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Renda fixa: acha IPCA + 6% pouco? Especialistas indicam o “dólar + 5%”

Especialistas veem renda fixa americana em momento único e elencam a melhor forma de se expor ao investimento

Renda fixa: acha IPCA + 6% pouco? Especialistas indicam o “dólar + 5%”
Especialistas veem renda fixa americana em momento único. (Foto: Envato)
O que este conteúdo fez por você?
  • Segundo analistas, não é só a renda fixa local que se encontra em uma boa janela de oportunidade
  • A renda fixa dos EUA está oferecendo retornos históricos, com a vantagem da exposição ao dólar
  • O investidor brasileiro consegue acessar esse mercado de três formas, ETFs, fundos de renda fixa e diretamente; veja qual é a preferida

A abertura da curva de juros brasileira vista nos últimos meses elevou o retorno dos títulos públicos a patamares bastante atrativos, e que não costumam ser vistos com muita frequência no mercado. O “IPCA + 6%”, negociado no Tesouro IPCA, é tido como um juros de crise, que só aparece em momentos de turbulência e que costuma ser uma ótima oportunidade de investimento dado o alto nível de retorno para um ativo de risco baixo. Por causa disso, a taxa parece ter se tornado o novo benchmark do momento.

Leia também: Como o “IPCA + 6%” pode encurtar o caminho até o primeiro R$ 1 milhão

Mas, segundo especialistas, não é só a renda fixa local que se encontra em uma boa janela de oportunidade. Lá fora, sobretudo nos Estados Unidos, os retornos oferecidos pelos títulos públicos também estão mais elevados do que a média histórica. O país vem desde 2022 em um ciclo de aperto monetário para tentar frear a maior inflação das últimas décadas; com isso, a taxa de juros americana está estacionada no patamar de 5,25% a 5,50% ao ano, o maior em 22 anos.

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Daí a excepcionalidade do momento. Um levantamento feito pela corretora Avenue, ao final de maio, mostra que o yield dos títulos de 10 anos dos EUA, as Treasuries, só esteve acima dos atuais 4,5% que são negociados em 1,5% do tempo nos últimos 15 anos. “Se no Brasil temos uma taxa de remuneração de títulos de renda fixa que se mostra interessante para muitos, nos EUA vemos um cenário oportunístico ímpar, considerando o histórico de taxas”, diz William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, em relatório.

Paula Zogbi, head de investimentos da Nomad, concorda que, ainda que o “IPCA + 6%” chame a atenção dos brasileiros, o momento atual parece mais oportuno para os Treasuries do que para os títulos nacionais. São taxas elevadas para um investimento que, por ser ligado ao governo dos Estados Unidos, a maior economia global, é conhecido como o ativo mais seguro no mundo.

“O rendimento atual das Treasuries de 10 anos, de 4%, é historicamente elevado considerando que são ativos ‘livres de risco’. Mas olhando para um prazo curto, estamos diante de um rendimento entre 5,1% a 5,4% nos títulos do tesouro americano para vencimentos entre 1 ano e 3 meses. É o equivalente a ‘dólar + 5%'”, destaca a head. “Vale lembrar que, em geral, rentabilidades mais elevadas são alcançadas quando abrimos mão de liquidez. E não é o caso atualmente.”

Diversificação em dólar

Para além do yield em si, o que chama a atenção na renda fixa americana é a possibilidade de ganhar os rendimentos em dólar. Além de ser uma moeda forte, a alocação internacional permite que o investidor diversifique a carteira, descorrelacionando parte dos investimentos do “risco Brasil”. Um ponto importante dado que a volta do IPCA + 6% indica, entre outros fatores, o receio do mercado para com a trajetória fiscal do País.

Mas não se trata de uma escolha única, de um ou de outro. Há espaço para a renda fixa local e a estrangeira na carteira. “O que queremos salientar é que o investidor pode diversificar e se aproveitar de taxas diferenciadas em contexto histórico em ambos os mercados, alocando parte do portfólio em títulos IPCA+ para proteção contra inflação e parte em ativos dolarizados para diversificação cambial, obviamente respeitando sempre seu perfil de investidor”, ressalta William Castro Alves, da Avenue.

