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Efeito Copom: dólar despenca 1% após unanimidade na decisão monetária

No início da manhã de hoje, a moeda americana tinha queda de 1%, cotada a R$ 5,38 depois de ser negociada a R$ 5,48 na véspera

Efeito Copom: dólar despenca 1% após unanimidade na decisão monetária
(Foto: Envato Elements)
  • O dólar iniciou o pregão desta quinta-feira (20), às 09h, com uma queda expressiva de 1%, cotado a R$ 5,38
  • O movimento reflete a reação positiva do mercado ao comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), que na noite desta quarta-feira (19) optou por manter a taxa Selic no patamar de 10,50% ao ano
  • Mais do que a decisão em si, a unanimidade na votação dos 9 membros do grupo monetário é que chama a atenção

O dólar hoje iniciou o pregão, às 9h, com uma queda expressiva de 1%, cotado a R$ 5,38. O movimento desta quinta-feira (20) reflete a reação positiva do mercado ao comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), que na noite desta quarta-feira (19) optou por manter a taxa Selic no patamar de 10,50% ao ano. Mais do que a decisão em si, a unanimidade na votação dos 9 membros do grupo monetário é que chama a atenção.

Em maio, na reunião anterior do Copom, a votação ficou dividida. Cinco diretores votaram por uma redução de 0,25 ponto percentual nos juros, enquanto quatro defenderam um corte de 0,50 p.p. Desde então, um suposto “racha” político entre os dirigentes ajudou a elevar as incertezas do mercado.

Saiba mais: Para onde vão o Ibovespa e o dólar após a decisão do Copom?

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Desta vez, os 9 diretores chegaram a um consenso: com a desancoragem das expectativas de inflação, não havia espaço para dar continuidade ao ciclo de afrouxamento monetário. “Acredito que isso foi muito importante para reforçar que as decisões foram tomadas de forma técnica e não com interferência política e assim eliminar qualquer dúvida sobre a credibilidade da política monetária”, destaca Marcelo Bolzan, CGA, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital.

Com a decisão e um comunicado mais duro, defendendo cautela para as próximas decisões, parte dos temores que ajudaram o câmbio a disparar nos últimos dias se amenizam. Ao menos, no curto prazo. “O mercado recebe bem a decisão e o comunicado. Nesta quinta-feira devemos observar queda no dólar e nos juros futuros, enquanto que a Bolsa deve abrir em alta refletindo maior otimismo com a política monetária”, diz Bolzan.

Como mostramos aqui, ao longo da quarta-feira, enquanto investidores aguardavam o fim da reunião do Copom, a moeda americana chegou a bater os R$ 5,48. É o maior patamar desde o início do novo governo Lula, em janeiro de 2023.

Para onde vai o Ibovespa e o dólar pós Copom

A decisão desta quarta-feira já era esperada pelo mercado, tendo em vista a piora do risco fiscal nas últimas semanas. A indefinição sobre a trajetória dos juros nos Estados Unidos, com o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) ainda resistente para dar início ao ciclo de quedas, também minou o ambiente doméstico. Com esse novo cenário econômico, as corretoras e casas de investimentos se viram obrigadas a ajustarem as suas estimativas do Ibovespa e o dólar para o fim de 2024.

Agora, as chances de a moeda norte-americana encerrar o ano abaixo de R$ 5 ficaram ainda mais distantes. A maioria estima um câmbio entre R$ 5 e R$ 5,30, uma projeção em linha com a versão mais recente do boletim Focus. A estimativa atual é de R$ 5,13; no fim de abril, era de R$ 5 e de R$ 4,92 em janeiro.

Os agentes do mercado também minaram a confiança em relação ao Ibovespa. Na virada de 2023 para 2024, enquanto a Bolsa passava por um rali, havia quem projetasse que o índice brasileiro alcançaria os 170 mil pontos em dezembro – uma realidade que parece cada vez mais distante.

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Como mostramos nesta reportagem, agora, as projeções variam entre 135 mil a 150 mil pontos.

O que esperar do câmbio no restante de 2024?

As projeções do mercado para o câmbio ao final de 2024 começaram a ser revisadas. Em janeiro, a expectativa era de que o dólar fechasse o ano na casa dos R$ 5, mas a tese tem cada vez menos respaldo no mercado. A última edição do Boletim Focus trouxe uma expectativa de R$ 5,13.

O Itaú BBA, por exemplo, elevou nas últimas semanas a sua projeção para o dólar para R$ 5,15 em dezembro. “A nossa expectativa de um dólar forte para frente somada ao ambiente doméstico desafiador nos fez revisar recentemente [a previsão] para R$ 5,15 por dólar (antes R$ 5,00) em 2024 e R$ 5,25 por dólar (de R$ 5,20) em 2025 e a Selic terminal para 10,25 (de 9,75)”, menciona relatório.

E o banco não foi o único. A valorização obrigou alguns analistas a revisarem as suas projeções do câmbio para o fim de 2024. Nesta outra reportagem, mostramos o que as corretoras de investimento esperam do futuro do câmbio.

A Ativa Investimentos tinha até abril uma projeção de R$ 5,10 para o dólar em dezembro. Agora, a casa vê a moeda americana encerrar o ano a R$ 5,30. O C6 Bank tem a mesma projeção. Alguns analistas ainda não reajustaram as projeções, mas pretendem fazê-lo. A Ágora Investimentos, que tinha como cenário-base um dólar a R$ 5,10 ao final de 2024, já sinalizou que vai revisar o valor.

Quer saber como a disparada do dólar afeta a sua vida? Contamos com detalhes aqui.

Para Alexandre Viotto, head de banking e câmbio da EQI Investimentos, o patamar deve estar acima disso. “Bater R$ 5,50 é muito mais fácil do que voltar para R$ 4,80, e a moeda deve chegar a esse patamar no curto prazo”, diz.

Como a disparada do dólar afeta sua vida

O dólar afeta diretamente o preço dos produtos importados que o brasileiro compra no varejo no Brasil. Mas, além deles, o câmbio pode estar embutido em itens fabricados aqui. Insumos importados são comumente utilizados na indústria nacional, a exemplo dos fertilizantes no setor agrícola e de peças para montadoras de veículos.

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“O dólar é a moeda mais forte do mundo e é por meio dela que são negociada as principais commodities e os principais produtos do nosso dia a dia. Ou seja, uma alta do dólar faz com que a gente tenha produtos mais caros, que haja inflação”, comentou Victor Furtado Pinheiro, head de Alocação da W1 Capital.

A alta do dólar também pode afeta a política monetária. Em um momento de alta da moeda americana, a economia brasileira perde apelo para os investidores internacionais, disparando, assim, pressão inflacionária. Uma medida do Banco Central para segurar a inflação e atrair investidores é manter a taxa básica de juros da economia, a Selic, em patamar alto. Tal movimento busca reduzir a escalada de preços ao frear o consumo e atrair investidores com a oferta de retornos mais atraentes nos títulos públicos brasileiros.

*Com informações do Broadcast

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