de 2025”, defendem os analistas Gabriel Barra, Pedro Gama e Andrés Cardona, que assinam o relatório do Citi.
Já a Ativa Investimentos enxerga a possibilidade de a estatal reportar um resultado positivo no segundo trimestre de 2025, principalmente após o desempenho das vendas com crescimento trimestral. A comercialização de gasolina pela Petrobras no segundo trimestre de 2025 registrou crescimento de 1,5% em relação ao primeiro trimestre, principalmente pelo aumento da demanda total de combustíveis do ciclo Otto e maior participação da gasolina frente ao etanol entre os períodos.
Petrobras pode pagar até US$ 2 bi em dividendos: veja estimativas
Em meio aos números operacionais do trimestre, os analistas fizeram suas estimativas para lucros e dividendos da estatal. A XP manteve a projeção antecessora à divulgação da prévia operacional da empresa e espera lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da Petrobras de US$ 10,5 bilhões no segundo trimestre de 2025, recuo de 1% na comparação com o trimestre anterior.
Já o lucro líquido deve ficar em US$ 4,8 bilhões, baixa de 20% em relação ao período anterior. Essa perspectiva de resultado decorre da queda do preço do petróleo no mercado internacional na comparação entre os dois trimestres iniciais de 2025. No entanto, na comparação com o intervalo de abril a junho de 2024, o lucro da Petrobras é positivo, pois representa uma reversão do prejuízo de US$ 344 milhões à época.
“Com relação ao fluxo de caixa, esperamos que os níveis de investimentos permaneçam praticamente estáveis em relação ao trimestre anterior e o Fluxo de Caixa Livre do Trimestre totalize US$ 2,6 bilhões (3,5% de yield). Finalmente, com base na política de dividendos da Petrobras, estimamos dividendos ordinários em US$ 2,2 bilhões, equivalentes a um rendimento de 3,0% no trimestre”, explicam Regis Cardoso e João Rodrigues, que assinam o relatório da XP.
Dividendos da Petrobras repartem as opiniões dos analistas (Foto: Adobe Stock)
A XP tem recomendação de compra para a Petrobras com preço-alvo de R$ 46 para o fim de 2025, alta de 41,08% na comparação com o fechamento de terça-feira (29), quando a ação encerrou o pregão a R$ 32,44. A indicação ocorre devido à boa perspectiva de dividendo para a empresa nos próximos anos.
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“Nossas estimativas de Ebitda aumentaram em 2% para 2026 e em 5% para 2027. Assumindo um Brent de US$ 70 por barril, esperamos que os rendimentos dos fluxos de caixa livre atinjam cerca de 15,5% em 2026 e 2027. Por isso, mantemos nossa recomendação de compra”, argumentam Regis Cardoso e João Rodrigues da XP.
João Abdouni, analista da corretora Levante Inside Corp, calcula Ebitda de R$ 60 bilhões e lucro de R$ 25 bilhões no segundo trimestre de 2025 da Petrobras. Os números mostram uma melhora de 17% do Ebitda na comparação com o mesmo período de 2024 e reversão do prejuízo de R$ 2,6 bilhões (US$ 344 milhões) do segundo trimestre de 2024.
“Espero um balanço sólido após os números operacionais ficarem dentro do esperado. Por isso, estimo que a Petrobras deve pagar dividend yield (retorno de dividendos) entre 12,5% e 15% nos próximos 12 meses”, diz Abdouni
Vale a pena investir em Petrobras neste cenário?
O Goldman Sachs atualizou suas estimativas para a petroleira com base nas informações divulgadas e nos preços mais baixos do petróleo. Os analistas Bruno Amorim, Guilherme Costa Martins e Huama Belmonte passaram a esperar um Ebitda ajustado de US$ 9,9 bilhões no segundo trimestre, além de um potencial anúncio de US$ 2,2 bilhões em dividendos ordinários da Petrobras.
O banco tem recomendação de compra para as ações da Petrobras com preço-alvo de R$ 35,10, 8,2% acima do último fechamento.
Preço do petróleo Brent inferior a US$ 70 por barril pode reduzir os dividendos da petroleira (Foto: Adobe Stock)
Já os analistas do Citi ponderam que os dividendos da Petrobras devem permanecer resilientes neste trimestre, com rendimento de 2% para o investidor. Ainda assim, o banco prefere manter cautela em meio aos riscos que a estatal oferece.
O Citi tem recomendação neutra para as ações da Petrobras. O preço-alvo é de R$ 35, representando um potencial de valorização de 7,9% em relação ao último fechamento.
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A Genial Investimentos reforça a tese conservadora. A corretora tem recomendação de manter, equivalente à neutra, para Petrobras com preço-alvo de R$ 48,00, alta de 47,97% na comparação com o fechamento de terça-feira.
A Ativa Investimentos também tem recomendação neutra com preço-alvo de R$ 44, avanço de 37,9%. “Na divulgação dos resultados no próximo dia 7 de agosto, os investidores devem ainda ficar atentos aos anúncios de proventos. Esperamos R$ 1,00 por ação em dividendos regulares, um rendimento de 3,1%”, argumenta Ilan Arbetman, que assina o relatório da Ativa.
Resumo sobre o que fazer com as ações da Petrobras
O relatório de produção e vendas da Petrobras no 2T25 foi positivo?
O número ficou dentro do esperado, mas o crescimento na produção foi um fator bem destacado pelo mercado.
Quando a Petrobras deve pagar em dividendos no 2T25?
Os analistas estimam cerca de US$ 2 bilhões em dividendos, com rendimento entre 2% e 3% do valor de mercado da estatal.
Vale a pena investir em PETR4 agora?
Os analistas se dividem, pois o preço do petróleo mais baixo pode ser uma pedra no caminho da empresa. Ainda assim, há uma ala que projeta um rendimento em dividendos de até 15% nos próximos 12 meses, justificando a compra para Petrobras (PETR4).