- Moeda dos EUA vem em alta nos últimos dias e chegou a romper a casa dos R$ 5,40
- As eleições já estão precificadas no mercado financeiro, seja Bolsonaro o vencedor ou seja o Lula
- Vale a pena olhar para o dólar sob a perspectiva do mercado financeiro internacional
A poucos dias das eleições, surgem dúvidas de como o resultado apresentado nas urnas poderá impactar o mercado financeiro brasileiro e o preço do dólar. A moeda norte-americana vem apresentando alta desde a última semana e nesta segunda-feira (26) chegou a romper a casa dos R$ 5,40.
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Com base nas pesquisas recentes, existe a possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ganhar o pleito em primeiro turno. No entanto, mesmo que haja segundo turno, o cenário mais provável é de uma disputa de Lula contra o presidente Jair Bolsonaro (PL), com vantagem para o petista.
Para Alison Correia, CEO da Top Gain, é importante ter cautela antes de decidir comprar dólar por conta das eleições, especialmente pela estabilidade do cenário eleitoral. “As eleições em si já estão precificadas pelos investidores no mercado financeiro, então seja Bolsonaro ou seja Lula os posicionamentos das grandes instituições já estão montados”, explica
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O executivo não aconselha comprar a moeda por conta das eleições, mas vale a pena olhar para o dólar sob a perspectiva do mercado financeiro internacional. “Essa desvalorização que estamos vendo das principais moedas, como libra, euro, iene e yuan, em relação ao dólar não tem a ver com as eleições brasileiras. Naturalmente, o mundo se desvaloriza e o real também está se desvalorizando.”
Correia alerta, ainda, para decisões tomadas na base da emoção. “Muitos investidores iniciantes caem na euforia dos últimos movimentos que vêm acontecendo na moeda, acabam se posicionado por uma notícia que vai sair amanhã e depois pagam o pato”, diz.
Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management, reforça esse posicionamento. “Comprar dólar agora é um tanto quanto arriscado, pois o mercado já tem precificado o risco fiscal, que são as eleições”, afirma. Ele também aponta para as altas no preço da moeda norte-americana nos últimos dias como justificativa para o investidor não arriscar na esperança de que a divisa vai subir muito mais. “Comprar agora, na última semana, acaba sendo um risco bem maior por parte do investidor. O movimento já passou.”
Segundo Antonio Marcos Samad Júnior, CEO da mesa proprietária Axia Investing, projeções mais otimistas de economistas e especialistas de mercado preveem que o dólar encerrará o ano valendo entre R$ 4,75 e R$ 5,10. Para ele, a indicação de compra só vale caso a moeda caia a menos de R$ 5. “Se isso acontecer, pode ser uma boa opção para encarteirar um pouco da moeda norte-americana.”
“Considerando as variáveis do momento, acredito que a oscilação em favor da moeda dos Estados Unidos deve ficar entre R$ 5 e R$ 5,50”, completa. E mesmo que haja uma alta no preço do dólar, Samad explica que a eleição seria apenas um único fator a ser considerado já que o cenário internacional também terá impacto na desvalorização do real.
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“Existe a possibilidade de o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) subir a taxa básica de juros por lá para conter a alta inflacionária. Todos sabemos qual o impacto dessa decisão. O dólar foge de mercados de maior risco, como é o caso do Brasil, em direção à segurança norte-americana, que passa a remunerar um pouco mais. Menos do que aqui, sem dúvidas, mas com muito mais segurança. E essa fuga de moeda estadunidense de nosso mercado contribui para o dólar subir, já que ele se torna mais escasso.”