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Mas faz sentido realizar essa alocação agora? Ao longo desta semana, a cotação do dólar voltou a disparar em meio a ruídos políticos e fiscais, que acentuaram a aversão a risco no mercado.

Isso fez a moeda americana ser negociada a R$ 5,43 ao longo da quarta-feira (12), o maior patamar desde janeiro de 2023. No acumulado de 2024, o dólar acumula uma valorização perto de 10% em relação ao real. E, como mostramos aqui, especialistas esperam que a moeda americana continue se fortalecendo frente ao real, ao menos no curto prazo.

A alta do câmbio, no entanto, não muda a visão para a diversificação internacional. O entendimento é que o investimento em dólar é mais eficiente se feito de forma estrutural e recorrente; no longo prazo, sai “mais caro” não ter uma parcela da carteira dolarizada do que montar essas posições em uma janela de cotação apreciada.

“Quando pensamos em investimento internacional, é muito mais sobre uma forma de diversificação, de atrelar parte do patrimônio em uma moeda forte e que vai te dar um leque muito grande de oportunidades, do que sobre a visão no curto prazo em relação ao câmbio, por exemplo”, explica Beto Saadia, economista e diretor de investimentos da Nomos.

Como investir no “dólar + 5%”?

O investidor brasileiro consegue acessar a renda fixa americana de três formas principais: comprando as Treasuries diretamente, em corretoras que operem no mercado internacional; via Exchange Traded Funds (ETFs) e por meio de fundos de renda fixa global.

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Quem optar pela primeira opção precisa estar ciente das particularidades do investimento. As Treasuries funcionam como os títulos de renda fixa prefixados, em que a rentabilidade é contratada no momento do investimento e será entregue para o investidor que segurar o título até o vencimento. O “risco” nesse caso é de oportunidade; ou seja, investir a uma determinada taxa, o cenário piorar e taxas maiores serem oferecidas no momento em que o investidor já “travou” o dinheiro. É possível encontrar ativos com vencimento entre 3 meses a 30 anos.

Nesse caso, o investidor precisa fazer uma remessa para o exterior por meio da corretora de sua escolha, operação sobre a qual é cobrada uma taxa operacional e o IOF. Também há incidência de uma alíquota de 15% sobre os rendimentos da renda fixa dos EUA, assim como todo em investimento no exterior.

“Para escolher o produto ideal para o seu caso, é importante se atentar ao prazo no qual você irá precisar desse dinheiro e às taxas praticadas. Como mencionado, atualmente, os títulos de curto prazo pagam taxas acima do longo prazo (curva invertida), mas as Treasuries de longo prazo podem se valorizar ao longo do tempo com os cortes nas taxas de juros para quem tiver interesse em negociar no mercado secundário (desde que de acordo com o seu perfil de investidor)”, destaca Paula Zogbi, da Nomad.

Mas essa não é a estratégia preferida dos especialistas. No geral, a forma mais simples do investidor brasileiro se expor a esse mercado é via ETFs de renda fixa global. Trata-se de fundos listados, que contam com gestão profissional para selecionar os títulos da carteira isso significa que o investidor não precisa selecionar os ativos e girar a carteira por conta própria, por exemplo. “É uma porta de entrada interessante e uma forma mais simples e mais democrática de investir nesses ativos, se beneficiando da liquidez da negociação em bolsa e permitindo valor de entrada mais baixo”, diz a head da Nomad.

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Essa também é a preferência de Beto Saadia, da Nomos. O diretor de investimentos da Nomos explica que, ainda que os fundos de renda fixa global também contem com a gestão ativa, nesse caso, os investidores ficariam limitados às opções disponibilizadas por cada corretora. “Uma conta aberta em uma plataforma internacional te permite acesso a um universo de toda a Bolsa americana e todos os ETFs que ela disponibiliza. Os custos do ETF listado também são mais baixos, então eu particularmente prefiro”, afirma Saadia. “É prático, principalmente para quem está começando.”